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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 181 (24/09/1995)

Negócios Maduros num Cenário Incerto

O que fazer para enfrentar uma política econômica que mantém o mercado na eterna adolescência, fazendo-o oscilar entre a euforia e a depressão, criando nele mudanças de personalidade e impondo suas birras, manhas e manias? A resposta já está sendo dada na prática pelos empresários brasileiros: amadurecer. Essa postura responsável, que, obviamente, tem exceções em todos os segmentos, revelou-se a mais eficiente para a sobrevivência a longo prazo, já que os caprichos macroeconômicos costumam gerar queda de produção, crise nas vendas e falência.
Mas o que significa maturidade nos negócios? Marco Antônio dos Reis, que fundou, em 1977, a Torplás Componentes Eletrônicos Ltda. - tel.: (011) 522-4111 -, aprendeu algumas lições para manter sua empresa durante quase vinte anos, desenvolvendo e nacionalizando componentes eletromecânicos para os setores eletroeletrônico, eletrodoméstico, de informática, telefonia e comunicações.
Quando veio o Plano Cruzado, por exemplo, ele - apoiado por seu sócio, o irmão Luís Henrique dos Reis - resolveu criar três turnos de trabalho, terceirizou algumas atividades e criou fornecedores opcionais. Descobriu, também, que nas crises sucessivas algumas atitudes imaturas comuns no mercado, como a tentativa antiética de conquistar clientes alheios, adotar estratégias oportunistas para aproveitar modas passageiras de consumo e outros vícios começaram a desaparecer.
Esse processo de seleção natural, em que persistem os vínculos de parceria a longo prazo, formatando a credibilidade dos negócios e beneficiando os consumidores, é um dos seus assuntos, no depoimento a seguir.

PLANEJAR PARA CRESCER
"Sou formado em Administração de Empresas, com especialização em Marketing. Para me transformar em industrial, fiz muitos cursos, inclusive nas empresas fornecedoras de equipamentos, aprendendo a lidar com injetoras de plástico, tornos automáticos, projetos de ferramentas. O objetivo inicial era prestar serviço na parte de torneados e de plástico - daí vem o nome da empresa. Pensamos, no princípio, em desenvolver um linha própria, para que não nos faltasse trabalho nos momentos de recessão.
Começamos fazendo acabamento em botões de rádio, que possuíam um interior feito de plástico. Depois, logo no segundo ano, passamos a fazer conectores e porta-fusíveis e, daí, fomos crescendo e buscando novos segmentos.
Atendíamos a indústria eletrônica, de vídeo e áudio, e, mais tarde, entramos na parte de informática e eletrodomésticos. Depois do Plano Collor, o mercado eletrônico ressentiu-se muito com a entrada dos importados, mas o nosso forte são as peças externas, as conexões, os acessórios que vão na parte frontal e traseira dos aparelhos, e isso é feito, aqui, no Brasil.
Sempre trabalhamos em regime de parceria, tanto na parte de plástico quanto na de torneados, assumindo, com nossos sessenta funcionários, a atividade-fim da empresa, que são as montagens. As atividades indiretas são hoje terceirizadas, como vendas, recursos humanos, projetos, desenhos, limpeza, refeitório, contabilidade. Tenho consultor para recrutamento, seleção e treinamento, e a consultoria do SEBRAE/SP orienta-nos sobre o planejamento financeiro e econômico da empresa."

PARCERIAS A LONGO PRAZO

"Ainda tem gente no Brasil pensando a curto prazo, sem definir uma posição de parceria mesmo. No momento em que o mercado está aquecido, o imediatista visa logo o que está rendendo mais e acaba abandonando seu próprio negócio. A idéia é descobrir uma mina de ouro, um produto que signifique a salvação. Dá para perceber esse comportamento no nosso segmento. Quando aquece, o atendimento já não é o mesmo, e começam a ocorrer atrasos na entrega.
Mas existe, também, uma mentalidade positiva no mercado. Meus fornecedores, por exemplo, acabam não trabalhando para os concorrentes. Já houve casos de gente querer ir no meu cliente pegar o negócio, mas o País está amadurecendo nesse sentido. O pessoal já procura realmente parceiros, e você não fura os negócios com a mesma facilidade. Eles não buscam só preços, já existe uma história, um fornecimento. Você acaba tendo certa segurança para manter o cliente. O interesse é aumentar essa dependência, estruturando bem o seu negócio, acreditando na parceria e acabando com essa coisa de querer levar vantagem entre cliente e fornecedor."

IMPROVISO CONTRA A CRISE
"Toda essa mentalidade precisa ser passada para os colaboradores. O caminho é a busca da capacitação tecnológica, baseada na inovação e no envolvimento do funcionário. Com pequenas coisas, conseguem-se grandes transformações, mudando o processo de fabricação e tornando o produto competitivo. Fizemos um trabalho com a USP, de círculos de qualidade, que consistia em levar o chão de fábrica ao cliente, gerando uma aproximação de engenharias, de desenvolvimento. E já existe um trabalho contra a resistência às mudanças.
Sei de um cliente que conseguiu desovar estoques, transformando os funcionários num canal de distribuição, permitindo que eles comprassem o produto num valor até 30% do salário. Esse tipo de improviso é a maneira de enfrentar problemas de mercado. Acho que a luta mais importante é fazer com que o Brasil se torne cada vez mais sério."


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