Produto com Identidade
Quem não tem medo de imprimir a própria personalidade na criação de produtos que satisfazem os anseios dos consumidores certamente vencerá todas as crises que podem abalar a sobrevivência de uma empresa. Saber captar a essência desse desejo por novidades e transformá-la em uma fonte permanente de criatividade também é outro fator fundamental para fazer com que uma marca seja mais forte do que o tempo e as pressões do mercado. Essas características resumem a trajetória empresarial de Clarice Borian, diretora da Brazoo www.brazoo.com.br , uma empresa de confecção que nasceu da inspiração dessa paranaense que encontrou no Bom Retiro o local para desenvolver seus talentos pessoais e profissionais. Mesmo sem entender de costura, ela percebeu o valor do artesanato e da riqueza da cultura brasileira e conseguiu traduzir esses elementos na produção de peças diferenciadas que recebem acabamento artesanal com técnicas de pintura em tecido, tricô, aplicações e bordados que beneficiam uma comunidade de artesãs com geração de renda. Em depoimento exclusivo, ela conta como construiu a identidade do seu negócio por meio da capacidade inata para criar, inovar e recomeçar.
SIGNIFICADO
"A Brazoo é uma empresa de pequeno porte que nasceu em 1997, com o intuito de fazer um produto diferenciado para as pessoas que também estão buscando algo que tenha mais significado, essa é a palavra-chave. Fazemos um produto que questiona, que trabalha a identidade pessoal brincando, por meio de um lado lúdico muito forte, colorido e divertido. Apesar de estarmos dentro do segmento de confecção, não fazemos moda de passarela, ou seja, caminhamos numa trilha alternativa de produzir roupas que não seguem uma tendência, e sim procuram despertar o cliente para o estilo individual, para que a pessoa possa trabalhar um pouco a própria história, a própria identidade, e se comunicar a partir disso, sem acompanhar uma seqüência de vestuário que normalmente é ditada pelo mercado da moda. Acreditamos que a diversidade é muito positiva e incentivamos essa busca."
VALOR AGREGADO
"Como estudei antropologia, tive a oportunidade de viajar bastante pelo Brasil, de conhecer a questão do índio, do sertão e do litoral. A partir dessa experiência, eu sentia que o brasileiro valoriza muito pouco a nossa identidade. Felizmente vivemos agora um momento de nos respeitarmos mais. Isso há dez anos não existia, falava-se muito pouco do artesanato e da cultura popular brasileira, o design era sempre importado e não tínhamos um produto com a cara do Brasil. Foi então que eu decidi investir nesse aspecto da cultura popular, criando um produto que fosse alegre, colorido, que remetesse um pouco a esse lado artesanal, com detalhes que lembravam a época da avó, mas sem perder também aquilo que temos de moderno e funcional. Comecei com cangas e moda praia e depois fui diversificando. Já que eu ia trabalhar com artesanato, decidi beneficiar pessoas que não estão no mercado convencional, porque não têm como disputar uma vaga. Dessa idéia, surgiu uma comunidade de artesãs que pintam, fazem tricô, crochê, aplicações e bordados e estão descobrindo o seu potencial."
PRESENTE
"Estamos estudando a possibilidade de fazer uma parceria com uma pessoa que vai cuidar da área comercial da empresa, pois estamos nos recuperando de uma crise séria na área financeira da empresa. O produto ficou mais urbano, abrimos uma loja em um shopping center e comecei a estudar novas formas de gestão. O produto sempre existiu para o nosso cliente, e o motivo de a Brazoo existir sempre foi respeitá-lo e dar aquilo que ele busca. O produto sempre vai com uma brincadeira. É como se fosse um presente único para a alma do consumidor. Se há um motivo para existir e se o mundo está precisando disso, não importa o tamanho da crise que venha, essa é a reflexão fundamental. Estamos vendendo para a Grécia, para Barcelona, para Paris, e, no Brasil, chegamos até Marabá, Belém, Rondonópolis, sem nenhum esforço de divulgação. Isso vem naturalmente, pois, se o trabalho é feito com verdade e com respeito, o mercado reconhece, o mundo reconhece, não importa o tamanho da sua ação, o que importa é a qualidade."
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