Home











...



« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 197 (14/01/1996)

Músico Ganha a Vida comVenda Artística

Quando todas as portas se fecham e os caminhos que levam à sobrevivência acabam formando círculos, a solução pode ser encontrada num sonho antigo, numa vocação deixada para trás, num talento que sempre foi encarado apenas como hobby. Fazer o que realmente dá prazer é uma fonte de forças renovadas que acaba criando a solução antes considerada impossível.
Mas a retomada de um processo interrompido nunca acontece nas mesmas condições de antigamente, já que a experiência acumulada em outras atividades acaba sendo somada à nova fase, contribuindo para viabilizar uma decisão que parecia utópica. Quem decide, depois de muito tempo, voltar a lidar com arte, por exemplo, precisa que o pragmatismo substitua a antiga ingenuidade. A experiência de Roberto Bittencourt, tecladista de São Carlos, São Paulo, de 43 anos, bate com essa tendência.
Ele foi um garoto de banda, como muitos outros, e chegou até a tentar ser empresário artístico, quando estava na faixa dos 20 anos, mas esbarrou na falta de conhecimento para peitar o mercado. Virou bancário, representante comercial, teve sociedade numa videolocadora e acabou voltando às suas origens, desta vez por meio da RB Comércio e Representações - Tel.: (016) 274-2316 -, que empresaria uma dupla de cantores e uma banda, formada por ele e pessoas mais jovens.
A seguir, ele conta sua luta e como está conseguindo dar a volta por cima.

QUEBRADEIRA GERAL
"Fui bancário, durante nove anos, e, entre 1980 e 1989, representante comercial do setor de implementos agrícolas, trabalhando com empresa constituída. Consegui sobreviver, ter dois carros, investir na área de transportes, chegando a ter sociedade com caminhoneiros. Mas, por incrível que pareça, o mesmo ramo que me deu tudo acabou tendo uma queda tão grande que eu perdi o que acumulei. Primeiro, foi aquele 'boom' do setor no Plano Cruzado, uma explosão de vendas, com a procura maior do que a oferta, em que era fácil vender e difícil entregar. Mas, infelizmente, veio a ressaca, que gerou uma quebradeira geral em todos os segmentos e principalmente no setor agrícola. Das três representações que eu tinha, uma encerrou as atividades e a outra simplesmente quebrou. A terceira permaneceu, porque não dependia só do mercado agrícola. Se eu tivesse previsto, teria saído, antes, do ramo. Mas eu insisti, fui teimoso, pois tudo o que eu tinha conseguido veio desse setor. Fui queimando todas as minhas reservas - veículos, poupança, telefone, terrenos - e bancando o jogo. Achava que poderia trabalhar no vermelho até que o quadro mudasse. Mas, de 1988 a 1990, isso não aconteceu."

UM BAILE DO MERCADO

"Fui músico, antes de ser bancário, e, desde os 16 anos, tive bandas de bailes. Quando deixei o primeiro emprego no banco, resolvi retomar essa atividade. Recebi o fundo de garantia e resolvi apostar, confiando que conhecia o mercado artístico. Espelhei-me em outros empresários, que faziam sucesso, mas eles eram mais velhos e experientes. Acontece que o dinheiro foi acabando, não dava para viajar mais e eu só tinha vendido alguns bailes que levariam meses para dar retorno. Eu conhecia o meio artístico, mas como músico, não como empresário. Fui ingênuo. O dinheiro acabou, e fui obrigado a pedir emprestado no banco. Terminou, assim, minha primeira tentativa.
Quando o ramo agrícola quebrou, tentei outras atividades. Tive sociedade numa videolocadora e numa distribuidora de leite de soja, mas eram coisas pequenas, das quais eu não tirava dinheiro suficiente para o sustento. Meu principal problema era capital, pois estava numa situação financeira difícil, gerada pela má administração dos nossos governantes. A corda acaba arrebentando sempre do lado mais fraco, os planos econômicos não dão certo e quem paga somos nós. No caso da videolocadora, houve um enxame desse tipo de negócio na época. Era um negócio bom no começo, mas tornou-se ruim, porque muita gente quis fazer o mesmo e não existe mercado para todos. Quando havia três locadoras para uma cidade de 130 mil habitantes, era ótimo. Mas, quando temos 200 mil habitantes e duzentas videolocadoras, fica difícil. É a conjuntura nacional que gera esse tipo de situação."

ARTE NÃO É TRATOR
"Voltei a trabalhar com representação, mas em outro segmento, de soldas e acessórios. E, paralelamente, voltei a trabalhar como músico. Até que eu encontrei alguns músicos jovens e comecei a empresariar a dupla Emerson & Jeziel e a Banda Expresso Brasil. Esse segmento artístico é uma loucura. A primeira preocupação é vender o show. Depois de marcar a data, começa a correria para chegar lá, de tal forma que você agrade e possa marcar novas apresentações. Você depende do elemento humano - os músicos precisam comparecer na hora certa, ir aos ensaios; há a preocupação em montar o show; é preciso cuidar da aparelhagem, do transporte, dos figurinos etc. É diferente do tempo em que eu vendia um produto e sabia que, simplesmente, a fábrica ia remeter e descarregar o equipamento no pátio daquela concessionária.
Pretendo colocar em prática tudo o que aprendi no SEBRAE/SP, através de cursos e palestras, especialmente na área de marketing."


« Entrevista Anterior      Próxima Entrevista »
...
Realização:
IMEMO

MANTENEDORES:

CNS

CRA-SP

Orcose Contabilidade e Assessoria

Sianet

Candinho Assessoria Contabil

Hífen Comunicação


Pró-Memória Empresarial© e o Programa de Capacitação, Estratégia e Motivação Empreendedora Sala do Empresário® é uma realização do Instituto da Memória Empresarial (IMEMO) e publicado pela Hífen Comunicação em mais de 08 jornais. Conheça a história do projeto.

Diretor: Dorival Jesus Augusto

Conselho Assessor: Alberto Borges Matias (USP), Alencar Burti, Aparecida Terezinha Falcão, Carlos Sérgio Serra, Dante Matarazzo, Elvio Aliprandi, Irani Cavagnoli, Irineu Thomé, José Serafim Abrantes, Marcos Cobra, Nelson Pinheiro da Cruz, Roberto Faldini e Yvonne Capuano.

Contato: Tel. +55 11 9 9998-2155 – [email protected]

REDAÇÃO
Jornalista Responsável: Nei Carvalho Duclós - MTb. 2.177.865 • Repórter: ;
Revisão: Angelo Sarubbi Neto • Ilustrador: Eduardo Baptistão

PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTAS ENTREVISTAS sem permissão escrita e, quando permitida, desde que citada a fonte. Vedada a memorização e/ou recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de qualquer parte da obra em qualquer sistema de processamento de dados. A violação dos Direitos Autorais é punível como crime. Lei nº 6.895 de 17.12.1980 (Cód. Penal) Art. 184 e parágrafos 185 e 186; Lei nº 5.998 de 14.12.1973


Hífen Comunicação
© 1996/2016 - Hífen Comunicação Ltda. - Todos os Direitos Reservados
A marca Sala do Empresário - Programa de Capacitação, Negócios e Estratégia Empresarial
e o direito autoral Pró-Memória Empresarial, são de titularidade de
Hífen Comunicação Editorial e Eventos Ltda.