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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 179 (10/09/1995)

Empreendedor Vira Tudo pelo Avesso

Família e empresa precisam crescer juntas, senão vai faltar trabalho para todo mundo. Essa situação delicada só pode ser resolvida se o espírito empreendedor dos descendentes for estimulado pelos que estão no comando. Foi o que aconteceu com os Sarue, que mantinham, desde 1968, uma pequena tecelagem, enfrentando os problemas comuns do setor têxtil: muita concorrência, problemas com pagadores e pouca capacidade produtiva, com reflexos negativos na qualidade e no faturamento.
Quando os irmãos Victor e Sami foram para dentro da fábrica, em 1985, tentar algo diferente, o pai, Eli, concordou com a idéia dos filhos, de agregar mais valor aos tecidos através da confecção. Esse foi o início de uma revolução que acabou transformando a Eli Sarue e Companhia Ltda. - tel.: (011) 223-4141 - numa empresa com cem funcionários e especializada em roupas para o esporte e o lazer, como bermudas e agasalhos feitos em tactel e náilon.
Hoje, os cinco sócios - Eli, Sami, Victor e os irmãos mais novos, Roni e Michel - mantêm uma unidade empresarial familiar profissionalizada, que presta serviço para grandes clientes e marcas, como Umbro, Ocean Pacific, Sundek e, eventualmente, Nike, Reebok e New Balance, entre outras.
No depoimento a seguir, Victor Sarue detalha seu processo de aprendizado e de persuasão que acabou virando - no bom sentido - a empresa pelo avesso.

CAVANDO O PRÓPRIO ESPAÇO -
"A empresa tinha uma fábrica em Americana e um escritório comercial em São Paulo. O trabalho era centrado na quantidade e num tecido conhecido como volta-ao-mundo, feito de tergal, que não amassava e vendia muito na época. Como eu tinha participado de uma confecção com um sócio, trouxe para dentro da empresa a idéia de mudar o perfil da produção. Os tecidos de baixa qualidade atraíam uma clientela problemática e, numa confecção, o nível seria outro. E, se eu não direcionasse o trabalho para esse caminho, me sentiria muito deslocado. Essa foi a maneira de achar espaço dentro da empresa.
Já tinha tentado formar-me em engenharia e administração, mas senti muita falta de informação mais próxima da realidade. O que eu aprendia na época era muito voltado para a grande empresa, a multinacional, não existia nada que me pudesse ajudar no meu pequeno negócio, que era bem informal e foi onde aprendi o ofício. Trabalhava de dia e estudava à noite e acabei desinteressando-me da escola.
Preferi participar da empresa familiar, onde existe muito mais tranqüilidade para desenvolver um bom trabalho. Comecei, então, a formar os funcionários em confecção e, mais tarde, meu irmão Sami assumiu a direção comercial e eu, a industrial."

AGASALHOS PARA A SELEÇÃO BRASILEIRA
"Começamos a fabricar de tudo um pouco, sem ter uma identidade própria. Mas, a partir de 1990, resolvemos investir em produtividade, para buscar, cada vez mais, um produto melhor e mais barato, e a nos concentrar num só tipo de confecção. Essa foi nossa prioridade, pois achávamos que, só assim, poderíamos sobreviver.
Vimos que não existiam muitas empresas fazendo bermudas, e foi por aí que nos decidimos. Mas, como bermuda não vende no inverno, também começamos a trabalhar com agasalhos. O agasalho oficial da Seleção Brasileira de Futebol que tivemos a oportunidade de ver na Copa América, da marca Umbro, foi confeccionado por nós. Atendemos, também, os clubes patrocinados pela Umbro, como Flamengo, Atlético Mineiro e Coritiba. Nossos clientes são empresas detentoras de marcas famosas, especializadas na comercialização, que resolveram terceirizar a produção.
Cheguei a me perguntar: está todo mundo terceirizando, será que estou no caminho certo? Encontrei a resposta com outra pergunta: e quem vai terceirizar para os outros? Temos, também, a marca Saruê, mas que significa 20% do total produzido. Não me importo em promoção pessoal, acho que o sucesso se deve a essa parceria. Eu não concorro com as marcas dos meus clientes, pois acho isso um grande erro. O que me interessa é a fábrica trabalhando, faturando e tendo lucro."

MARKETING É A FÁBRICA
"De minha parte, procuro, também, encontrar parceiros que comprem o meu modelo de produção, pois acho que temos um limite. Se eu inchar demais, ficar com quinhentos funcionários, começo a não ter competitividade, porque os encargos sociais no Brasil são o grande breque dos nossos investimentos. Prefiro investir tudo na melhora dos processos, pois, aqui, vendemos serviços: prazo, qualidade, preço, atendimento.
A partir dos contatos com o SEBRAE/SP, começamos a implantar, aqui, uma nova filosofia. Fiz um mergulho total, dez horas por dia, três vezes por semana, para assimilar essa nova cultura, graças a um convênio entre o SEBRAE/SP e a Andersen Consulting.
Conseguimos fazer um excelente trabalho de motivação dos nossos funcionários e iniciamos a busca pela ISO-9000. Mas, mais importante do que o certificado é o processo de certificação, pois, assim, vamos corrigindo nossas falhas. Uma das inovações foi adaptar as máquinas ao fluxo de produção, movimentando-as sempre que for necessário. Isso deu mais transparência ao processo produtivo, mais visibilidade e qualidade. Inclusive, a fábrica é a principal peça de marketing para nossos clientes. Eles são trazidos para cá para verificar pessoalmente todo o trabalho."


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