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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 168 (25/06/1995)

Um Economista Enfrenta o Mercado

Muitos empresários têm motivos de sobra para desconfiar dos economistas, que já inventaram de tudo: seqüestro da poupança, juros escorchantes, arrocho no consumo, sucateamento da produção, com os resultados já conhecidos. Para curar todo esse experimentalismo, que desemboca, invariavelmente, na recessão, só mesmo um pesado estágio na vida real, o mercado, longe da lucrativa vida virtual, a ciranda financeira.
Pois tem economista que está pegando o touro à unha. Francisco Carlos de Oliveira Castro, formado pela Faculdade São Luiz, em São Paulo, foi auditor e professor de economia e teve até um escritório de consultoria, mas hoje está envolvido até a medula no segmento de produtos de couro. Sua Serino Castro Ind. e Com. de Bolsas Ltda. - Tel.: (0146) 21-3046 -, fundada em Jaú por ele e sua mulher, a designer Leslie, é uma constante prova de fogo para quem precisa atender os consumidores de bolsas e calçados, adivinhando a estratégia do governo para não fechar.
A sorte é que ele participa de um dos Pólos de Modernização implantados pelo SEBRAE/SP em convênio, primeiro, com a USP e, agora, com a Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT) e Senai. O conceito articula concorrentes em redes horizontais de produção, substituindo a antiga postura de competição pela parceria consorciada, aumentando a eficiência geral, sem prejudicar o desempenho de ninguém. A seguir, Francisco conta como desenvolve seu trabalho em dois cenários distintos: um adverso, macroeconômico, e outro favorável, dentro da sua região.

SÓCIO AJUDA A EVOLUIR
"Fundamos a empresa porque verificamos um nicho, o de bolsas, que complementa o calçado feminino, que é a especialidade desta região. Unimos forças: a visão da moda por parte de minha mulher e a minha experiência na área administrativa e financeira. Criamos a marca Leslie Castro para as bolsas e, a partir deste ano, a Town's People para os calçados. Com vinte funcionários, mais esquemas de terceirização, produzimos 200 pares de calçados e entre 100 e 120 bolsas por dia.
Neste ano, decidimos trazer para nossa empresa um novo sócio, que é amigo nosso de infância e está dando apoio na área administrativa. Foi um salto muito grande, pois chega um determinado momento em que essa estratégia de assumir todas as atividades acaba prejudicando a evolução do empreendimento.
Hoje, Jaú tem suporte para o empresário que quiser receber o sapato na caixa, pronto. Mas isso demanda esforço, pois essa é uma atividade que possui muitos itens para se fechar todo o ciclo produtivo e a questão de materiais e de localização atrapalha de certa maneira. Então, nós fazemos uma opção parcial: só em determinados setores nós terceirizamos, a montagem final é toda feita aqui na fábrica."

A IMPORTÂNCIA DO PÓLO DE MODERNIZAÇÃO

"O Pólo de Modernização, que é uma idéia trazida da Itália, existe aqui há três anos e aglutinou a área intelectual, a industrial e as instituições como as universidades, o SEBRAE, o Senai e o Sindicato das Indústrias de Calçados de Jaú. Existem mais outros pólos no interior do estado, como o cerâmico de Itu, o de móveis de Votuporanga, o têxtil de Americana. A situação geral do nosso pólo está bem avançada. Inclusive, estamos fechando o ciclo final, pois cerca de quarenta empresas já foram beneficiadas com a consultoria de técnicos de alto nível, que introduziram muitas idéias de melhora nas áreas administrativa, financeira e de produção, além de ajudar a alavancar as vendas do setor.
Graças a esse projeto, fazemos cursos de reciclagem e temos treinamento para os funcionários, além de acesso a linhas de crédito, o que tem sido de grande valia para nós. Com o apoio de grandes empresas e de fornecedores, o pólo também está ajudando a implantar um laboratório técnico de ensaios e análises para testes de matérias-primas, como cola, solado, couro e outros materiais.
A partir do momento em que solicitamos uma análise de determinado produto, o laboratório tem condição, através de um convênio, de emitir um laudo, que tem peso internacional, porque ele atende as especificações exigidas no mercado externo. Ele, inclusive, poderá servir, em caso de demanda jurídica, como prova da qualidade da matéria-prima.

ATENÇÃO AOS CARTÉIS
"No momento atual, é muito difícil fazer qualquer planejamento de produção, mesmo a nível de Mercosul. Não temos preços competitivos, tanto nos insumos quanto na mão-de-obra. Perdemos no preço, não na qualidade e na capacidade de produção. Enquanto não houver uma definição do governo federal, não teremos condições de exportar. Nesse processo, quem tem menos poder é o pequeno empresário, que é discriminado na hora de comprar materiais. Incentivos fiscais são pequenos e, além disso, o couro importado alcança preço menor do que o vendido no mercado interno. É preciso um mínimo de equiparação.
Muitas empresas tradicionais estão fechando, abrindo um espaço para as empresas pequenas, que se adaptam mais facilmente às mudanças. Para isso, precisamos ter domínio da tecnologia, uma visão muito grande do mercado e agilidade na negociação. Procuramos acompanhar as medidas do governo, mas não existe segurança, pois há interferência de pessoas poderosas. Tentamos enxergar qual será a reação do lado negro do mercado, que são os lobbies e cartéis, para podermos definir nossa estratégia."


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