Gestão que vai a Campo
A vocação para o agronegócio no Brasil costumava estar associada à abundância de solos agricultáveis e às condições climáticas que favorecem o cultivo e a criação de animais durante o ano inteiro. No entanto, somente esses fatores não bastam para garantir aos produtores rurais um lugar ao sol. O tempo dos fazendeiros que apenas administravam de longe as terras herdadas já faz parte do passado. Promovidos a empresários rurais, esses produtores necessitam muito mais do que a boa vontade da natureza para sobreviver no mundo competitivo dos negócios que vêm do campo. Hoje, tornou-se fundamental saber gerenciar com eficiência, participar de fóruns e de congressos e aprender a investir em tecnologia, em genética, na formulação das rações e no treinamento de equipes para a aplicação dessas técnicas. Quem alerta que o produtor rural não pode mais ficar fechado no seu mundo, observando a evolução do seu segmento apenas pela Internet, é Mario Sergio Cutait, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) - www.sindiracoes.org.br. Em depoimento exclusivo, com o apoio do Portal do Fazendeiro (www.fazendeiro.com.br), ele destaca com muita clareza a importância de o empresário do campo estar a par de todos os avanços disponíveis no mercado, além de participar da política, fazendo parte de entidades de classe que discutem e definem o futuro do agronegócio.
CRESCIMENTO "A ração brasileira está sendo exportada e o setor está crescendo em tamanho de mercado e de produção, com investimentos em tecnologia, tanto na formulação, quanto no uso de novos insumos, incluindo a implementação de Sistemas da Qualidade. Nesse contexto, palavras como rastreabilidade, boas práticas de fabricação e ISO 9000 passaram a fazer parte do cotidiano do produtor rural. O Brasil é hoje o terceiro maior produtor de ração do mundo, depois dos EUA e da China, e nós não ficamos devendo nada aos americanos, aos chineses ou aos europeus em termos de qualidade, eficiência e produtividade. Toda a cadeia de proteína animal, abrangendo frango, peixe, camarão, cavalo, boi de leite e de corte, consome ração. Até mesmo a criação extensiva do boi verde, criado no pasto, consome um suplemento mineral que é produzido pelos nossos associados. Vamos fechar 2005 com a produção de 47 milhões de toneladas de ração animal, o que representa 9 bilhões de dólares, equivalente a 1,5% do PIB brasileiro."
MARKETING
"Hoje, o produtor rural tem que ser um empresário que agrega tecnologia e comunicação como ferramentas para administrar o seu negócio, incluindo a cadeia de ofertas e de mão de obra. Além disso, é preciso ter marketing na fazenda também, algo que quase não vemos nesse segmento, mas tem que fazer parte da estratégia empresarial. Quando se fala em bovinos, suínos e aves, existem milhares de produtores no Brasil, mas, atualmente, mesmo para quem cria e está vendendo commodities, se é empregada uma tecnologia diferente, isso agrega valor à marca. Tem que investir em si mesmo para passar de um simples fazendeiro a um empresário rural. A importância desse produtor é tão grande que o Ministério da Agricultura está em consulta pública para colocar em vigor uma legislação nova chamada Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa), que vai enquadrar o produtor rural nas mesmas leis de uma indústria, do ponto de vista legal e do controle para a rastreabilidade dos produtos, principalmente no caso das exportações."
MISSÃO "Quando o Brasil vai a fóruns internacionais, o Sindirações está sempre presente, trabalhando em conjunto com o Ministério da Agricultura, interagindo nessas reuniões como outras entidades do agronegócio. Existe uma interdependência muito grande nesse setor e fazemos isto aqui no Brasil também. A nossa missão é discutir, propor e atualizar a legislação, além de ministrar cursos para disseminar boas práticas de fabricação para tentar homogeneizar sistemas de qualidade. Consideramos o empreendedor rural, desde o pequeno aos grandes proprietários, incluindo as indústrias de insumos, verdadeiros heróis. Nós temos coragem, assumimos dívidas, riscos climáticos e sanitários, confiamos no apoio financeiro do governo que, algumas vezes não vem, e, ainda assim, crescemos. O Sindirações tem como associados desde o pequeno até o maior produtor de ração. Estamos à disposição para identificar problemas e verificar se podemos fazer parte da solução. Caso contrário, encaminhamos aos órgãos do governo."
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