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Autor:
Dorival Jesus Augusto
Qualificação: Presidente do Imemo - Instituto da Memória Empresarial (www.imemo.com.br)
E-mail: [email protected]
Data:
22/07/06
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Boas Idéias, sem Perda de Tempo

Virou consenso a idéia de não ficar atolado numa faixa de consumidores considerados “seguros”, com poder aquisitivo tido como ideal para a rentabilidade. Só que essa percepção demorou a se consolidar, apesar do exemplo notório de Samuel Klein, das Casas Bahia. Há décadas ele implantou no seu empreendimento esse conceito de trabalhar voltado preferencialmente para quem faz parte das classes C para baixo na escala social, como pode ser comprovado no seu depoimento para a Sala do Empresário, edição n. 675. Porque essa e outras lições desse mestre do empreendedorismo custou a se firmar no mercado?

Foi preciso que os anos escorressem por baixo da ponte do Tempo para que fosse ensinado pelas consultorias,e assumido pelos empresários, a prática de trabalhar focado no cliente (simpatia no atendimento, diz Klein) , além da agilidade nas decisões e rapidez na implementação de políticas de sobrevivência, como investir os lucros pesadamente na própria empresa. Klein foi mais fundo, adaptando-se à demanda e garantindo a distribuição do que vende. E adotou também uma idéia de vanguarda, o de vender sonhos e não apenas produtos, que hoje é lugar comum no marketing. Se todos esses conceitos fossem aceitos no momento em que demonstraram seu sucesso, teríamos ganho muitos anos de evolução nos negócios.

É possível que essas práticas que revolucionaram o varejo tenham sido consideradas supérfluas no momento em que vieram à tona. Uma excentricidade, talvez. Só depois que a rede das Casas Bahia ultrapassou o número de 400 lojas é que as estratégias de Klein foram abordadas com mais intensidade. Esse é um problema da formatação dos conceitos a partir da experiência empreendedora. Seguindo o exemplo do grande comerciante, não basta atentar para os novos fatos, é preciso transformá-los em produtos e serviços e garantir que eles façam uma trajetória rápida no universo empresarial. Não basta detectar o fenômeno, devemos trabalhar no sentido de puxar as idéias para dentro do balcão, fazer com que os pares se reconheçam no trabalho árduo de pagar imposto, gerar empregos e distribuir renda por meio da atividade nos negócios.

É preciso ver com os olhos livres o que os empresários estão criando para poder enfrentar essas tarefas duras. E não apenas entre os tradicionais, os que já comprovaram sua eficácia, mas o que despontam revelando caminhos que precisam ser conhecidos. E não só entre os empresários, mas entre seus colaboradores, que são os braços e fazem parte da cabeça dos empreendedores, pois nada acontece sem uma equipe. Como é o caso de Frederico Junqueira de Almeida, diretor da área comercial da Agroindustrial de Cogumelos , edição n. 397. Aparentemente, vender cogumelos é um desafio maior do que vender móveis ou utensílios domésticos. Mas, apesar da diferença de atividades e nichos, o objetivo é o mesmo: conseguir viabilizar o negócio com medidas práticas.

Em seu depoimento, Junqueira mostra como foi criada a estratégia da empresa, a partir da inovação, transformando uma atividade que era artesanal em industrial, e optando por uma gestão profissional no lugar da antiga estrutura familiar. No fundo, foi feito o mesmo do que nas Casas Bahia: a empresa foi atrás dos clientes e garantiu a distribuição dos produtos, em restaurantes e outros consumidores.

Esses dois exemplos traçam o perfil de um outro consenso: o de que não existem regras fixas para engessar os negócios, é preciso flexibilidade e ao mesmo tempo determinação e inovação para atender o mercado de maneira eficiente. Cada segmento encerra seus segredos, mas é preciso que eles se sintonizem com práticas eficazes que sirvam para todos os nichos. Nos trabalhos desenvolvidos pelo Imemo-Instituto da Memória Empresarial, (www.imemo.com.br), temos levantado toda espécie de decisão que contribua para um modelo flexível de gestão. É no front que as teorias mostram sua viabilidade. E é a partir das práticas que se devem formatar as teorias. Só assim poderemos queimar etapas para um desenvolvimento sustentável, pois a experiência bem sucedida é o apoio que falta a muitos empreendedores que começam, ou para aqueles que se vêem numa encruzilhada, sem saber que rumo tomar.

Um depoimento, centrado no que funciona, pode ajudar. Desde que haja sensibilidade e inteligência para entender o trabalho alheio como um estímulo para andar com as próprias pernas.

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