No Centro das Decisões
Entre todas as profissões que compõem a estrutura social a que mais demonstra identidade e se beneficia com o desenvolvimento do empreendedorismo é a do contabilista, até mesmo por determinação da lei, que obriga todas as empresas a terem ou a utilizarem esse serviço para validarem a contabilidade perante o Estado. No entanto, como nas últimas décadas, as questões tributárias transformaram-se no foco das atenções dos dirigentes empresariais e a área contábil teve que assumir essa função controladora e burocrática, perdendo de vista a sua essência primordial de gerar informações atualizadas para a tomada de decisões estratégicas. Atualmente, com o cruzamento de dados on-line pelas esferas governamentais, chegou a hora de o contabilista retomar o seu lugar no primeiro escalão no universo corporativo por meio do resgate das suas funções essenciais, que visam a participação ativa na construção de uma sociedade mais humana e, ao mesmo tempo, cada vez mais produtiva e atualizada. Esse foi um dos temas da 20ª Convenção dos Contabilistas do Estado de São Paulo, promovida pelo Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo (CRC-SP), de 15 a 17 de agosto no Anhembi, em São Paulo. Em depoimento exclusivo, Luiz Antonio Balaminut, presidente da entidade, - e-mail: [email protected] - Tel.: (11) 3824-5350 -, faz um balanço do evento, destacando a nova formação do contador do século XXI.
ALÉM DOS NÚMEROS
"Neste ano, fizemos a abertura da convenção com as entidades em conjunto para trabalhar a questão do companheirismo e da união. Procuramos, portanto, focar também um item muito importante, que consiste em ir além da parte técnica da profissão e englobar os aspectos culturais como um todo, buscando desenvolver as habilidades humanas para formar contabilistas por inteiro, e não apenas detentores dos conhecimentos específicos da área. Na abertura, nós quisemos levar essa nova proposta por meio de um show e depois tivemos o coquetel para estimular o relacionamento e a confraternização. Levamos ainda para esse encontro o que chamamos de eventos paralelos, com a participação do CRC Jovem, do CRC Social e do CRC Mulher, que são alguns movimentos que estamos desenvolvendo hoje em âmbito político com o objetivo de incentivar o crescimento da profissão."
INFORMAÇÃO PRESENTE
"A contabilidade deve gerar informações para tomadas de decisões fundamentais ao crescimento empresarial, mas acabou não fazendo isso para cuidar principalmente da parte burocrática do recolhimento de tributos. Nós temos que oferecer às empresas uma informação presente e com uma visão de futuro para orientar os dirigentes. Nós temos que ser orientadores, porque todas essas empresas passam pelas mãos dos contabilistas. Como a mortalidade das pequenas empresas ainda é muito alta, segundo dados do Sebrae, temos que responder para a sociedade, porque atrás disso vem a geração de empregos. Os empresários devem procurar o profissional contábil que tenha boa qualificação e pagar o preço justo. O importante é fazer com que eles acordem para encarar o contabilista como um parceiro de fato, com capacidade estratégica para o desenvolvimento do negócio, e não como alguém para ajudar a pagar os impostos."
NOVO RUMO
"Há uma necessidade urgente de mudança de rumo na atuação contábil. O trabalho junto ao nicho tributário, relativo às numerosas declarações que controlamos e emitimos para pagamento todos os meses, tende a se exaurir, porque, uma vez que o governo começa a deter essas informações em um banco único de dados, esse trabalho retorna para a administração dele. Por essa razão, é necessário voltarmo-nos para a nossa verdadeira essência, que é a geração da informação com análise e orientação ao setor empresarial, mostrando os caminhos possíveis para manter uma empresa viva e sustentável. Nesse sentido, o contabilista precisa reestruturar-se por meio da educação continuada para compreender o mundo empresarial, além de fazer outros cursos para aprimorar a inteligência e entender melhor a sociedade no contexto globalizado, por meio de conhecimentos gerais, incluindo o aprendizado de idiomas para atender matrizes e filiais fora do País, tendo sempre como foco o bem-estar social."
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