No compasso do futuro
A história de todo negócio tem passado, presente e futuro. Geralmente, esse último está sempre relacionado ao potencial de crescimento de uma empresa, aliado às inovações de cada setor em termos de capacitação empreendedora. Enquanto a maioria dos dirigentes empresariais trabalha para garantir a sobrevivência diária, existem aqueles que incorporaram a espera por novos tempos e conseguiram visualizar a sua estrutura corporativa aonde ela poderia ter chegado, sem abrir mão de querer ir mais longe. Esse é o exemplo dado pelo economista Paulo César Chacur, fundador e diretor da Escalena www.escalena.com.br , especializada em sistemas de controle e comércio eletrônico. Para isso, ele teve que passar por uma série de etapas e encarar desafios inusitados, como o estouro da bolha da Internet no começo desta década, que levou muitas das iniciativas da nova economia à exclusão. Filho e neto de grandes empresários da área têxtil, na qual atuou no começo da sua trajetória profissional, a atração pela informática e pela Internet, quando a rede ainda era uma novidade tecnológica, foi mais forte, tornando-o um dos pioneiros do e-commerce no Brasil. Com exclusividade e muita transparência, ele relata os altos e baixos dessa jornada estratégica a cada passo, destacando que a sua empresa já conquistou seu espaço no mercado.
CORDA BAMBA
"Em 1997, quando surgiu a Internet no Brasil, comecei a fazer hospedagem de sites nos Estados Unidos somente com a ajuda de uma secretária. No ano seguinte, em um suplemento de uma revista de renome intitulado Manual de Sobrevivência na Web, com o nome UseWay, nós ficamos entre as treze melhores empresas e, dentro do período de um mês, passamos de 50 para quase 1.200 clientes. Em 2000, eu queria investir no e-commerce, pois tive a idéia sofisticada de montar uma comunidade empresarial dentro do site de um grande banco, no qual todas as empresas correntistas pudessem ter gratuitamente um portfólio eletrônico para localizar fornecedores com boas referências. Embora não tenha vingado, essa iniciativa abriu as portas do mercado para que eu procurasse grandes marcas e oferecesse o sistema de comércio eletrônico. Já conhecidos como Escalena, estava tudo acertado para que fizéssemos parte de uma grande instituição financeira quando as ações da Nasdaq despencaram e o negócio deu para trás."
SOLUÇÃO
"Minha primeira reação foi chorar e, depois, recomprar todas as ações da empresa por R$ 1 cada uma. Como todo dinheiro que eu havia ganho na venda dessas ações já havia retornado, tinha que administrar um custo de R$ 300 mil por mês e não tinha nem como virar o dia seguinte. Decidi então reunir a minha equipe para explicar o que estava acontecendo. Dispensamos quase todos, e restaram apenas dez pessoas que formavam o staff mínimo, que não durou um mês. Para refazer um sonho, o problema não é sonhar de novo, mas sim saber se aquilo que está sendo sonhando tem possibilidades de realização. Perdi tudo como pessoa física e jurídica e tive que sobreviver com essa angústia até 2006, quando deixei o e-commerce temporariamente de lado e comecei a correr pelos lados, oferecendo serviços de sistema de integração e controle de informações para grandes empresas. Nessa área, vi nova oportunidade de negócio. Nós havíamos encontrado uma saída e começamos a nos aperfeiçoar."
REFERÊNCIA
"Com a fusão dos líderes do segmento de e-commerce, os clientes antigos começaram a voltar. Hoje, a Escalena terceiriza esse serviço, e somos pioneiros nisso, servindo até como referência. Temos quase trinta servidores e cerca de cinquenta clientes grandes que exigem muito da minha equipe. Por isso, ela não pode ser temporária, pois tem que estar comprometida com os resultados. Para valorizar as pessoas, nós criamos um conselho e abrimos 20% do capital para os funcionários. Uma das nossas estratégias básicas consiste em ter esses profissionais engajados. A outra é armarmo-nos de controles de sistemas que possam precisar as operações corporativas dos nossos clientes por meio de demonstrativos e planilhas de custos transparentes que fazem toda a diferença para o departamento financeiro deles, incluindo todos os fatores que interferem no processo produtivo e na logística de distribuição."
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