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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 570 (09/03/2003)

Tempo de Nacionalizar

Apesar dos numerosos efeitos negativos para a economia do País, a disparada do dólar fez com que muitas empresas encontrassem uma solução brasileira com o objetivo de substituir produtos ou componentes importados. Diante da impossibilidade de manter qualidade e custos competitivos em razão da elevada taxa cambial, muitos dirigentes empresariais foram buscar parceiros nas mais diversas localidades do território nacional e ficaram surpresos com a competência e com o profissionalismo das pequenas empresas. Além de beneficiar toda uma cadeia de negócios com a geração de novos empregos, esse processo de nacionalização também facilita a rotina corporativa em termos de logística, tornando a reposição de peças, feitas sob medida para cada caso, muito mais simples e segura. Quem garante que a troca valeu a pena é Farid Murad, diretor da Maynard Comércio Internacional, fabricante de ventiladores decorativos de teto - e-mail: [email protected]. Em depoimento exclusivo, ele relata sua experiência bem-sucedida na descoberta de novos fornecedores, que vai na contramão da globalização.

TENDÊNCIA
"Começamos a trabalhar com ventilador de teto há doze anos, com a preocupação de oferecer um produto de qualidade. Essa tendência de usar ventiladores decorativos no Brasil começou praticamente conosco, porque fomos os primeiros a introduzir esse tipo de produto no mercado. Antes, só existia aquele modelo metálico simples para ser usado em estabelecimentos comerciais. Nosso primeiro passo foi desenvolver os motores aqui, o que mudou a configuração da Maynard. Nós importávamos o produto completo, pagávamos uma alíquota alta de Imposto de Importação e de IPI. Fomos ao Fisco e mostramos que estávamos desenvolvendo o produto no Brasil, utilizando já um motor nacional. Tanto em relação ao custo quanto ao peso, nosso produto poderia ser considerado nacional pelo fato de os componentes mais importantes estarem sendo fabricados no País."

PARCERIAS
"Há dois anos, a Eletromotores Weg, de Santa Catarina, e a Maynard resolveram fazer uma parceria. O primeiro motor desenvolvido não nos satisfazia, o que nos levou a ficar alguns meses desenvolvendo uma engenharia para melhorar a performance do produto. Nós conseguimos fazer uma composição muito boa, na qual o binômio qualidade e preço agradou a todos. Como já estávamos cansados de produtos chineses, começamos também a desenvolver no Brasil as pás do ventilador com um fabricante brasileiro. Nós nos conhecemos pelo telefone, depois enviamos o desenho e ele mandou a pá praticamente do jeito que queríamos, com poucos detalhes para ajustar. Existe muita gente boa nesse país. Procuramos um fornecedor no meio do nada e ele conseguiu montar uma obra-prima, em vários tons, pronta e balanceada. Acabamos descobrindo também mais um fornecedor de peças, uma indústria de repuxo localizada em Itaquera, que é outro parceiro de mãos dadas com a gente. Consideramos os nossos fornecedores as melhores empresas brasileiras em matéria de componentes metálicos."

ADAPTAÇÃO E RISCO
"Tudo aquilo que faz parte da indústria da iluminação hoje já dá para ser fabricado no Brasil, com a grande vantagem de termos apoio logístico e assistência técnica no local. Além disso, eliminamos todos os gastos e a burocracia para a liberação dos contêineres. Quanto mais humilde o fabricante, mais ele vai ter disposição para melhorar a produção. Se for necessário investir neles, nós investimos para que a empresa possa desenvolver um produto de qualidade. É preciso haver uma relação de confiança mútua, mesmo que envolva risco, mas isso faz parte do negócio. O industrial brasileiro que tiver perseverança e for otimista consegue nacionalizar o seu produto. Dificilmente, voltaremos a importar, porque tivemos paciência e o cuidado de fazer um trabalho de busca de pequenos fornecedores, sabendo orientá-los quando eles precisavam de ajuda. Nós encontramos a solução tupiniquim, este é o caminho. Estamos saindo para vender ventilador brasileiro lá fora, iniciando um processo de exportação, ou seja, estamos virando a mesa, passando de importadores a exportadores."


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