Vender Também Exige Gastos
Num mundo globalizado, em que predomina uma concorrência cada vez mais acirrada, com certeza, os vencedores serão as empresas que derem prioridade à adoção de estratégias para motivar e expandir as vendas, utilizando o marketing, com sua multiplicidade de eficientes instrumentos promocionais e de comunicação. De nada adianta ter produtos ou serviços de qualidade, assistência técnica e suporte eficientes, bem como o compromisso com o pleno e adequado atendimento ao mercado, se isso não é comunicado aos consumidores, envolvendo-os e criando um relacionamento mútuo sadio e estável. Hoje, não importa saber "quanto se gastou" na operação comercial e sim registrar "quanto foi ganho no final". Trata-se de investimento de retorno certo. Tal é a opinião de Valdir Abdallah, diretor comercial da Di Cesare Tecidos e Confecções Ltda. - e superintendente da Distrital do Ipiranga da Associação Comercial de São Paulo, que, em depoimento exclusivo, destaca, ainda, o predomínio absoluto da área comercial como fator de sucesso - e até de sobrevivência. A seguir o seu relato.
APRENDENDO COM OS "TIGRES ASIÁTICOS"
"O emprego da propaganda corporativa (não apenas aquela visando especificamente as vendas), mostrando uma imagem de empresa 'vencedora', leva os consumidores a comprar três vezes mais seus produtos, bem como aumentam, em média, 2% a cotação de suas ações em bolsa, conforme se comprovou em pesquisas feitas pelos norte-americanos. Durante a Copa do Mundo nos Estados Unidos, pude testemunhar o quanto se gastou em promoção, marketing e publicidade; em compensação, o resultado foi uma enormidade de dinheiro, indicando que o trabalho de base foi altamente profissional. A meu ver, passado o caminho pedregoso que estamos trilhando, certamente iremos acordar para nova realidade - e aprenderemos com os 'tigres asiáticos', que estão chegando ao Brasil e sabem vender. Precisamos ser dinâmicos em todos os segmentos, mais ainda em promoções, marketing e publicidade, para alcançar e motivar efetivamente o consumidor. Estou otimista, convencido de que o empresariado está evoluindo e a situação começa a modificar-se."
"O CORAÇÃO" DA EMPRESA
"A atividade de vendas ocupa 80%, talvez o equivalente a 90% da vida empresarial, significando, na prática, o seu próprio 'coração', pela alta importância não somente para a sobrevivência como fonte de recursos mas até para dar seqüência à sua operação. Por exemplo, até para lançar um mostruário dos modelos que deverão prevalecer no verão e no alto verão, os nossos estilistas elaboram estudos com base em tendências do segmento sinalizadas pela área comercial, procurando nortear a nossa vida empresarial nessa direção. Evidentemente, não quero desmerecer o fator social da organização - os funcionários -, a razão mesma de sua existência, apenas mostrar que, sem resultados comerciais, não iremos dispor dos elementos necessários - não apenas os recursos financeiros - para a plena realização dos objetivos da empresa. Essa é a diferença marcante entre a estatal, sem preocupação com os resultados e a falência, e a empresa particular, que não pode tirar o olho do mercado e tem de 'vencer uma guerra por dia' para não desaparecer."
O IMPORTANTE É "SABER VENDER"
"Eu já tinha cumprido jornada de mais de uma década numa indústria têxtil, como gerente nacional de vendas, quando, juntamente com outros familiares, decidimos fundar, há catorze anos, uma indústria de confecções para atender a juventude com a moda chamada street wear. Optamos pela estratégia de atuar também no varejo, com nossas próprias lojas, porque o objetivo inicial era somente atender a clientela lojista. Assim, conseguimos adotar estratégia mais condizente com as novas circunstâncias definidas pela enxurrada de planos econômicos. Acredito que atravessamos fase de transição para o Brasil do século XXI, que, do ponto de vista das empresas, implica 'saber vender'. Às vezes, essa transição é demorada, e podemos até testemunhar situações delicadas. Contudo, o País é viável, bastando observar o fluxo contínuo de grandes investimentos externos - isso fortalece a minha crença no futuro."
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