Ampliar para consolidar
Vera Maria Miraglia Gabriel tomou a decisão de abdicar do sonho de formar-se em Direito e seguir carreira como promotora de Justiça para iniciar trajetória de empresária. Ela é um daqueles exemplos de herdeiros que abandonaram um projeto pessoal para atender às necessidades do processo de sucessão na empresa da família. Em 1986 ela começou a trabalhar na Dipel Derivados de Petróleo, cujo dono era o pai, Alfredo Miraglia, que lhe deu participação na sociedade. Hoje, ela preside a Carbono Química. - www.carbono.com.br -, também da família, que está comemorando trinta anos, como a segunda maior distribuidora de solvente do País, acumulando a gestão das duas empresas que operam na área de distribuição de derivados de petróleo. Em entrevista exclusiva, Vera Gabriel confessa que não se arrepende da decisão tomada, admitindo que veio a se apaixonar pela administração, porém mantendo vínculo com a antiga aspiração, ao aperfeiçoar-se, mais recentemente, em Direito Ambiental. Em sua opinião, não poderia fugir a essa “herança”, tendo um pai empreendedor nato, assinalando que a vocação empreendedora nasce com a pessoa, não existe curso que a ensine a ninguém, apenas pode e deve ser aperfeiçoada ao longo da trajetória.
SAINDO NA FRENTE
“A aquisição da Carbono em 1989 permitiu dar continuidade à ampliação, diversificação e consolidação do mercado, dentro do amplo segmento de distribuição de derivados de petróleo. Começamos na verdade a conquistar o mercado mediante o processo de recuperação e de tratamento do querosene. A oportunidade surgiu durante o Plano Collor, em 1990, quando conseguimos a autorização e principiamos a operar na distribuição. Posteriormente, verificamos que havia demanda de outros produtos. Então começamos a explorar segmentos que contribuíam para o atendimento do mercado, hoje fortemente diversificado, comercializando itens de bom valor agregado e que atendem à nova realidade. Atualmente, participamos e competimos com as grandes empresas do passado e prosseguimos, ampliando, diversificando e consolidando posição dentro do amplo segmento de distribuição de produtos químicos e inovando na produção de alguns itens. Passamos a investir bastante nesse tipo de substância e não só saímos na frente em alguns casos, como também conseguimos consolidar a distribuição, porque atuamos desde a produção”.
MEIO-AMBIENTE “Vimos sentindo a necessidade de reformulação de alguns solventes mais agressivos ao meio-ambiente, principalmente no segmento de couro e sapatos. São produtos que exportamos, mas que os compradores lá fora já não estão aceitando com certo tipo de tratamento químico. Devido à determinada circunstância tornei-me presidente do Sindicato de Solventes - Sindsolv, Sindicato Nacional de Derivados de Petróleo e Petroquímicos, e tive então condições de iniciar um movimento para a substituição desses solventes por outros ecologicamente menos agressivos. Durante eventos internacionais, pesquisando novidades, sentimos a necessidade de uma espécie de solvente “verde”, resultante da chamada ‘óleo-química’. Não é algo que ‘surgiu de repente’: resultou de maciços investimentos em intenso trabalho de desenvolvimento nos últimos três anos. Encontramos o parceiro certo, que dispõe da matéria-prima para a composição, e provavelmente o produto deve começar a ser comercializado neste início de 2010”.
BUSCA DA INOVAÇÃO
“Trata-se de substâncias que vão atender principalmente às necessidades do comércio exterior, em que somos incipientes, pois não temos artigos diferenciados, com tecnologia e inovação nossas. Próprios mesmo, só dispomos de secantes utilizados no setor de tintas, com formulação ecologicamente equilibrada e que estamos exportando agora para Argentina e brevemente também para o Paraguai. Mas, o que vamos começar mesmo, para valer, é com a ‘óleo-química’. O caminho é cada vez mais exigente em termos de legislação e de proteção ao meioambiente, porém temos tudo para obter sucesso na tarefa. Estaremos não só atendendo ao consumo interno, como também ganhando competitividade e fortalecendo a participação nos principais centros internacionais. Esse é o futuro que devemos aspirar para obter qualidade de vida e para tornar permanente o negócio”.
|