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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 331 (09/08/1998)

Abertura Leva à Economia de Guerra

"Antes mundo era pequeno, porque Terra era grande; "hoje mundo é muito grande, porque Terra é pequena". Esses versos musicados pelo compositor Gilberto Gil transmitem claramente a visão de uma nova realidade temporal e espacial. Os avanços tecnológicos vêm conferindo ao Planeta dimensões inéditas que interferem no dia-a-dia dos indivíduos e das empresas. Apesar de trazer um arsenal de novas possibilidades em termos de contatos, fusões e aquisições, o comentado fenômeno da globalização apresenta contradições e paradoxos inerentes ao processo como um todo. Para acompanhar o ritmo acelerado do mercado e o grau de competitividade exigido atualmente, muitas organizações estão efetivando parcerias e controlando seus custos nos mínimos detalhes, como faziam no início das suas atividades. Esse é o caso da Cineral Daewoo Eletrônica da Amazônia, que fabrica televisores e videocassetes em conjunto com a transnacional de origem coreana Daewoo. Quem revela, em depoimento exclusivo, as estratégias de sobrevivência da empresa brasileira é o diretor-presidente Abdo Antonio Hadade, também vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo.

VIVÊNCIA
"Começamos nossas atividades em 1944, no bairro do Tatuapé, onde estamos sediados até hoje em uma área ampliada de 4 mil metros quadrados. Meu pai consertava rádios e, com o tempo, passamos a vender componentes eletrônicos com muito sucesso na região. Depois, partimos para a fabricação de rádios e televisores que levavam o nome Cineral. Durante muitos anos, produzimos rádio a válvula, vitrolas e televisores em preto e branco, mas, quando veio a tecnologia estrangeira para o Brasil com o transistor, a indústria nacional fechou suas portas. Como tínhamos a loja de componentes, em 1971 começamos a comprar produtos acabados de terceiros para revender. Foi então que nos destacamos com o lançamento do consórcio da TV em cores que viria a ser lançada no País somente no ano seguinte. Com a abertura de mercado no início da década de 90, fui convidado, com mais 105 empresários, a visitar e conhecer as vantagens da Zona Franca de Manaus. Fomos os únicos a nos estabelecer por lá, porque achei que devíamos voltar a fabricar."

PIONEIRISMO
"Nós decidimos ser diferentes dos outros, utilizando a estratégia de vender para os pequenos, evitando concentrar as vendas em poucas empresas. Temos também um atendimento diferenciado dos grandes fabricantes de televisores em razão do tempo de balcão, que permite conhecer as necessidades do lojista. O que mais fez com que a gente crescesse no passado foi a criatividade. A Cineral sempre foi inovadora, sendo a primeira a vender TV em cores, a trazer o relógio digital para o País, a trocar aparelhos novos por usados e a TV com videocassete acoplado. É uma questão de sensibilidade, intuição. Lançamos ainda o televisor cor-de-rosa da Xuxa, que vende muito bem e vamos lançar agora a TV do torcedor, feita nas cores de treze grandes clubes brasileiros, com uma tecla especial que toca o hino do time do telespectador."

COMPREENSÃO MÚTUA
"A Daewoo foi o primeiro fornecedor de tecnologia para a fábrica da Cineral em Manaus. Estávamos indecisos para fechar negócio, mas, em abril de 1997, firmamos a joint venture com a empresa coreana. A associação entre uma empresa familiar e uma empresa globalizada não é fácil, pois os dois lados têm que ceder em termos de estrutura e particularidades. Mas estamos indo bem, pois tínhamos, em 1995, 1,5% do mercado e hoje chegamos a 5%, sendo que ninguém cresceu assim nesse período. Não diria que esse tipo de parceria é a solução para todas as empresas, mas se torna uma necessidade, à medida que não se pode competir com o mercado internacional. Não sou contra a globalização, mas acho que o governo errou ao não definir regras, ao escancarar o Brasil, provocando dificuldades de sobrevivência para a maioria das empresas. Foi preciso retomar o controle dos detalhes do gerenciamento de pequenas despesas que, multiplicadas, representam uma economia significativa. O empresário responsável, mesmo sendo o presidente, tem que olhar todos os custos e cortar os gastos excessivos, antes de demitir qualquer funcionário. Toda crise nos faz enxergar melhor, ensinando as nossas reais necessidades."


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