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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 553 (10/11/2002)

Passaporte para o Trabalho

A colocação no mercado profissional exige hoje muito mais do que um simples diploma universitário, mesmo sendo ele procedente de uma universidade altamente conceituada. A flexibilidade de funções necessárias ao desenvolvimento de uma carreira requer, desde cedo, a aquisição de uma série de habilidades, além do contato direto com o mundo empresarial. Isso é o que propõe o Centro de Integração Empresa Escola (CIEE), que, há quase quarenta anos, promove a interação entre estudantes dos ensinos médio e superior e o universos corporativo para colocação de estagiários nas empresas. Em depoimento exclusivo, Luiz Gonzaga Bertelli, presidente executivo da instituição - www.ciee.org.br - fala sobre a formação da entidade, que possui um dos melhores serviços de telemarketing do Brasil, enfatizando a importância do papel social da formação do jovem para o futuro das organizações e, conseqüentemente, da sociedade brasileira como um todo, comprometida com o aperfeiçoamento constante gerado pelo processo de globalização da economia.

PONTE
"O CIEE vai completar 39 anos de existência como uma iniciativa de um grupo de empresários e professores universitários, preocupados com uma realidade que não é muito diferente da de hoje, que é um verdadeiro divórcio entre o mundo do saber e o mundo do fazer. Em outros países, quando se cria uma instituição educacional, ela é proveniente de um esforço empresarial que deseja que seja instalada uma faculdade ou estabelecimento de ensino superior. Na América Latina, criamos primeiro a instituição de ensino e depois vamos verificar se há oportunidades de trabalho para os jovens e muitas vezes acabamos criando futuros profissionais para o desemprego, inclusive mestres e doutores. Quando os idealizadores do CIEE imaginaram a instituição, era no sentido de que nós fizéssemos esse grande papel de ligação, funcionando como uma ponte entre as universidades e as empresas."

ESTÁGIOS
"Entre outros programas, iniciamos o encaminhamento de estudantes para estágios e treinamentos nas empresas. Ainda não havia legislação na época que disciplinasse o estágio do estudante, sendo isso fruto do trabalho do CIEE. Foi criada a primeira legislação disciplinadora do estágio do estudante, depois regulamentada por um decreto federal, com todos os benefícios hoje concedidos a uma empresa que investe em educação e na formação dos jovens por intermédio de estágio e treinamento. A empresa que recebe estudantes para estágios está dispensada do recolhimento de encargos sociais e trabalhistas pela CLT sobre eles, que podem chegar a 102,3%, além de ter abatimentos no Imposto de Renda. O Fisco considera produtivos os investimentos feitos na educação para efeito de abatimento do recolhimento do Imposto de Renda. O piso em relação ao salário mínimo para um estudante de ensino superior está em torno de R$ 400 para quatro horas de estágio, variando de empresa para empresa."

DESAFIO
"Hoje, o CIEE é uma realidade, uma instituição que possui 210 unidades espalhadas pelo Brasil desde a região Amazônica até o Rio Grande do Sul. Já concedemos 3,5 milhões de bolsas-auxílio para jovens concluírem os seus cursos universitários. Conforme as pesquisas que fazemos regularmente, está comprovado que, se o estudante não fizesse estágio, ele não teria como concluir o seu curso universitário, porque quem procura estágio hoje é, em geral, o jovem carente. As empresas atualmente têm uma consciência social muito maior da questão do estágio, mas, por outro lado, a realidade brasileira mostra que 90% das nossas organizações são de pequeno e médio portes. O grande desafio dos tempos modernos do CIEE é fazer com que as pequenas e médias empresas nacionais sejam sensibilizadas em relação à necessidade de investir em educação e preparação dos jovens. Nós não somos uma instituição comercial e ajudamos até quando uma Fundação Getúlio Vargas quer criar o seu próprio departamento de estágio. Detemos 90% de todas as ofertas de estágio no Brasil e dispomos de um banco de dados de talentos com cerca de 600 mil nomes cadastrados, incluindo os mais diversos perfis profissionais."


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