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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 244 (08/12/1996)

Um Grande Potencial a Explorar

Recentemente a imprensa informou que a produção brasileira de pescado caiu 20% em comparação com a da década de 80. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), as 934 mil toneladas produzidas em 1987 encolheram até 780 mil toneladas em 1993, enquanto no mundo cresceu de 84 milhões para 101,4 milhões de toneladas no período. No entanto, temos todas as condições para estar entre os maiores produtores: nosso território é propício à pesca, porque dispomos de águas interiores em abundância e costa marítima de 8,5 mil quilômetros. Não obstante essas fantásticas riquezas naturais, que são mal exploradas, essa indústria, por falta de amparo governamental, nunca irá desenvolver-se e profissionalizar-se, deixando a fase praticamente artesanal em que se encontra. Fogem à regra algumas cooperativas japonesas que têm estado aqui para explorar o nosso negócio.
Quem traça esse quadro melancólico, porém realista, em depoimento exclusivo, é Milton Wilson Guilherme Grosso, sócio-diretor da Metalúrgica e Mecânica Andreoni Ltda. - www.andreoni.com.br -, empresa que, há sessenta anos, fabrica peças e acessórios para a indústria náutica.

MUITA "ÁGUA" PARA CRESCER -
"Em outras circunstâncias, a indústria náutica, em que atuamos, seria um campo fantástico. Aqui, só o pobre pescador ou algum aventureiro compram um ou outro barco, por isso temos 160 mil barcos, enquanto países sem maior expressão marítima como Itália e França, por exemplo, estão com quase 8 milhões e 7 milhões de barcos registrados, respectivamente.
O governo, além de não apoiar a economia pesqueira, taxa pesadamente a fabricação de barcos, confundindo-a com lazer de ricos. Países como Coréia, Taiwan e Hong Cong, onde fui conhecer a indústria náutica, produzem ao custo de um terço do que posso fazer aqui, porque recebem incentivos oficiais. Além disso, a forte incidência de impostos e os pesados encargos trabalhistas, como não vi em nenhum desses países, praticamente inviabilizam a nossa indústria diante da globalização."

DECISÃO EMOCIONAL LEVA A PERSISTIR
"Num primeiro momento, pensei em fechar a fábrica e apenas importar as peças para revender; depois, achei preferível continuar, pois tenho família numerosa, com genro e netos trabalhando aqui, e não gostaria que a empresa morresse... Estamos tentando diminuir os custos e melhorar continuamente a qualidade, procurando concorrer com o produto importado, o que é muito difícil. Persistimos, devido ao envolvimento sentimental com a empresa.
Ela foi fundada em 1936 por Antônio Andreoni e um irmão para fabricar em fundição própria artigos para náutica, bem como para terceiros, em outros segmentos industriais. Em 1976, já idosos, os irmãos Andreoni, que eram aparentados comigo, propuseram-me que assumisse a empresa ou, então, encerrariam as atividades. Como aficcionado das atividades náuticas (já havia construído até um barco próprio, de 9 metros), sendo advogado e administrador de empresas e tendo trabalhado até l973 na área financeira de um frigorífico multinacional, decidi encarar o desafio."

TRABALHO DURO PARA CRESCER

"A empresa, que era pequena, com apenas oito empregados, desenvolveu-se para atender um mercado ocupado por poucas pequenas empresas e chegamos a empregar setenta pessoas. Apesar de pequena, a empresa tinha estrutura para ser grande, representada pela fundição própria, além do potencial de mercado. Foi necessário trabalhar duro, e muito, para crescer de maneira sadia, sem depender principalmente de bancos para poder expandir. Em minha opinião, o empresário que pretende que sua empresa cresça solidamente e sem problemas também tem de ser menos ganancioso. Percebe-se que o empresário brasileiro pensava sempre em altos lucros para poder satisfazer fantasias, como a compra de um carro novo ou ter uma casa maior, sem se preocupar com a saúde financeira da empresa. Hoje, em face da nova realidade econômica do País, os novos empreendedores estão comportando-se diferentemente e a situação já começa a modificar-se. Aquele que não tiver paciência para construir uma empresa sólida e bem alicerçada fatalmente estará fora do contexto."


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