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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 416 (26/03/2000)

Ousar para Sobreviver

Mesmo tendo adquirido agilidade e competência suficientes para sobreviver em uma economia turbulenta como a nossa no decorrer de décadas de aprendizado, o empresariado brasileiro ainda age como se a entrada do capital internacional significasse a desnacionalização do patrimônio e o risco iminente dos negócios. Pelo contrário, é preciso entender que esses investimentos representam a possibilidade de competir em nível mundial, agregando tecnologia e aprimoramento ao capital nacional. Em depoimento exclusivo, Ernesto Lozardo, professor do Departamento de Planejamento e Análise Econômica da Fundação Getúlio Vargas - www.fgv.br , alerta sobre a necessidade de acreditar nas oportunidades geradas pela nova ordem global e de se associar a elas.

BODE EXPIATÓRIO
"O empresário brasileiro tem o hábito de repassar suas culpas ao governo, ele não olha para si mesmo. Os riscos do mercado são uma chance de ganhar dinheiro, e não a possibilidade de perder o negócio. O risco vale para todos, e vai vencer quem for mais competitivo, mais eficaz e produtivo. É essa óptica que devemos adotar ou seremos engolidos pelo capital internacional, cuja entrada não deve ser encarada como a desnacionalização do patrimônio, mas sim como uma forma de ganhar velocidade de crescimento econômico, de associação aos investimentos internos, pois o capital internacional só vai aonde ele pode prosperar. Com o avanço da globalização, vai aumentar o número de serviços que serão terceirizados e, com isso, a contratação de um número cada vez maior de pequenas empresas. Vamos ter uma redução quase pela metade das grandes empresas com os processos de fusão e de aquisição e, com a redução das companhias, geram-se terceirizações. No entanto, cabe à pequena empresa estar conectada a essa nova economia e marcar presença no mercado de rede, porque o consumidor de hoje não só compra, mas, principalmente, seleciona pela Internet, que funciona como um suporte decisório capaz de mostrar que existe uma opção melhor e mais barata."

SUSTENTÁCULO
"As pequenas empresas dão sustentação para as grandes coexistirem no mercado, pulverizando a renda nacional. Por se tratar de um todo orgânico e interdependente, sem a pequena e a média empresas, a grande não teria como repassar, encomendar ou buscar nichos de mercados competitivos para o produto final. Por isso, existe a necessidade de buscar novos métodos de produção e independência tecnológica, lembrando que a Internet é apenas para 1/3 da humanidade, para os que estão acima da pobreza, sabem ler e escrever e têm acesso a um computador. Não é como a eletricidade e a televisão, que chegam a qualquer favela; a nova economia destina-se a uma camada restrita da sociedade mundial e, para estar inserida nela, as empresas de menor porte precisam estar muito bem capacitadas. O BNDES está desempenhando um papel importantíssimo no sentido de capitalizar, investir na produção, na tecnologia e na organização do pequeno negócio. Temos que requerer também dos bancos internacionais essa contribuição, bem como a cultura de educação do pequeno empresário, com a criação de mecanismos financeiros locais, voltados ao desenvolvimento das comunidades."

TRANSPARÊNCIA
"A diferença entre o empreendedor e o aventureiro é que o primeiro possui um compromisso direto com o retorno do seu investimento, enquanto o segundo não tem a menor noção do potencial do seu negócio. O Brasil é empreendedor, pois tem a agilidade necessária, além de oferecer numerosas oportunidades, precisando apenas garantir a estabilidade econômica. Só para mostrar a diferença, na Europa, é possível enriquecer durante uma geração, enquanto aqui se pode ficar rico em uma única estação de verão. Estamos vivendo um momento de renovação cultural e ética no País, pois o processo de globalização não permite a falta de transparência nos negócios. Não dá mais para ser um falso empresário, para dar um jeitinho nas contas. Isso tudo está acabando, uma vez que as relações são muito imediatas e levam a uma postura mais clara no que diz respeito aos funcionários e ao mercado. Com a globalização, não é mais possível ser um enganador, porque a própria concorrência vai encarregar-se de eliminar o empresário corrupto e o aventureiro."


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