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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 773 (28/01/2007)

Pequeno Notável

O pequeno empreendedor por ofício, aquele que herdava da família a missão e a habilidade de dar continuidade a um ramo de negócio por simples tradição, está desaparecendo no mercado para dar lugar a um outro tipo de empreendedorismo que se aprende cada vez mais por meio da capacitação e do profissionalismo. Muitos deles, sem nenhuma experiência administrativa, investem tempo e recursos financeiros próprios depois de uma vida de trabalho, partindo para a livre iniciativa na busca de melhorar os serviços prestados, e quem sai ganhando com essa evolução é sempre a sociedade. Um bom exemplo dessa mudança é o caso do engenheiro Gilberto Sanches, fundador e diretor da Lar e Arte Marcenaria Ltda. - www.larearte.com.br. Depois de trabalhar 27 anos no desenvolvimento de protótipos para automóveis, ele decidiu assumir o sonho de abrir uma marcenaria com atendimento personalizado. Fez isso por gostar de atividades manuais, sem ter cliente algum, mas com o objetivo de colocar em prática todo o conhecimento de uma vida. Em depoimento exclusivo, ele fala da alegria de ter sido premiado pelo Sebrae-SP, por meio da participação na APL - Arranjo Produtivo Local da Região Metropolitana de São Paulo, e do prazer em conquistar clientes que acabam se tornando amigos.

FOCO
"Atualmente existem clientes para todo tipo de negócio. A grande diferença está em descobrir como o produto deve ser oferecido para surpreendê-los e estimulá-los. Eu tenho como referência o McDonald's, que atrai sua clientela oferecendo alegria, e não apenas lanches. A comida é vendida com excelente lucro, mas a estratégia da rede é vender alegria, assim como a nossa estratégia é fazer com que o cliente se sinta feliz com a maneira como estamos adequando as roupas dele no armário, além do jeito de ensinar a organizar os objetos naquele móvel que ele está planejando. Nós vamos até à casa do cliente, fotografamos o modo dele viver e como dispõe os componentes da casa. Seja uma pessoa mais tradicional ou mais moderna, hoje nós já conseguimos identificar com grande facilidade, o que acaba sendo um diferencial importante que temos a oferecer ao mercado".

PREMIAÇÃO
"Atendemos a um público variado, clientes com apartamentos pequenos e médios, bem como aqueles que moram em imóveis no valor de R$ 5 milhões, sempre com qualidade e praticidade. Acredito que chamamos a atenção do Sebrae-SP em razão da seriedade e do respeito que dedicamos ao cliente. Fazemos tudo muito certinho e somos tão respeitados pelos clientes, que acabamos nos tornando amigos. Isso também acontece com os fornecedores que são nossos parceiros fortes. Por isso, contratamos pessoas com referências, porque colocamos funcionários dentro da casa do cliente. Estamos sempre acompanhando o serviço e se o cliente tiver dúvidas, basta ligar-nos para esclarecê-las. Antes de entregar o móvel na casa do cliente, procedemos a sua montagem na marcenaria e o convidamos a vir fazer uma visualização e sentir se é aquilo mesmo o que deseja. Caso queira fazer alguma alteração, vale a pena arcarmos com as modificações para respeitar a vontade do cliente e fidelizá-lo".

PONTO DE EQUILÍBRIO
"Pretendemos manter a empresa pequena, estamos pensando em ter uma produção padronizada para que possamos passar de forma mais tranquila pelos picos de ociosidade. Para isso, precisamos fabricar um produto que banque pelo menos o custo fixo da empresa. Com esse objetivo, estamos junto com o Centro São Paulo de Design desenvolvendo uma pequena linha de prateleiras multiuso que não pode ultrapassar 20% da nossa produção total. Quando uma empresa começa a se expandir, ela se depara com barreiras complicadas como encontrar mão de obra qualificada e manter aquele acabamento fino que faz com que o cliente se sinta seguro. Crescer um pouco é interessante, até chegar aos 20 funcionários. Esse é o ponto de equilíbrio em relação ao mercado, mas, para tanto, temos que mesclar uma produção padronizada com outra feita sob medida e com atualizações constantes, porque a antiga figura do marceneiro por ofício está em extinção".


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