Retorno ao Convívio Social
Um grupo populacional calculado entre 3 milhões e 4 milhões de indivíduos, que, num momento dramático da vida, se auto-excluiu do convívio social, portanto são desconhecidos da maioria, agora pode recuperar condições para voltar a uma vida normal. São os ostomizados, pessoas acometidas por doença grave ou vitimadas por acidente que sofreram extirpação de parte de órgão interno - comumente o intestino - e precisaram usar bolsa plástica removível, aderente ao corpo, para coletar dejetos ou líquidos. Eles se impunham tal isolamento porque, até recentemente, os coletores disponíveis, nacionais ou importados, baratos ou muito caros, não atendiam principalmente a um de seus mais importantes anseios: evitar que estivessem condenados por toda a vida a exalar odores desagradáveis devido aos gases provenientes da fermentação dos dejetos coletados. O problema, agora, já está superado, segundo informa, em depoimento exclusivo, o engenheiro e empresário Roberto França, da Handel Representações Ltda. - Tel.: (11) 3735-9305 -, que desenvolveu uma bolsa descartável, de baixo custo e, sobretudo, que não libera odores. A seguir, o seu relato.
NÃO ATENDIAM AS NECESSIDADES
"No mercado nacional não existia nenhuma bolsa de colostomia, de boa qualidade, a preço razoável, e o ostomizado só tinha duas opções: um produto extremamente simples, de baixo custo; ou o importado, de melhor qualidade, muito caro, mas que também não atendia as necessidades. Por que não? Porque, além do alto preço, são bolsas de difícil colocação, feitas com polietileno de baixa qualidade, que deixa atravessar os gases, por isso exala mau cheiro, e o paciente necessita de ajuda para colocá-la e poder continuar vivendo como recluso, devido ao constrangimento do odor fétido de que fica impregnado. As bolsas nacionais, além disso, vêm acompanhadas de adesivos acrílicos, de qualidade muito pobre, com produtos químicos ferozes, que atacam severamente a pele. O produto importado, não obstante trabalhe com adesivo de melhor qualidade que não causa ferimentos ou alergia, deixa atravessar o mau cheiro, segundo discutível conceito - praxe tradicional tranqüilamente aceita - de que o indivíduo ostomizado deve cheirar mal, porque não há outro jeito, mesmo que tal situação represente doloroso estigma e o afaste definitivamente do convívio social..."
PRODUTO INÉDITO NO MERCADO
"Como resultado da necessidade de resolver delicado problema familiar, conseguimos, após um ano e meio de pesquisas, desenvolver uma bolsa descartável, barata, fácil de trocar, pequena de modo a não aparentar muito volume sob a roupa, e, sobretudo, que não deixasse vazar qualquer cheiro. Ela é fabricada com filme especial que confina totalmente os gases provenientes da fermentação dos dejetos, impedindo a sua passagem para fora do coletor. Quando, após certo tempo, o recipiente estufar ligeiramente, o usuário pode ir ao banheiro, soltar parte do adesivo, exercendo leve pressão com a mão para soltar os gases acumulados para a bolsa voltar ao normal. Nos produtos concorrentes, em que a única finalidade é coletar resíduos, é contínuo o vazamento de gases, porque nunca houve a preocupação de confiná-los (muitos recipientes até já vêm com furo), para evitar que o usuário permanentemente exalasse odores malcheirosos. O nosso adesivo também é de constituição natural e não provoca irritação na pele, mesmo que a bolsa seja trocada duas ou mais vezes ao dia. Temos usuários testando o nosso coletor há cerca de três anos, com absoluto sucesso."
AGORA, O RESGATE DO CONVÍVIO SOCIAL
"Pretendemos, também, desenvolver outros tipos, como bolsas infantis, de tamanhos adequados ao atendimento de amplo leque de casos, desde o recém-nascido até crianças e jovens. O produto já foi testado e aprovado por clientes da Casa Fretin, empresa especializada que se prontificou a servir de referência técnica para consulta de interessados. Estamos abertos ao estabelecimento de parcerias e já iniciando negociações com algumas distribuidoras, entre elas a Casa Fernandes, visando todo o território nacional, para a colocação do produto, chamado Bolsa de Colostomia Adepi. A intenção é estender ao maior número possível de ostomizados o inestimável benefício de possibilitar-lhes, de hoje em diante, levar uma vida social normal, livre de constrangimentos, sem precisarem afastar-se do convívio da sociedade e muitas vezes até da família."
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