Projetos Made In Brazil
Quando se pensa em exportação, surge sempre a idéia de imensos navios ou aviões transportando toneladas de produtos ou de matéria-prima de um continente para outro. Principalmente no caso do Brasil, rico em recursos naturais e com forte potencial agrícola. No entanto, exportar tecnologia e agregar todo um arsenal de materiais a ser adquirido em função dela consiste em uma tática inteligente e produtiva, muito adotada pelas nações mais desenvolvidas. Por aqui, esse tipo de negócio está começando a contar com o apoio do governo, com destaque para o segmento de projetos para a construção civil, que possui uma história sólida de iniciativas bem-sucedidas por todo o território nacional. Em depoimento exclusivo, Antonio Othon Pires Rolim, diretor executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco) - www.sinaenco.com.br - Tel.: (11) 3258-0533, mostra como o País reúne condições suficientes do ponto de vista tecnológico para negociar a implementação de projetos brasileiros com países da Ásia da África e da América Latina.
HISTÓRICO
"A engenharia consultiva é o ramo de atividades que cuida do planejamento e das análises de engenharias de situações físicas e de demandas de infra-estrutura. Isso envolve planejamento, estudos básicos, projetos executivos e também pareceres técnicos sobre fenômenos, situações e estados de coisas, podendo ser aplicado à área de engenharia em geral e arquitetura. As empresas desse segmento elaboram aproximadamente 400 tipos diferentes de projetos, que vão desde a construção de uma ponte até a instalação de uma usina nuclear. Nós fazemos o desenho da planta, dos objetos necessários, fazendo com que tudo seja articulado tendo em vista o produto final. Depois vem a engenharia de obras para materializar aquilo que foi projetado. A engenharia de projetos brasileira possui um histórico de realizações feitas no próprio país que nos dá condições de mostrar e oferecer essa tecnologia para outras partes do mundo."
APOIO RECENTE
"O que caracteriza um país desenvolvido é a venda de tecnologia antes dos produtos. O que eles fazem é mandar o projeto na frente para outras localidades, agregando a venda de tudo aquilo necessário à sua implementação. Muitas vezes, o projeto é fornecido até gratuitamente, mas traz todos os itens a serem adquiridos, incluindo tubulações, sistemas elétricos, hidráulicos, de informática, além do financiamento para viabilizar a negociação. A engenharia consultiva brasileira aprimorou-se bastante nas últimas décadas, detendo hoje uma tecnologia fantástica e sofisticada, especialmente na construção de pontes, de estradas e de hidrelétricas, com projetos totalmente nacionais. Já poderíamos estar vendendo toda essa engenharia para países da Ásia, da África e da América Latina, mas só agora o governo está apoiando de forma objetiva esse tipo de negócio em razão da necessidade de exportação. Como a concorrência em nível global é muito grande nesse setor, permitindo financiamentos a longo prazo e juros da ordem de 3 a 4% ao ano, é possível que o BNDES crie novos mecanismos para estimular esses programas."
CONTRIBUIÇÃO
"Já existe uma série de propostas de projetos em andamento, como a construção de uma hidrelétrica na China, além de metrôs, estradas e indústrias na América Latina. A engenharia brasileira é bastante respeitada na América Latina. Nossos profissionais são muito criativos na busca de soluções tópicas, especialmente no que se refere à arquitetura, porque nos faltam as normas e as regras de padronização rígidas que são observadas nos países desenvolvidos, onde é possível comprar um prédio inteiro em um supermercado de materiais para construção. Em termos de tecnologia, podemos exportar as formas de abordagem e de implementação de um projeto, assim como o modo de relacionamento com o empresário que vai construir a obra e com o usuário, especialmente no caso de projetos sociais. Na construção de casas em regiões faveladas, por exemplo, o profissional brasileiro tem muita habilidade para chegar e se relacionar com todas as partes envolvidas, porque já teve que fazer isso por aqui."
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