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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 379 (11/07/1999)

Sempre da Estaca Zero

A experiência brasileira no que se refere às relações entre empresas revela que, nos momentos agudos de crise econômica, a tendência à formação de redes cooperativas, visando tanto o mercado interno quanto o externo, costuma surgir como uma alternativa promissora para os problemas dos pequenos e médios empreendedores. O exemplo bem-sucedido de países europeus desenvolvidos serve de incentivo para que numerosas iniciativas sejam viabilizadas em nível nacional. No entanto, o comportamento cultural marcado pelo individualismo e por estimativas de lucro a curto prazo acaba desvirtuando e enfraquecendo os projetos de cooperativismo no Brasil, especialmente na zona urbana, causando, muitas vezes, a impressão de que estamos começando da estaca zero. Para esclarecer o assunto, João Amato Neto - Tel.: (11) 818-5363, engenheiro de produção, professor e pesquisador da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, analisa com exclusividade o processo de reestruturação da economia industrializada sob a ótica específica da formação de pólos produtivos regionais.

RETOMADA
"A tendência à formação de redes de cooperação vem solidificando-se no mundo todo, mostrando que pequenas empresas, atuando em conjunto, podem realizar bons negócios. Em épocas de crise se buscam soluções criativas, trazendo à tona os movimentos de cooperativismo, que não são uma novidade, pois tiveram início na Europa do século passado. O que ocorre no Brasil é que, em épocas de prosperidade econômica, o capitalismo tradicional oferece maiores chan-ces de geração de renda a curto prazo, fazendo com que muitas iniciativas nesse sentido sejam abandonadas. Mas o que se observa atualmente é o resgate desse ideal de união de pequenas empresas em torno de regiões tradicionalmente produtoras, den-tro de segmentos específicos como calçados, tecidos, pedras lapidadas, autopeças e tecnologia de ponta, com perspectiva de longa duração, independentemente das mudanças do cenário econômico. Mesmo que ocorra novo ciclo de desenvolvimento, com altas taxas de renda e empregos, o papel das organizações de menor porte vai continuar sendo muito importante."

EQUÍVOCO
"Nossa experiência em iniciativas de cooperativismo infelizmente vem acom-panhada do jeitinho brasileiro. Os princípios básicos foram adaptados às nossas realidades cultural e empresarial, marcadas pelas barreiras do individualismo, de um conjunto de crenças e hábitos que precisa ser rompido não por uma questão de opção mas sim de sobrevivência para os empresários de pequeno porte. Por isso, várias cooperativas foram deturpadas e transformaram-se em cooperativas de alguns donos, o que distorce totalmente a proposta de solidariedade do cooperativismo concebida em suas origens. A formação de uma cooperativa envolve aspectos fundamentais que a diferenciam de uma empresa, como a participação igualitária a partir de cotas e a política de portas abertas para entrada ou saída de qualquer membro. Existe ainda o forte compromisso com a comunidade e com a capacitação profissional permanente dos cooperados."

PRECONCEITOS
"Até a história recente da nossa economia, predominou o modelo que privilegiava o grande capital, seja ele estatal seja proveniente do exterior. O empresário de pequeno porte sempre foi visto como marginal no sentido econômico, alguém que possa complementar ou ocupar os espaços deixados de lado pelas corporações, de forma subordinada e dependente. Com o novo paradigma, chamado de produção flexível e enxuta, surge a perspectiva das pequenas e médias empresas ou da própria cooperativa enquanto peça fundamental desse processo de reordenação das forças produtivas. Para ser um bom empresário, hoje, é preciso buscar atualização técnica e gerencial em qualquer setor de atividade. Nesse sentido, existe a necessidade do apoio de entidades e instituições de pesquisa para assegurar a qualidade de produtos e serviços como principal critério seletivo do mercado. A universidade possui um vínculo importante com o setor produtivo, mas quase sempre voltado para as grandes empresas. A prestação de serviços para os pequenos negócios ainda é tida como algo de menor importância, até mesmo do ponto de vista da avaliação acadêmica, salvo honrosas exceções."


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