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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 384 (15/08/1999)

Contador: Mudar Por Quê?

A atividade do contador brasileiro tem-se caracterizado nas últimas décadas por uma visão popular marcadamente tributarista. Sem dúvida, trata-se de um aspecto importante, uma atribuição legítima da classe contábil, mas não é a única nem necessariamente a mais importante. Essa virada de milênio está trazendo à tona a grande oportunidade para os contabilistas mudarem essa imagem, passando a exercer funções inéditas junto das empresas que ajudam a administrar no dia a dia. Atentas a essa necessidade de transformação, entidades nacionais e internacionais representantes da categoria, bem como instituições de ensino, preparam-se para formar um profissional que possa oferecer ao mercado uma visão ampla da capacidade de sobrevivência e de crescimento. É o que assegura, em depoimento exclusivo, L. Nelson Carvalho, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo www.feausp.com.br.

TRÊS GÊNEROS
"O empresário de pequeno porte vai continuar dependente do contador tributarista, mas pode e deve valer-se dos serviços do contador para conhecer melhor o seu negócio e saber onde está ganhando ou deixando de ganhar. É preciso levar em consideração que essa categoria empresarial comporta três tipos distintos em sua essência: a empresa anã, que nasceu para ser grande, mas por incompetência gerencial ficou atrofiada, a empresa pigméia, que possui todas as proporções adequadas a um biótipo reduzido naturalmente, e a empresa criança, que está crescendo rumo à maturidade e à expansão do seu tamanho. Por essa razão, a perspectiva de tratamento para as pequenas empresas não pode ser única, e sim dentro dessa óptica especializada, pois uma dose de remédio para adultos pode funcionar para o anão e o pigmeu, mas vai matar a criança, enquanto uma dosagem infantil não vai surtir efeito para os organismos que já completaram a fase de crescimento. Isso vale em medicina, economia, direito e finanças. A resposta correta para as diferentes necessidades de informação contábil do ponto de vista tributário, da formação de preços e de conhecimento de custos somente o contador do ano 2000 vai conseguir tipificar."

DIÁLOGOS POSSÍVEIS
"Por estar automatizada, a cadeia produtiva do processo contábil independe da presença física do contador, o que o obriga a achar novo nicho de atuação que não implica a redução do perfil do seu serviço. Ele está enfrentando o desafio de se tornar membro da equipe gerencial da empresa no sentido de saber dialogar em condições de igualdade com os responsáveis de cada área. No caso da pequena empresa, em que todos departamentos estão concentrados na cabeça do dono, ele tem que ser capaz de entender as necessidades de informação como um todo, fornecendo dados e sugestões, ou seja, tem que fazer acontecer. Por isso, o mercado deve esperar e exigir que esse profissional se prepare academicamente, com treinamento constante para garantir essas respostas antes que alguém o faça no seu lugar. A categoria contábil tem uma percepção muito viva e positiva dessa exigência de repensar os seus rumos em busca de aperfeiçoamento e de transmissão de conhecimentos, que se estende àqueles que estão no início da profissão ou mesmo praticando ainda as etapas menos sofisticadas da contabilidade."

INVERSÃO
"O mercado vai sofrer um golpe, porque se habituou a comprar um serviço contábil padronizado e limitado, o que, em economia, significa barato. À medida que ocorre a sofisticação, a tendência é o encarecimento do produto. Vamos atravessar um processo de transição num horizonte de dez a vinte anos, em que vão atuar dois nichos distintos de profissionais da contabilidade: aqueles que já têm seu diploma e preferem não investir mais em formação, aceitando o que o mercado está acostumado a pagar, e aqueles, em menor número ainda, que vão repensar seu papel, buscando uma remuneração mais atraente. No decorrer dos próximos trinta anos, isso vai inverter-se, pois haverá muito mais gente passando para o estrato superior, com uma redução significativa da base, uma vez que as funções repetitivas ficarão totalmente a cargo dos computadores, restando ao contabilista o aprimoramento da sua capacidade intelectual. Se ele não aceitar essa realidade por bem, vai ter que ser induzido 'pelos clientes', sob pena de perder o emprego no competitivo mercado de trabalho que se vai abrir daqui para a frente."


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