Formação Acadêmica Evita Exclusão
Eleita pelo terceiro ano consecutivo pela revista América a melhor escola de administração da América Latina, a Fundação Getúlio Vargas já pensa em novas formas de capacitar os futuros executivos e empresários do Brasil a gerenciar os desafios de um mercado cada vez mais competitivo e exigente. Consciente do seu papel de formadora da elite que comanda o desempenho econômico da maior parte das empresas do País, seja na área de finanças, marketing, seja na de recursos humanos, a Fundação visualiza um profissional apto a ser um empreendedor capaz de desenvolver o talento indispensável para viabilizar e engajar-se no seu próprio negócio ou de terceiros, interagindo com a dinâmica das mudanças estruturais da economia globalizada.
Quem fala, em depoimento exclusivo, sobre essa tendência de ensino é o Professor Doutor Marcos Henrique Nogueira Cobra, atual chefe do Departamento de Marketing da FGV e diretor da Marcos Cobra Editora e Consultoria. Sua reflexão aponta para a necessidade de romper com os padrões do modelo clássico de aprendizado, visando a introdução de uma metodologia com ênfase na aprendizagem do saber fazer e não mais do saber ouvir.
INTERATIVIDADE
"A evolução normal do ensino de administração hoje é fazer o aluno colocar em prática toda aquela concepção teórica que recebeu como bagagem ao longo dos quatro anos de graduação. Essa é uma luta grande, pois, no futuro, o ensino vai estar bem diferenciado. Com a ajuda da Internet, que permite a garimpagem de dados e conhecimentos, o jovem internauta deixa de ser um mero ouvinte para trabalhar num processo interativo contínuo em relação às tendências do mercado. Nesse sentido, a função da escola deixa de ser preceptora, que dita ao aluno o que ele precisa saber. Ele mesmo vai sentir-se pressionado a desenvolver seu talento para descobrir o que precisa aprender e como pesquisar esse cardápio educacional em outros países ou de forma virtual, pelo ensino à distância, que permite uma dinâmica muito ampla.
As mudanças no cenário econômico estão levando as organizações a repensar o seu negócio. Por isso, elas não precisam de alguém que vai apenas administrar as atividades, mas sim de um profissional que tenha visão para ampliar e, se possível, até modificar o próprio negócio."
ANIMADOR
"Prevemos que a transformação que vai ocorrer com as metodologias de ensino de administração dentro dos próximos três anos será tão radical que os modelos tradicionais vão ser jogados no lixo. O ato de dar aula, por exemplo, pode ser substituído por um animador, alguém capaz de conduzir o aluno a buscar o seu autodesenvolvimento. O professor deve ser muito mais um estimulador, uma pessoa que interaja com a platéia, que faça pensar. A própria indústria do conhecimento já está na trilha de um caminho que leva ao prazer da aventura do saber.
Não se trata de buscar o conhecimento como uma ferramenta de trabalho, mas como uma capacitação de se adequar aos vários desafios. Isso é o repensar de uma nova era. Com a globalização, não dá para se acomodar, pois temos que enfrentar a invasão crescente de uma concorrência internacional. Pessoas de qualquer idade precisam estar preparadas para encarar os riscos de montar um negócio, pois muitas funções estão ou vão tornar-se obsoletas, sendo difícil prever quem vai desaparecer primeiro."
INCERTEZAS
"Não podemos mais procurar a estabilidade que existia no passado. A incerteza hoje faz parte do negócio e veio para ficar. Isso significa que, ao montar um negócio, não devemos esperar que ele seja rentável para o resto da vida, o que torna todo o processo instigante e desafiador. Para manter uma empresa saudável, é necessário buscar boas parcerias aqui ou fora do País. A perda da nacionalidade é um fato em função da dificuldade que existe em manter as estruturas organizacionais. Não dá mais para ser pequeno onde se torna necessária uma economia de escala para poder atuar. O empreendedor tem que ser um eterno visionário ousado, mas sem garantia alguma.
A vantagem competitiva que fez sucesso ontem amanhã não fará mais. Em menos de seis meses, é possível passar do sucesso ao fracasso. Assim se configura o panorama em que vai estar inserido o novo profissional de administração."
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