|
04/11/2025
Compliance no varejo virtual: mais do que obrigação, uma vantagem competitiva
Especialista alerta que a falta de políticas claras pode afetar reputação, relações de trabalho e resultados em plena temporada de Black Friday e Natal
Comprar e vender online se tornou rotina para milhões de brasileiros, mas nem todas as empresas estão preparadas para lidar com os riscos que vêm junto com essa nova forma de fazer negócio. Golpes, vazamento de dados, fornecedores irregulares e relações de trabalho frágeis estão entre os principais problemas que podem comprometer a reputação e o caixa de uma marca. É aí que entra o compliance — um conjunto de práticas que ajuda a empresa a agir de forma ética, transparente e dentro da lei.
Segundo a advogada Daniela Correa, especialista em Direito Empresarial com foco no setor varejista, o termo “compliance” ainda é visto com desconfiança por empresários de pequeno e médio porte. “Muitos acreditam que é algo só para multinacionais ou empresas de capital aberto, mas isso é um equívoco. Compliance é, na verdade, uma ferramenta de gestão que protege o negócio e melhora sua imagem diante do mercado”, explica.
Ela destaca que o conceito vai muito além de um manual de regras ou de um departamento interno. “Quando a empresa adota práticas de compliance, ela passa a ter processos mais claros — desde a contratação de fornecedores até o relacionamento com funcionários e clientes. Isso reduz riscos jurídicos, trabalhistas e reputacionais”, afirma Daniela.
No varejo virtual, essas práticas se tornam ainda mais urgentes. Com a chegada da Black Friday, do Natal e das liquidações de fim de ano, o volume de transações cresce exponencialmente, assim como os riscos. “Muitos marketplaces e importadoras internacionais operam com cadeias de suprimento complexas, o que exige atenção redobrada à origem dos produtos, às condições de trabalho dos fornecedores e à proteção dos dados dos consumidores”, alerta a advogada.
Além de evitar sanções legais, o compliance também funciona como diferencial competitivo. “Empresas que demonstram compromisso com a transparência conquistam mais confiança dos consumidores e atraem investidores. Hoje, a credibilidade é um ativo de mercado — e o compliance ajuda a construi-la”, diz Daniela.
Ela lembra ainda que a gestão ética também impacta o ambiente interno. “Políticas claras de conduta e de relacionamento com colaboradores ajudam a prevenir conflitos trabalhistas e fortalecem a cultura organizacional. No fim, é sobre cuidar das pessoas e do negócio ao mesmo tempo.”
Para a especialista, implementar um programa de compliance não precisa ser caro nem burocrático. “O primeiro passo é mapear os riscos da operação e criar procedimentos simples, mas consistentes. O importante é começar — mesmo que pequeno. A maturidade vem com o tempo, e o retorno é rápido, porque o mercado percebe quando uma empresa é séria”, conclui.
Sobre a especialista:
Daniela Correa é advogada especializada em Direito Empresarial - https://adcorrea.com.br/ |