Memória Sem-Vergonha
Para se tornar o tão sonhado País do futuro, o Brasil e as suas empresas precisam conscientizar-se da importância de aprender com os erros e os acertos do passado como cultura e educação empreendedora, servindo de inspiração no surgimento de novas oportunidades de negócio, geradoras de empregos e de contribuições sociais. Essa é a missão do Instituto da Memória Empresarial (Imemo) www.imemo.com.br, uma entidade criada para convocar, orientar e estimular as organizações empresariais a resgatar sua história, com o objetivo principal de consolidar a trajetória bem-sucedida de empreendedores e de empreendimentos que servem de modelo para as atuais e próximas gerações. Essa iniciativa tem como base o acervo coletivo publicado todas as semanas por esta coluna desde 1987 pela rede de jornais associados. Um exemplo de resgate nesse sentido foi feito pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que reconheceu em Carlos de Souza Nazareth, presidente da instituição durante a Revolução Constitucionalista de 1932, uma figura de destaque na demonstração da força do empresariado a serviço da Pátria e de suas conquistas em benefício da sociedade brasileira. Esse resgate histórico da ACSP será apresentado a seguir, tendo como fonte os documentos divulgados pela própria entidade, por meio do jornal Diário do Comércio.
FRENTE ÚNICA
"Cerca de um ano antes do início da Revolução Constitucionalista de 1932, a Associação Comercial de São Paulo já assumia a liderança da Frente Única que exigia a convocação imediata da Constituinte. Em uma carta enviada ao presidente Getúlio Vargas, a entidade reivindicava a volta urgente do País ao regime constitucionalista. O documento era assinado por membros da diretoria e por representantes do Conselho Consultivo, entre eles, Carlos de Souza Nazareth, um jovem empresário que, aos 33 anos, se tornou presidente da ACSP, projetando-se como líder do empresariado em um dos episódios mais difíceis pela busca da cidadania brasileira. Apesar de ter desempenhado um papel importante na Revolução de 24 e na crise de 29, foi no confronto armado de 32 que a entidade demonstrou sua capacidade de liderança a serviço de uma causa maior, reunindo representantes dos setores comercial, industrial e agrícola, juntamente com órgãos governamentais e privados engajados na luta pelo retorno ao regime constitucional."
MOBILIZAÇÃO GERAL
"No decorrer dos três meses que marcaram o ápice da revolução, a ACSP buscou assegurar a normalidade possível ao cotidiano da população, prestando assistência, mas sem deixar de lado a participação ativa em prol do ideal constitucionalista, divulgando comunicados, manifestos e discursos. Carlos Nazareth foi às rádios para pedir aos donos do comércio e da indústria da época que mantivessem os preços, que administrassem os estoques e que garantissem os empregos dos funcionários alistados como combatentes. Sob o comando da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), as fábricas paulistas adaptaram seu maquinário para transformá-lo em produtores de equipamentos bélicos, enquanto os bancos disponibilizaram ao Tesouro paulista as reservas mantidas no Banco do Brasil."
RECONHECIMENTO
"Apesar de derrotado nos campos de batalha pelas tropas federais, o levante obteve a vitória política, que viria dois anos depois com a promulgação democrática da Constituição de 1934. Na companhia de outros aliados revolucionários, Carlos Nazareth foi deportado para Portugal, de onde voltou anistiado pela nova Constituinte. Com a finalidade de demonstrar o reconhecimento da sua coragem e da sua participação durante o Movimento Constitucionalista de 1932, a ACSP instituiu, em agosto de 2003, o Colar Carlos de Souza Nazareth, como um tributo ao engajamento do seu ex-presidente pelo restabelecimento da lei e do Estado de Direito. Confeccionada com uma cruz de Malta perfilada de ouro, a honraria é entregue nas comemorações do dia 9 de julho, a personalidades ou a entidades dignas de visibilidade pública pela atuação em termos de cidadania. Acompanham a efígie do empresário ativista uma roseta, uma barreta e um diploma."
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