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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 254 (16/02/1997)

O País Está Festejando Mais

A indústria de enfeites de festas e de Natal quase desapareceu, minada pela inflação galopante, que tornou proibitivos os preços, retraindo os consumidores de classe média, predominantes nesse mercado, que tiveram o poder aquisitivo brutalmente deteriorado. Contribuíram para agravar o quadro a falta de criatividade dos fabricantes e o desinteresse em melhorar os produtos ou lançar novas linhas, acomodados a um protecionismo exagerado e à absoluta inexistência de concorrentes fortes. A estabilidade da moeda, a globalização, acompanhada da abertura das importações, ampliaram enormemente o número de consumidores e o setor ressurgiu das cinzas, contribuindo para popularizar um artigo antes considerado de luxo e permitindo que se iluminassem, feericamente, as nossas cidades, como aconteceu no último Natal, num espetáculo até então nunca visto. Quem faz esse diagnóstico, em depoimento exclusivo, é o empresário Anselmo Falavinha, sócio-diretor da Lyderna Indústria e Comércio Ltda. - Tel.: (11) 270-4299 -, de São Paulo, que há 58 anos fabrica e comercializa enfeites de festas e de Natal.

PREFERÊNCIA PELOS IMPORTADOS
"Em especial, contribuíram fortemente para essa recuperação as volumosas importações desses produtos, a preços baixíssimos, da China continental e dos Estados Unidos. Quem não quis importar ficou e ficará sempre fora do mercado. Quando se oferece o produto, o cliente pergunta se é importado. Em caso contrário, ele logo recusa, considerando que o artigo estrangeiro é de melhor qualidade, é diferente, apresenta mais variedades e, além disso, seus preços são muito mais convidativos. Essa é a realidade, sem dúvida. Só para citar um exemplo, um jogo chinês de cem microlâmpadas, daqueles que se vêem comumente no Natal, chegou a ser vendido, no varejo, a R$ 1,90, mais barato, portanto, do que uma coxinha de galinha! Pudera, apenas numa pequena cidade da China há quinhentas fábricas que despejam no mercado mundial milhões de jogos de lâmpadas de Natal, segundo me contou um chinês que regressou recentemente de lá. Nem variedades temos, não só devido à falta de criatividade como porque, nos últimos três anos, a maioria das fábricas brasileiras de artigos de festas fechou. Por isso, não sou contrário à importação, porque, de outra maneira, estaríamos pagando muito caro por tanta coisa que atualmente está saindo 'quase de graça'..."

MAIOR CONSUMO, MAS LUCRO MENOR
"Para sobreviver, a Lyderna não teve outra saída senão também apelar para a importação, sem deixar, evidentemente, de fabricar a linha tradicional de artigos, como festões, bolas de seda, árvores de Natal, Papai Noel etc. O consumo de artigos para festas cresceu enormemente, pois os preços desses produtos despencaram e não foi uma mera redução de 5, 10%, mas muito mais. Conseqüentemente, muitas pessoas tiveram oportunidade de acesso a esses artigos. Pode-se dizer que o brasileiro, hoje, está tendo condições de festejar mais. Resultado: estamos vendendo muito mais, embora o lucro seja bem menor, pois não há condições de repassar aumentos de custos como anteriormente. Não precisamos dispensar ninguém, mas passamos a redobrar as cautelas na hora de efetuar nossas compras, consultando maior número de fornecedores, 'brigando' por preços menores e prazos mais dilatados, enfim, aperfeiçoando o processo de negociação. Alguns fornecedores compreenderam as novas práticas da economia e também procuraram adaptar-se, outros, não."

NÃO FICAR CHORANDO, MAS TRABALHAR
"O trabalho aumentou muito e, em vez de queixar-nos e ficar chorando, preferimos trabalhar e tentar concorrer com a invasão estrangeira. E conseguimos, em alguns itens. Em 1996, conseguimos lançar uma árvore de Natal bonita, que competiu com as importadas em aparência, qualidade e preço. Foi um sucesso, principalmente porque nos beneficiamos da importação de matéria-prima (PVC) a preços mais de 50% menores do que os nacionais. Tivemos muito trabalho e, como contrapartida, apenas lucro pequeno ou quase nenhum. Pelo menos, não fechamos a fábrica e o mercado não esqueceu a Lyderna, que, em mais de meio século de existência, construiu uma sólida marca conhecida em todo o território nacional."


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