Resgate da força interior
Por mais sofisticados que sejam os conhecimentos e as técnicas sobre gestão empresarial ao alcance daqueles que têm o empreendedorismo como objetivo nos dias de hoje, nada é capaz de apagar o brilho natural das iniciativas pioneiras de empresários que, no decorrer do século passado, aprenderam com determinação e muito bom senso a ouvir as necessidades dos consumidores de forma direta e a colocar isso em prática sempre com o foco no resultado. Graças a essas forças interiores, dons presentes em todas as pessoas e que precisam ser despertados antes de qualquer tipo de planejamento teórico, eles conseguiram superar os desafios e os obstáculos de montar e fazer prosperar o próprio negócio rumo à demanda por inovação do século XXI. Um exemplo perfeito nesse sentido é a trajetória de José Ascenção Dias de França, diretor- presidente da Indústria Ibirá (www.ibira.com.br), líder na fabricação de mangueiras de plástico para os mais diversos segmentos do mercado brasileiro, atendendo desde as empresas montadoras de eletrodomésticos e de veículos até o varejo, por meio dos atacadistas e de grandes redes revendedoras de utilidades domésticas em nível nacional. Em depoimento exclusivo, esse português, natural da Ilha da Madeira, que chegou ao Brasil no final dos anos 40, não esconde o otimismo e a segurança de pertencer a uma geração de empreendedores que não teme a palavra crise.
DEDICAÇÃO
"Como escutava falar bem do Brasil, logo que cheguei aqui comecei a trabalhar como garçom e depois como encarregado de almoxarifado de um grande hotel. Quatro anos depois, arregacei as mangas, montei um boteco no bairro do Tatuapé e fui vender pinga no balcão. Após atuar também como empreendedor nos segmentos de padaria e restaurante, em 1952 decidi comprar a Indústria de Plásticos Ibirá, que era muito pequena na época, pois possuía apenas uma máquina extrusora que produzia 30 quilos de plástico por dia. Fui ampliando e crescendo com o tempo, trabalhando dia e noite praticamente, com muita seriedade, honestidade e dedicação. Com muito bom senso, chegamos aonde estamos, com uma produção de cerca de 800 toneladas. Somos lideres de mercado e temos uma das maiores indústrias de mangueiras de plástico não só do Brasil, mas talvez do mundo todo."
CONHECIMENTO
"Toda a minha experiência foi sendo adquirida por meio de conversas com amigos e com profissionais da área química, que nos davam subsídios para que pudéssemos realizar experiências na prática. Com o decorrer do tempo, passamos a produzir a própria matéria-prima e, hoje, a Ibirá fabrica o seu próprio produto, ou seja, o plástico, e fazemos mangueiras para as mais diversas finalidades. Para entender bem o que estava fazendo, estive na Alemanha duas vezes em exposições de máquinas e aqui mesmo em São Paulo, em feiras especializadas para conhecer produtos que fomos desenvolvendo aos poucos, na medida da nossa capacidade, e procurando fazer melhor, porque não é preciso descobrir mais nada, e sim aperfeiçoar aquilo que já existe. Recentemente, importamos uma máquina italiana que nos permite produzir uma mangueira de até 20 polegadas, com uma tecnologia diferenciada única na América do Sul."
CONFIANÇA
"O mercado está aí, mas para penetrar nele é muito difícil. Somente com o tempo e com muita confiança é possível conquistá-lo de forma definitiva. Além da qualidade, procuramos melhorar o atendimento de maneira contínua, e esse caminho não tem fim. Por isso, temos um mix muito grande e variado. Enquanto oferecemos 2 mil itens, a concorrência dispõe de um terço disso, mas estamos focados no nosso produto. Se ficarmos mudando muito, não chegaremos a lugar nenhum. É preciso decidir o que fazer e, a partir daí, buscar a liderança. Hoje, detemos cerca de 60% do mercado de mangueiras e estamos montando a Fábrica Quatro, especialmente voltada para empresas fabricantes de eletrodomésticos. Pretendemos ainda fabricar kits prontos não só para esse segmento, mas também para montadoras automobilísticas que utilizam mangueiras de gasolina. Ponho fé em mim, acredito nisso e não tenho medo de nada. As crises vêm e devemos aprender a solucionar os problemas assim que eles aparecem."
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