Buscar a Memória para Resolver o Presente
Costuma-se dizer, equivocadamente, que somos um país sem memória. Acontece que, por ser sempre política em todos os campos a que se refira - empresarial, nacional, pessoal, social ou político -, dificulta-se de todos os modos que ela seja evocada, mas é mantida deliberadamente escondida ou se perde na destruição de um número sem fim de documentos e lembranças. A memória é um dos referenciais básicos de identidade, elemento essencial para que os indivíduos, as empresas ou mesmo as nações se reconheçam e sejam reconhecidas pela sociedade. O passado também vem sendo valorizado pelos empresários como fator de importância para a identidade de suas empresas. A busca dessa memória e a "produção" da história constituem especialidades da K&R Historiadores Associados - www.mem.com.br - empresa criada há dez anos pelas historiadoras Marly Rodrigues e Celina Kuniyoshi, também museóloga. Segundo Marly Rodrigues, no depoimento exclusivo transcrito em seqüência, "a memória estabelece uma identidade que molda você mesmo, diante da sociedade, como cidadão conhecedor de seus compromissos e, conseqüentemente, das possibilidades de 'cobranças', daí suas recentes relações com o exercício da cidadania".
A PROCURA DA IDENTIDADE NO PASSADO
"Quando você conhece a própria história, como agiam e eticamente se posicionavam nossos antepassados, não podemos escapar à constatação de que 'sou produto disso', ou 'meu pai jamais admitiria isso', o que nos coloca em confronto com nossos atos e responsabilidades individuais e sociais. O mesmo acontece no plano da Nação, com os problemas sociais, com as chamadas 'minorias', que hoje reivindicam a sua história e com as empresas, que enfrentam o desafio de conhecer o seu passado. O conhecimento histórico é baseado na memória histórica, na qual se incluem documentos de todos os tipos, que são testemunhos do que foi vivido em um tempo, ou seja, da história que, diariamente, cada um de nós faz em conjunto e em relação com outros membros da sociedade. O historiador trabalha, criando uma representação escrita e iconográfica do passado, que passa a ser assumida como a 'história' do objeto de estudo."
AJUDANDO A CONSTRUIR O FUTURO
"O senso comum percebe a história e a memória como 'coisas do passado'. É um equívoco, pois, a partir das preocupações atuais, vamos buscar o passado e, por via de conseqüência, quando, por exemplo, uma empresa está procurando reformular sua identidade, voltando os olhos para o passado, ela pode reencontrar-se, deslanchar e reestruturar estratégias para o futuro. Embora venha crescendo o número das que percebem o valor da memória histórica, a maioria ainda vê seus papéis de modo pragmático, organizando-os apenas no arquivo corrente e no 'morto' para comprovação fiscal, contratual ou comercial. A carência dessa falta de critério histórico na política empresarial de guarda de documentos não é apenas questão de posicionamento, mas, também, resulta da inexistência de orientação, nesse sentido, dos currículos dos cursos de Administração. Deve-se, também, à deficiência dos cursos universitários de História, que continuam a formar profissionais apenas para o ensino e a produção acadêmica, sem atentar para a abertura de outros campos de atuação do historiador e de outras inserções da história e da memória na vida contemporânea."
DESDOBRAMENTOS IMPREVISÍVEIS
"A organização da memória e o registro da história trazem desdobramentos imprevisíveis para as empresas. No entanto, de maneira geral, o retorno básico e constante é o apoio às estratégias e às atividades gerenciais, bem como o aumento da identificação entre empregados e empresas. Quando começamos, não prevíamos, nem imaginávamos, as múltiplas utilizações de nosso trabalho, que foram sendo "descobertas" no decorrer do tempo. Os elementos da história empresarial também podem ser úteis para o trabalho de marketing, revisão de imagem, relançamento de produtos, replanejar rótulos, reprodução de peças antigas para brindes de fim de ano, cartões postais etc. Nosso trabalho, por isso, define-se a partir dos objetivos dos clientes, embora mantenhamos, também, um banco de projetos light voltados para uma memória social mais ampla, alguns já contando com o apoio da Lei Rouanet."
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