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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 247 (29/12/1996)

Como a Pequena Empresa Vence

Uma pequena empresa, com algumas máquinas e um pequeno número de empregados, ainda terá lugar, hoje, num mercado extremamente competitivo e incerto, dominado geralmente por indústrias de grande porte e alta tecnologia? A resposta é afirmativa se ela alicerçar-se num somatório de ousadia, criatividade, força de vontade, esforço pessoal e, sobretudo, ética, além, é claro, de técnica, qualidade e responsabilidade. É o caso da Dérig Indústria e Comércio de Ferramentas Ltda. - Tel.: (011) 826-7702 - empresa paulistana com cerca de oito anos, que fabrica ferramentas de vídea (chamado metal duro) para a indústria em geral.
Conforme relata, em depoimento exclusivo, seu proprietário Dario Avelino da Silva, que dispunha apenas de uma máquina, inicialmente não pensava em fabricar ferramentas, mas apenas recuperá-las. "A necessidade levou-me a aceitar qualquer pedido, inclusive para fabricar ferramentas, e não parei mais", diz. "Atualmente, não faço mais reafiação. De vez em quando aparece algum pedido de recuperação que não recuso, como colaboração ao cliente..."

CONHECIMENTO E FORÇA DE VONTADE
"Sou formado em Matemática, que estudei quando começaram a chegar ao País as máquinas com Controle Numérico Computadorizado (CNC). Trabalhava numa empresa inglesa que importava as ferramentas, porque os fornecedores locais não atendiam os níveis de qualidade exigidos. Posteriormente, problemas com a importação que, às vezes, acarretavam a retenção do produto nos portos, resultando em paralisação temporária da produção, forçaram a empresa a desenvolver as ferramentas internamente. Esse processo, que acompanhei de perto, contribuiu para o meu desenvolvimento técnico. Eu operava uma máquina de usinar ferramentas, com avental branco, com mais dois colegas, numa sala fechada e com ar condicionado. Se, por exemplo, faltava alguém na máquina de solda, lá ia eu para operá-la. Certa vez, dispus-me até a afiar brocas. Dessa maneira, ampliava meus conhecimentos técnicos. Qualquer equipamento novo despertava-me curiosidade, ia 'fuçar' catálogos e manuais e procurava aprender, na prática, o seu funcionamento e sua operação."

VISÃO DE MERCADO E CRIATIVIDADE

"Com essa base nesses conhecimentos e de vivência na operação dos mais variados tipos de máquinas, além de alguma visão de mercado e muita força de vontade, eu sabia o que queria: crescer profissionalmente, ter liberdade para fazer coisas novas e, evidentemente, melhorar financeiramente. Com a cara e a coragem, montei a empresa, concretizando idéia que tive aos dezenove anos, quando observei numa oficina que mandavam para o lixo ferramentas industriais aparentemente já sem serventia, mas que ainda poderiam ser usadas, bastando reciclá-las. Eram peças caras, que não se jogam fora, pois poderiam ser recuperadas.
Somente com aquela máquina, comprada a prestação, ninguém acreditava nas minhas possibilidades de trabalho. Durante o dia, saía em busca de clientes, chegava em casa às 16 horas, tomava banho, fazia uma refeição e ia para a empresa trabalhar até meia-noite, duas, três horas da manhã ou até 'virava' a noite. Tinha de trabalhar duro, porque pagava prestação equivalente a duas vezes o salário no antigo emprego. Emagreci 15 quilos. Hoje, a empresa dispõe de onze máquinas."

QUALIDADE VEIO PARA FICAR

"Para um mercado extremamente exigente quanto à credibilidade, pontualidade e qualidade, por força de maior conscientização dos consumidores, que pressionam as indústrias, produzimos ferramentas da melhor qualidade, pois, se estiverem 'mais ou menos' vão causar problemas ao cliente e certamente serão devolvidas. Seu lugar, então, deve ser o lixo. Procuro transmitir esse conceito aos operários, tanto que nosso índice de devolução é zero. Mesmo quando raramente acontece, o motivo geralmente é desenho errado que nos forneceram. Também a matéria-prima que utilizamos - a vídea, fornecida por uma empresa americana - já está bem testada entre os clientes, e não há nenhum problema técnico. Por isso, as minhas ferramentas não são as mais baratas, o preço é compatível com a qualidade. O mercado está muito mudado, paga muito bem por qualidade e segurança e tal situação, a meu ver, não tem retorno, devendo balizar o comportamento das empresas daqui por diante."


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