O Mercado da Franquia Pública
O sistema de franchising
- atualmente um êxito total na livre iniciativa - também
está tornando-se excelente perspectiva de negócio nos serviços
públicos. Não obstante os Correios serem um dos poucos exemplos
de franquia no setor público, algumas empresas na área de telecomunicações,
como a Telerj e a Telebahia, também estão examinando o assunto.
Serviços de medição e ligação de água,
energia elétrica e gás, distribuição de contas,
controle de poluição e assistência técnica poderiam
ser prestados por franqueados que, assim, ampliariam o leque de serviços
ofertados, entrando em segmentos nos quais a empresa pública atualmente
não opera, contribuindo para aumentar a sua receita.
Essas são algumas das conclusões de estudo desenvolvido recentemente
pela Fundação Instituto de Administração da Universidade
de São Paulo (FIA-USP) - Tel.: (011) 212-3080 - segundo informa,
em depoimento exclusivo, o professor José Augusto Guagliardi,
coordenador do trabalho, mostrando que o sistema de franchising pode ser importante
recurso para superar algumas carências na prestação de serviços
públicos, tornando-os mais eficientes. Além disso, seria igualmente
uma alternativa para reduzir a mão-de-obra do setor, permitindo que uma
parcela desses funcionários experientes e treinados possa abrir a sua
franquia.
EXIGE TRANSPARÊNCIA DAS OPERAÇÕES
"A adoção de franquias irá regular
os serviços, porque exige total transparência das operações
para que o sistema possa funcionar. Isso significa que a prestadora de serviços
para a estatal não mais poderá ser escolhida a critério
de seus dirigentes, mas sim via edital de licitação.
Esses privilégios de concessão aconteceram com as franquias dos
Correios, para os quais políticos indicaram alguns amigos, e, ao final,
as agências tiveram problemas com isso... Umas das condições
fundamentais nesse tipo de atividade é que não pode haver 'indicações',
precisa ser uma coisa aberta, com licitação e certos requisitos.
Esse negócio de por assim dizer 'amigo' não funciona,
porque, com certeza, haverá problema de incompetência. O caminho
natural será abrir a possibilidade aos próprios funcionários
que queiram desligar-se do serviço regular e conhecem o setor: trata-se
de gente de boa qualidade, que prestou concurso e tem boa formação."
EFICIÊNCIA E REGULAÇÃO
DO MERCADO
"O usuário, na verdade, quer um serviço mais rápido
e com uma base de preço, o que, atualmente, não acontece. Você
contrata serviços de eletricista ou de hidráulica e não
sabe quanto lhe irão cobrar. Geralmente, ele gasta uma ou, no máximo,
duas horas no serviço e cobra um preço absurdo, sem nenhuma consideração
para o valor real da moeda. Com a abertura do sistema de franquias, o mercado
terá regulamentação, o franqueador a responsabilidade pelo
serviço que leva a sua marca e, também, atendimento com qualidade
e presteza. O franqueado vai querer resolver logo o problema do cliente, pois,
assim, terá a remuneração pelo serviço. Ganha o
franqueador, pela imagem de eficiência e os royalties pela concessão,
o franqueado e, finalmente, o consumidor, que fica satisfeito pelo problema
resolvido a contento e rapidamente, mesmo que pague um valor maior, mas sem
ser explorado. O consumidor está ávido pela dinamização
e melhora dos serviços públicos, só que as empresas não
respondem à altura."
CONCORRÊNCIA TAMBÉM NO SETOR PÚBLICO
"Veja-se, por exemplo, o caso das telecomunicações: você
espera quase três anos para obter um telefone celular, pois a empresa
não tem condições de fazê-lo mais rápido.
Também uma ligação de água, às vezes, demora
até um ano para se conseguir. É um absurdo, pois a empresa pública
está deixando de ganhar. Ou ela parte para a concorrência e atende
o consumidor, que é o elemento mais importante do processo, ou simplesmente
terá de sair do mercado.
Isso, efetivamente, ainda não aconteceu, porque as estatais são
privilegiadas por uma reserva de mercado, uma garantia de território
para trabalhar, enquanto o setor privado enfrenta a concorrência, por
assim dizer, em cada esquina, às vezes, até mesmo da própria
marca. A situação, no entanto, está mudando, como no caso
dos Correios, em que algumas empresas particulares já oferecem serviços
que, anteriormente, eram exclusividade dele."
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