Na Rota de Colombo
Os Estados Unidos têm hoje um PIB equivalente a U$ 10 trilhões, o que representa um forte indicador da pujança desse país, da sua prosperidade e, principalmente, do enorme potencial consumidor em todos os segmentos. Trata-se de uma nação cujo Produto Interno Bruto é cerca de 15 vezes maior do que o brasileiro. Além disso, os EUA exportam U$ 1 trilhão por ano enquanto importam U$ 1,4 trilhão, gerando um déficit anual na sua balança comercial de U$ 400 bilhões. Esses dados servem para sinalizar a importância de incentivar e de manter uma sólida política de exportação com o mercado americano, o maior do mundo em termos individuais. Servem também para que o empresariado nacional procure rever a sua postura crítica em relação às medidas protecionistas adotadas pelo governo americano, buscando focar suas ações com o objetivo de incrementar essa rota comercial. Quem alerta para esse desafio crucial ao desenvolvimento da economia brasileira, em depoimento exclusivo, é José Cândido Senna, diretor da ConTrader Comércio Exterior - e-mail: [email protected] - Tel.: (11) 3259-8583.
DIRETRIZES
"Para exportar para os EUA, os empresários brasileiros precisam oferecer um produto que tenha preço e qualidade competitivos. A qualidade deve ser compreendida aqui em um sentido mais amplo no que diz respeito à satisfação do cliente e ao atendimento de todas as exigências. Isso significa atender às normas locais que dão as diretrizes de como enquadrar legalmente, rotular e embalar o produto, além da sua composição em termos de proporções de ingredientes. Qualidade significa ainda dar assistência no pós-venda e montar um esquema de reposição e recall em caso de necessidade. Com a abertura econômica iniciada nos anos 90 e a conseqüente enxurrada de produtos estrangeiros, as empresas nacionais começaram a perceber o nível de profissionalismo exigido para trabalhar com o comércio exterior. Nossos empresários vão ter que trilhar esse caminho mais cedo ou mais tarde. Aqueles que retardarem esse procedimento mais dificuldades vão ter, porque o processo de abertura para o mundo é irreversível."
ACULTURAÇÃO
"Quanto mais cedo o empresário brasileiro entender que precisa preparar-se e ter escala para ganhar mercados no exterior, o que implica assumir riscos e diversificar as demandas, maiores serão suas oportunidades de sucesso. O mercado nacional pode não estar bem hoje, mas o dos Estados Unidos está, o da Europa também, e isso permite melhor controle da situação de risco. Esse processo de aculturação é uma catequese, e há trabalho ainda para muitas gerações, porque o Brasil tem muito a percorrer para colocar realmente essas empresas na rota da internacionalização, despertando para as vantagens da exportação dentro de uma perspectiva estratégica. De modo geral, os segmentos de móveis, o agrobusiness como um todo, os produtos de plástico e do chamado setor ambiental mecânico apresentam boas perspectivas de penetração no mercado americano. Nesse sentido, há um potencial muito grande para o estudo de parcerias e associações entre empresas brasileiras e americanas que podem trazer para cá os insumos aos quais serão agregados componentes nacionais para formar um terceiro produto destinado à exportação para o próprio mercado americano ou para o restante da América do Sul."
INVESTIMENTO
"Os grandes problemas que atrapalham as exportações brasileiras podem ser resumidos em cinco itens, que são a questão tributária, o financiamento, a logística, a promoção comercial e a área tecnológica. Na área de logística, existem recursos via Internet objetivando a redução de custos. A própria Associação Comercial de São Paulo disponibiliza o site: www.logisticainternacional.com.br para esse fim. A ConTrader também contribui de forma pragmática, promovendo a integração entre as entidades, as empresas exportadoras e os despachantes aduaneiros, que possuem uma capilaridade enorme. Para as empresas nacionais que já enfrentam a concorrência dos produtos importados, um investimento na faixa de U$ 18 mil a U$ 20 mil seria razoável para dar início às atividades de comércio exterior com os Estados Unidos."
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