Sucessão sem Conflitos
Quando se pensa em sucessão familiar, a primeira preocupação que surge é como administrar os interesses de todos os membros da família que pretendem assumir o mesmo negócio. No entanto, esse modelo tradicional pode ser substituído por um planejamento mais moderno, que priorize as vocações pessoais e capacite a empresa a gerar outras menores, às vezes em outras áreas, para que cada um possa exercer a sua função empreendedora de maneira independente. Quem sugere essa idéia, copiada do próprio sogro, é Arnaldo José Pavan Brisighello, fundador e diretor da Brastec Cerâmica Ltda www.rusticobrastec.com.br. Natural de Mococa, ele se formou em engenharia em São Paulo, onde chegou a ocupar altos postos em multinacionais. No entanto, após o seu casamento, veio o sonho de voltar para o interior, e a cidade escolhida foi Tambaú, para trabalhar com a produção de cerâmica, aproveitando a experiência e a tradição da família de sua esposa nesse ramo. Depois de quinze anos de atividade, a Brastec foi a vencedora da primeira edição do Prêmio Superação Empresarial, promovido pelo Sebrae-SP em parceria com a Fiesp e outras entidades. Em depoimento exclusivo, ele relata essa trajetória de muitos desafios, momentos decisivos e vitórias.
COMEÇO
"Nós aceitamos o desafio de ir morar numa cidade com 20 mil habitantes, cuja única atividade é cerâmica, tendo o meu sogro como ceramista respeitado na região. Quando chegamos a Tambaú, começamos a trabalhar em um projeto que ele havia desenvolvido para separar os negócios e não ter a interferência dos filhos e dos genros todos juntos na empresa. Por isso, ele teve a idéia de criar um ramo de cerâmica para os filhos, e nós, no início, éramos sócios. Montamos uma olaria de tijolos e telhas e começamos com cinco pessoas. Só que, ao longo dos três primeiros anos, eu era o gerente, tomando sempre a frente. Nós pesquisamos as olarias e montamos a nossa de maneira mais moderna. Para mim, era um mundo completamente diferente, e foi essa a oportunidade eu tive de iniciar a carreira empresarial, de pegar um pavilhão, um forno, um maquinário velho e o nome de uma empresa, sugerido pelo meu sogro, que eu acabei transformando em uma marca registrada."
ATITUDE
"Passaram-se três anos com esses cinco sócios, e não tínhamos nenhum resultado financeiro positivo. Eu tive muitos conflitos comigo mesmo nesse período, e foi aí que tomei uma atitude que foi a grande virada. Se eu puder transmitir minha experiência para aqueles que desejam montar um negócio, é colocar o coração, a dedicação, a capacidade de bom-senso somada à vontade, sem deixar de estudar, de adquirir conhecimento do assunto. Somente dessa forma é possível sobressair em qualquer área de atividade. No momento em que tomei a atitude de tocar o negócio sozinho, escutei meu sogro dizendo que seria difícil e que olaria não dava dinheiro, mas bati o pé e propus dois anos de arrendamento. Como ele tinha visto que não havia interesse por parte dos outros, separou o negócio e fez uma doação do que já estava sendo utilizado. Foi aí que eu agarrei o negócio, peguei empréstimos com bancos, com familiares e até com agiotas. Deu um frio na barriga, mas eu nunca tive medo do resultado, pois creio que, trabalhando com bom-senso e honestidade, o risco sempre vale a pena."
PREMIAÇÃO
"Eu atuo ainda como diretor-presidente da Cooperativa de Crédito de Tambaú, que está ligada ao sistema bancário. Como empreendedor vi por que o sistema bancário é o top de linha em ganhos financeiros. A ferramenta principal deles é a instantaneidade dos resultados pela informática. Por isso, há três anos, trouxe um profissional de informática da área de cerâmica para trabalhar e, junto com as capacitações do Sebrae por meio do Empretec, montamos uma planilha informatizada de dados gerais da empresa, que nos dá grandes oportunidades de tomada de decisão no dia-a-dia. O prêmio do Sebrae-SP representou um aumento muito grande de responsabilidade, pois, a partir do momento em que se é premiado por uma conquista, passa a existir um comprometimento geral. Temos agora o compromisso de certificar os nossos produtos daqui para a frente, porque a Brastec virou um modelo, uma referência regional."
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