TAMANHO EXTRA, NICHO ESQUECIDO
"Após meados de 1994, já estava cansada de viajar, então, para sobreviver a uma concorrência cada vez mais acirrada, passei a dedicar-me às roupas femininas de tamanho extrapadrão, segmento um pouco esquecido. A maioria das fábricas prefere numeração de 40 a 44, correspondendo à moda propriamente dita, pois é mais fácil satisfazer os gostos e atingir também o jovem. Comecei com determinado padrão e, à medida que ia conhecendo os problemas das mulheres que vestem tamanhos maiores, fui ampliando o leque de modelos (entre 46 e 56) e só não confeccionamos maiores porque ainda não encontrei modelagem adequada para dar forma e beleza à roupa. Após pesquisar os gostos com as minhas clientes e com as funcionárias, fabrico, geralmente, cerca de 170 modelos por estação, arriscando-me ao prejuízo com eventual encalhe. Tenho de manter-me muito atenta, criando constantemente, embora podendo repetir alguns modelos em tecidos diferentes."

A "DESCOBERTA" DO VAREJO
"Toda empresa, seja pequena ou grande, tem possibilidade de sobreviver em quaisquer circunstâncias, ser criativa e produtiva, desde que, logicamente, encontre o caminho certo. E isso consegue-se na 'briga' do dia-a-dia, observando atentamente as circunstâncias, as alterações de mercado, os acidentes de percurso. No meu caso, além de fornecer às lojas, no atacado, foi importante 'descobrir' o varejo, vendendo diretamente à clientela, com a vantagem adicional de estar próxima de suas necessidades, colhendo informações e recebendo o retorno das inovações introduzidas, com condições de permanentemente aprimorar, e com agilidade, as confecções. Vestimos tanto a senhora de 60 anos, quanto as mocinhas de 15 e 16. Há quatro anos, durante a estação do inverno, venho também comercializando cachecóis e lenços de tecido acrílico importados, com exclusividade, da Argentina, negócio que está expandindo-se muito."

FUTURO BRILHANTE DA PEQUENA EMPRESA
"O pequeno empresário, a meu ver, tem função muito importante - e não é simplesmente substituir um posto de trabalho eliminado ou ser alternativa para quem perdeu o emprego. A pequena empresa precisa ter qualidade, ser eficiente, ter um bom produto ou serviço, e o empresário aprimorar-se constantemente, ter organização e fazer certo planejamento, senão irá desaparecer. Se faltar-lhe experiência, deve buscar informações, orientação e auxílio para trabalhar da maneira correta e acompanhar atentamente as tendências da economia e do mercado, para adequar-se às novas circunstâncias e preparar-se para superar obstáculos delineados, às vezes, sob suas vistas. Por exemplo, não posso mais esperar dois anos - como inicialmente planejara - para abrir novas lojas, porque, com certeza, surgirá, daqui ou do exterior, alguém mais rápido, ocupando o espaço e engolindo as empresa lentas. Tamanho não é o fator mais importante. O que conta é não se alongar em planejamento ou esperando dispor de maior estrutura, pois não se sabe o exato momento em que se perderá a oportunidade. Por isso, devemos ser dinâmicos e agir rápido."