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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 544 (08/09/2002)

Perigo Informal

Além de ter que enfrentar os desafios constantes da economia e da competição mundial, empresas brasileiras tradicionais e conceituadas em seus ramos de atuação ganharam agora novo inimigo. Trata-se do negócio informal, que ignora a tributação e a prestação de contas para poder produzir e comercializar produtos a um custo inferior, conquistando, assim, uma fatia cada vez maior do mercado consumidor. Com a intenção clara de tirar clientes das organizações que funcionam dentro da legalidade e de acordo com as normas éticas de conduta empresarial, esse tipo de comportamento vem intensificando-se, chegando mesmo a representar um perigo para diversos segmentos industriais. Um deles é o setor produtivo de Fios e Cabos Elétricos. Em depoimento exclusivo, Adhemar Camardella Sant’Anna, diretor da IPCE Fios e Cabos Elétricos, fala sobre esse e outros problemas que afligem o empresário nacional na sua luta diária pela sobrevivência em tempos de crise violenta e de tantas incertezas com relação ao futuro da estabilidade econômica e da chegada da Alca para o País.

ABISMO
"Como o mercado está recessivo, muitas empresas de menor porte partiram para a informalidade com o intuito de alavancar as vendas. Com isso, aqueles que trabalham dentro da lei acabam ficando defasados em termos de competitividade. As organizações mais estruturadas estão sofrendo com essa concorrência forte do mercado informal que já compromete cerca de 50% das vendas no nosso setor e vem crescendo 0,5% ao mês. Isso é gravíssimo, porque esses empresários não têm consciência de que as vendas caíram como um todo e buscam manter a mesma fatia de mercado, oferecendo produtos mais baratos e sem nota fiscal, talvez até roubados, tendo em vista os assaltos ocorridos recentemente nas fábricas da Eluma e Pirelli. Dessa forma, geram um rodamoinho que puxa o setor inteiro e prejudica a sociedade com a sonegação de impostos. Se esse tipo de prática continuar expandindo-se, dentro de pouco tempo as indústrias que não entrarem na informalidade irão afundar e fechar as portas, pois nunca conseguirão baixar os seus custos na mesma proporção daquelas que infringem normas legais de produção e comercialização. Isso significa um abismo do qual estamos cada vez mais próximos."

RECESSÃO
"Hoje, a lucratividade está estreitando-se em razão da globalização da economia. Por isso, é preciso ser muito produtivo e trabalhar o dobro para ganhar a metade do que se podia ganhar antigamente. O que está acontecendo com a indústria, especialmente no nosso segmento, é que estamos com uma produção acima da demanda, uma vez que a construção civil foi freada demais por causa dos juros e dos financiamentos altos. Com a caída do mercado, dispensamos dois turnos de pessoas que estavam qualificadas por terem recebido um treinamento intenso. Isso se traduz numa perda financeira enorme não só pelas indenizações que tiveram que ser pagas aos funcionários mas também pela perda do investimento em uma mão-de-obra que não sabemos se vamos conseguir ter de volta na hora de retomar o crescimento. Na certa, será preciso montar e treinar novos grupos de trabalho, o que acaba gerando um custo adicional para as empresas de forma geral e um período de tempo para a preparação e seleção dessas equipes."

ECONOMIA DE GUERRA
"Ao calcular o custo de qualquer item referente ao seu processo produtivo, uma indústria precisa analisar todos os aspectos e os detalhes que influem desde a matéria-prima até o produto final. O empresário que se acomodar nesse sentido quebra, porque ele precisa estar atento a tudo aquilo que diz respeito ao seu negócio, se atualizando e lendo jornais e revistas. A Alca representa uma ameaça a 90% dos segmentos industriais brasileiros, pois os Estados Unidos adotam medidas protecionistas para as suas empresas, enquanto nós não dispomos de financiamentos baratos para adequar e modernizar nossos parques industriais. Uma estratégia recomendável para lidar com esse problema e se defender dessa ameaça iminente seria, desde já, começar a prospectar empresas no mercado internacional, na busca de associações e fusões. Apesar das adversidades, continuamos investindo em tecnologia."


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