Corrigir rumos
A montagem de um negócio requer algo mais do que a vocação empreendedora. É imprescindível dispor também do conhecimento mais completo possível acerca das peculiaridades do segmento em que se vai trabalhar. Há que se ter ainda bastante flexibilidade na gestão para efetuar em tempo oportuno eventual correção de rumos, quando o empreendedor identificar equívocos e distorções. O essencial é aprender com os erros próprios e os dos outros e sempre mirando quem “está dando certo”. Já em plena operação, o fundamental é manter-se atento no que acontece e nas tendências do mercado. Esses são os procedimentos adotados por Edgard Corona, fundador e presidente da Bio Ritmo www.bioritmo.com.br academia fundada em 1996 e que conta atualmente com 30 mil alunos em 17 unidades próprias e duas franquias, além de outras duas sendo abertas. Engenheiro químico, ele começou numa usina de açúcar na região de Ribeirão Preto, a 10ª do ranking do setor, e quando saiu, então como diretor executivo, era a 3ª. Em entrevista exclusiva, o empreendedor relata sua trajetória, experiência e aprendizado, nesses treze anos de vida da empresa.
PADRÃO MUNDIAL
"Em 1996, quando deixei o emprego, tinha um negócio com mais dois amigos, uma academia de ginástica em São Paulo, a Bio Ritmo, e posteriormente adquiri a parte deles. Começamos uma história meio torta, cheia de erros, mas fomos corrigindo rumos e aperfeiçoando o negócio até chegar ao formato atual. Nessa empresa pautamos no que existia no mercado nacional, mas quem se vale de cópia acaba fazendo pior. O primeiro grande erro de estratégia foi não atentar para o que acontece no mundo, tendências, quem está no topo, onde buscar tecnologia etc. A estruturação do negócio baseou-se em executivos e talentos disponíveis no País, mas defasados em relação à Europa e aos EUA. Apressamo-nos em elevar ao nível internacional o padrão de atendimento e os processos administrativos e de gestão. Adotamos uma série de procedimentos, trazendo de lá profissionais para nos ensinar a conseguir os melhores números de venda, fidelização, faturamento, giro de caixa e minimizar perdas, à semelhança das melhores academias do planeta. Estamos próximos de nos tornar padrão mundial, com forte giro de caixa e unidades registrando bons resultados".
SEGURO DESEMPREGO
“Ajustes a gente faz todos os dias, no entanto, o mais significativo foi entender que, em face do aumento do desemprego, deveríamos criar por nossa conta e às nossas expensas uma espécie de ‘seguro desemprego’. Funciona assim: alguém que nos confiou a saúde, mas está enfrentando adversidades ou perdeu o emprego, desde que seja cliente há mais de 60 dias, terá pagamentos suspensos por seis ou até oito meses; não é porque não tem dinheiro que deixaremos de cuidar dele. Em fases de aperto momentâneo, seremos os primeiros a dar-lhe apoio. E isso teve duas consequências: uma mensagem muito consistente para a equipe, acerca da importância de cuidar do ser humano que nos confiou sua saúde, e por parte do cliente o entendimento de sua importância para nós. Se este mês ele perdeu o emprego e não tem como pagar a academia, vai continuar da mesma forma com a gente, pois quando normalizar a situação, retomará os pagamentos”.
ESTÁ DANDO CERTO
“Implantamos uma cultura de aprendizado, de observar sempre o que os mercados estão fazendo. Às vezes você conhece alguém muito pequeno, mas sempre há algo na gestão dele que se pode incorporar. Quer dizer, se a empresa ‘está dando certo’, sobrevivendo e mesmo crescendo num mercado competitivo, alguma coisa boa e consistente ela está fazendo. Não importa se ela é pequena, deve-se observar o modelo e tentar entender o que há de melhor e poder trazer alguma idéia. Não fique pensando que dispõe do ideal, duvide, questione e pergunte; houve casos em que tínhamos uma idéia, aí o mercado alterou-se, então, toca a mudar radicalmente tudo. Por exemplo, usamos musculação e ginástica para ‘atacar’ clientes entre 22 e 50 anos que, como aconteceu há duas décadas nos EUA, vão envelhecer aqui integrando uma ‘comunidade’, onde conhecem tudo o que faz parte de seu dia-a-dia, vestiário, equipamentos e os camaradas de que sentem falta quando não comparecem”.
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