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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 563 (19/01/2003)

Esperança com Cautela

Quem acredita que 2003 será um ano extremamente favorável ao crescimento da economia brasileira deve rever seus conceitos e começar a se preparar para um período de grande austeridade. Não se trata de pessimismo, mas sim de compreender que não existe milagre, muito menos a curto prazo. Como em toda fase de transição, uma boa dose de cautela não faz mal a ninguém. É o que recomenda Alcides Amaral, ex-presidente do Citibank, consultor de empresas e atual diretor da A. Amaral Comunicação - e-mail: [email protected]. Em depoimento exclusivo, ele faz uma análise do cenário político e econômico do País, sustentando que o Brasil necessita consolidar e institucionalizar a responsabilidade fiscal que começou a ser implementada no governo FHC, com o objetivo de ter a sua credibilidade restaurada. Ele defende ainda a criação de uma política industrial, especialmente para os pequenos e médios empresários.

BALANÇO
"Nós tivemos uma crise seriíssima na Argentina, onde os bancos e os investidores perderam muito dinheiro, mais do que o capital que eles tinham. Por isso, estão todos assustados e não querem assumir mais riscos. Como nós, brasileiros, tinham um ano político pela frente, a atitude foi de conservadorismo. Vamos esperar pelo novo governo, pois ninguém sabe ao certo o que vai acontecer. Isso, obviamente, vem gerando um mal-estar muito grande e uma pressão no dólar, porque o fluxo diminuiu. Nós tivemos um ano atípico, uma vez que o Banco Central foi obrigado a aumentar a taxa de juros ao invés de reduzi-la, como era o plano deles. Neste ano, o Brasil andou de lado nesse cenário, quer dizer, a economia vai crescer muito pouco e as empresas estão sofrendo com isso. O ano de 2003 será um período de transição importante para o futuro do País, pois a grande interrogação que havia era sobre as possíveis medidas que seriam tomadas no dia em que assumisse um governo de esquerda propriamente dito, algo que nunca vivenciamos antes em nossa história."

CREDIBILIDADE
"É fundamental que, em 2003, o governo tenha uma postura de responsabilidade e que cumpra o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que é o x da questão. Cumprindo o acordo com o FMI, nós teremos mais de US$ 30 bilhões à disposição para as nossas necessidades. Tem que cumprir o acordo para que possamos adquirir a credibilidade necessária e, daí para frente, a partir de 2004, começar a crescer. Teremos um ano de prova, para o governo, de ajustes, de situação monetária apertada e de crescimento medíocre da economia. Os empresários têm que estar preparados para um período de alguns sacrifícios, o que significa olhar muito bem os seus custos, suas estratégias e estar preparados para essa fase de transição. Os de pequeno porte, especialmente, devem cortar despesas e depender o menos possível do crédito bancário, porque ele é muito caro e vai continuar assim, até que façamos com que a curva de juros comece a cair, e ela vem junto com a credibilidade e com o fluxo de capitais. Além disso, deve-se realinhar o negócio para tudo que tiver um viés exportador, porque essa vai ser uma área à qual o governo vai dar prioridade sempre."

ADMINISTRAÇÃO
"Para poder acompanhar o crescimento, será necessário focar nos fundamentos da empresa, além de procurar administrá-la empresarialmente. Esse negócio de administrar de pai para filho tem um limite, quer dizer, tem que buscar resultados, tem que administrar profissionalmente, estabelecendo metas de crescimento, observando o endividamento, fazendo com que o negócio cresça de maneira sustentável e menos dependente do crédito de terceiros, principalmente do crédito bancário. Se tiver crédito com os fornecedores a médio e longo prazos, é ótimo, esse é o caminho, pois normalmente é o dinheiro mais barato que existe. O principal entrave para o pequeno empresário é o crédito e também a falta de uma política governamental voltada para esse segmento que, infelizmente, está abandonado. Aliás, não temos política governamental voltada para nada em termos empresariais, essa é a grande realidade. Cada um faz o que pode, defende-se da maneira que consegue, porque não existe política industrial neste país."


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