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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 186 (29/10/1995)

Bar Popular Também Precisa de Mudança

Depois que os americanos vieram até aqui mostrar aos brasileiros como se ganha dinheiro vendendo sanduíche, fica difícil negar a necessidade de mudar radicalmente a forma de fazer qualquer tipo de negócio. Até mesmo o tradicional bar que vende pinga e petiscos já está rendendo-se diante das novidades. Há um motivo para isso: os consumidores, agora, possuem outros referenciais e pressionam os que ainda se recusam a se modificar.
Foi o que aconteceu com o cearense Raimundo Nonato de Oliveira, dono do Bar Rancho Nordestino - tel.: (011) 606-7257 -, situado no bairro da Bela Vista, em São Paulo. Ele precisou investir o que não tinha para atrair novamente a freguesia, que, a partir de outubro do ano passado, começou a escassear. Chegou um momento em que ele cansou de assistir ao declínio do seu Bar do Norte, como é conhecido, e resolveu agir.
Pediu, então, ajuda ao SEBRAE/SP e foi aconselhado a fazer uma reforma radical, trocando piso, pintando paredes, colocando toalha nas mesas, investindo em marketing, entre outras providências.
Hoje, ele está satisfeito com os resultados e sente-se preparado para o reaquecimento da economia, que espera ocorrer em breve. No depoimento a seguir, Raimundo prova a importância da criatividade e da ousadia para salvar um empreendimento.

FREGUÊS VIRA PROPRIETÁRIO
"Meus pais tiveram quinze filhos, e metade veio para São Paulo ganhar a vida. Comecei numa fábrica de móveis na Vila Ré, mas acabei mudando-me para o centro da cidade e fui procurar emprego no restaurante Almanara. Falei que tinha experiência, mas minha carteira de trabalho estava em branco. Disse que na época era menor de idade, e eles, então, falaram para eu dar o endereço do restaurante onde eu tinha trabalhado. Falei que até podia dar, só que ele ficava em Fortaleza, que era para ninguém ir atrás, pois, se fosse, não ia achar nada mesmo.
Mas consegui a vaga de garçom e fiquei lá um ano e quatro meses. Saí de lá e arranjei lugar como copeiro numa cantina. Virei dono de bar porque eu era freguês do Rancho Nordestino, e o antigo dono facilitou tudo. Era um lugar pertinho de onde eu trabalhava e toda a noite a gente ia tomar um caldo de mocotó e umas pingas. O dono perguntou se eu queria comprar, e eu falei que não podia. Ele insistiu, fomos conversar e fechamos o negócio.
Tinha oito anos de firma, peguei o Fundo de Garantia, vendi uma perua Kombi, tomei algum emprestado e fiz uma sociedade com o meu irmão. E fui pagando devagarinho o restante, que consegui quitar em dois anos. É um bar simples, vende apenas bebidas e petiscos, como carne de sol e jabá, e fica aberto das cinco e meia da tarde às duas da manhã, durante a semana, e até as seis da manhã, no fim de semana. Hoje, sou o único dono e até o ano passado estava satisfeito com o bar."

REFORMAR OU MORRER
"Em outubro de 1994, o movimento caiu. Ou melhor, tinha movimento, o bar ficava até cheio, mas era aquele pessoal que não consumia. Um dos nossos fregueses antigos notou o problema e sugeriu-me procurar ajuda no SEBRAE, que poderia entrar com crédito, orientação e assessoria. Falei que ia pensar no assunto. Num outro dia, eu estava conversando com uns clientes e um deles, formado em Economia, falou que, na crise atual, quem não tiver criatividade vai quebrar.
Aí, eu liguei uma coisa com a outra e pensei o seguinte: bom, se eu estou na crise e não estou conseguindo sair dela, não tenho criatividade para isso, preciso, então, procurar alguém que tenha. Foi quando resolvi mesmo procurar o SEBRAE. Pedi uma orientação para ver o que poderia fazer. O consultor disse que, do jeito que o bar estava, a freguesia ia escassear cada vez mais. O aspecto do bar estava feio e, como a gente está lá todo dia, nem percebia.
Ele falou para retirar as garrafas sujas que estavam dependuradas. Eu achava que pegava bem, pois era coisa antiga, velha, fazia parte da tradição do bar. Mas ele falou para manter tudo novo, reformar tudo. Mandou trocar o piso, colocar toalha nas mesas, capa nas cadeiras, trocar a geladeira, que estava enferrujada. Mas como eu poderia fazer aquilo, se já estava devendo? Ele falou que era a única saída."

SOLUÇÃO PARA A SEGURANÇA

"Tentei crédito pelo SEBRAE, mas não consegui. Resolvi arriscar assim mesmo. Pensava que tudo iria sair por R$ 4 mil, acabou saindo por R$ 8 mil. Mas eu já consegui pagar tudo. A reforma acabou atraindo mais fregueses e também uma clientela diferente, de maior poder aquisitivo.
Fiz mais coisas: coloquei telefone, mandei fazer cartão de apresentação, pedi um projeto visual, um desenho que coloquei nas cadeiras e nos aventais dos garçons e contratei uma assessoria de imprensa.
O importante é olhar com a visão do cliente. Aí você vê os defeitos.
Para sair da crise, é importante também ter estudo. É por isso que, antes de fazer a reforma, eu retomei os estudos, inclusive para poder dar uma assistência ao meu filho. Com estudo, a gente sempre acha uma solução.
Hoje, estou preparado para a virada da economia que, se Deus quiser, não vai demorar muito. Essa crise já está há bastante tempo entre nós. O importante é que eu tive o apoio do SEBRAE, que ajuda o pequeno empresário. Eu precisei e não paguei quase nada."


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