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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 344 (08/11/1998)

Conversão Sem Alarde

Muito se fala sobre o chamado Bug do Milênio que, na linguagem dos computadores, significa que o ano 2000 simplesmente não existe para os sistemas de informática programados apenas com os últimos dois dígitos referentes ao ano. Em outras palavras, caso não seja feito o ajuste necessário, na virada do século os calendários eletrônicos voltarão ao ano de 1900. Apesar de se tratar apenas de uma questão estritamente técnica, a mídia sensacionalista vem explorando o tema de forma apocalíptica, alarmando parcelas da população com informações distorcidas, como o desaparecimento dos saldos bancários e a paralisação geral das máquinas comandadas por automação. Para completar o cenário, profissionais oportunistas, incluindo técnicos e consultores, pegam carona nessa onda de pânico, provocada por quem não entende do assunto, procurando lucrar em cima de procedimentos e orientações por vezes inadequados às pequenas e médias empresas. Mas até onde é preciso preocupar-se com esse problema? O professor Marcelo Schneck de Paula Pessoa - E-mail: [email protected], diretor da Fundação Vanzolini - Tel.: (11) 814-7366, em depoimento exclusivo, responde essa pergunta e esclarece outras dúvidas a respeito do assunto.

DISPLICÊNCIA
"Essa questão do Bug do Milênio reflete uma espécie de desleixo das pessoas que atuam na área de informática em não desenvolver seus sistemas com uma preocupação grande, centrada na manutenção e na qualidade. Os produtos de informática têm vida cada vez mais curta, todo mundo é pressionado e, para lançar dentro dos prazos, muitas vezes a qualidade é sacrificada. Com isso, os sistemas que dão suporte à operação das empresas, particularmente na área financeira, acabam sofrendo uma série de remendos. O problema reside no fato de que os sistemas, hoje em dia, estão muito interligados. No caso de uma pequena empresa estar conectada a um banco, por exemplo, esse programa que está residente no computador dela pode não estar preparado para receber dados com quatro dígitos. O problema técnico começa a avolumar-se por causa da quantidade de sistemas que existem e da falta de possibilidade de sincronização."

FÁCIL CORREÇÃO
"Todo e qualquer sistema de computação requer verificação nas empresas. E isso está gerando uma série de investimentos por parte das organizações. O impacto direto nas pequenas e médias eu acredito que não exista, por isso elas não precisam preocupar-se muito com essa questão, exceto quando já tenham uma base de informática de certo porte, com redes internas, comunicando-se com fornecedores e clientes. No caso de um sistema isolado, o máximo que pode acontecer é a impressão de uma data errada, o que pode ser corrigido facilmente na própria máquina. O problema está nas operações com datas.
Para resolver isso, é recomendável recorrer sempre a quem forneceu o programa, para verificar se ele já pode ser corrigido. Na maioria das vezes, os fornecedores possuem versões mais novas que resolvem a questão. O receio maior está no procedimento da mídia em explorar isso mais do que deveria. Trata-se de um problema técnico que deve ser enfrentado tecnicamente, sendo perfeitamente contornável. Da forma lastimável como o assunto está sendo divulgado, a versão do fato tende a criar problemas maiores do que o próprio fato."

PLANEJAMENTO
"Embora não haja razão para pânico diante das notícias veiculadas pela imprensa, tem muita empresa achando que esse problema não vai interferir na vida dela, deixando para tomar as medidas somente quando o fato acontecer. O importante é planejar com antecedência, o que é uma regra básica da engenharia. Que cada um verifique o seu sistema, porque tomar providências de última hora, em dezembro do ano que vem, aí, sim, é capaz de causar transtornos e criar problemas sérios para as próprias organizações e para a população. Existem empresas de informática especializadas em fazer essa conversão, que começa por um diagnóstico geral do equipamento, vindo, na seqüência, uma análise da abrangência dos sistemas com o objetivo de avaliar o impacto do bug no negócio. Isso tem que ser feito de forma sistemática, não se pode esquecer de nada. O interessante, também, seria fazer algum tipo de simulação na máquina, alterando a data no próprio sistema operacional, para ver o que acontece, criar um cliente fantasma com um nome bem evidente. É só tomar cuidado para não efetuar uma operação errada."


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