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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 171 (16/07/1995)

Como Aprender a Partir dos Erros

Todo empresário precisa aprender a natureza da própria função, para evitar confusões, desespero, inadimplência e até suicídio. Um bom mecânico, por exemplo, pode ir à falência se não souber administrar seu próprio negócio. Isso pode acontecer, especialmente entre os ex-funcionários, que trazem a cultura do vínculo empregatício para uma realidade em que imperam outros parâmetros, bem mais sutis e perigosos do que uma rotina remunerada.
Moisés Dionísio de Paiva, que trabalhou na Cosipa por doze anos, errou muito antes de firmar-se com sua Paper Indústria e Comércio de Blocos e Materiais de Construção Ltda. - Tel.: (011) 459-1945 -, de Ribeirão Pires. Seu objetivo era ganhar mais, mas acabou perdendo casa, carro e até precisou vender negócios, como uma fábrica de blocos e uma loja no centro da cidade. Hoje, com a empresa consolidada, ele sabe que poderia evitar os problemas se soubesse renegociar dívidas e gerenciar melhor seus empreendimentos.
Sua experiência empresarial de oito anos foi anotada em um bloco que funcionou como uma memória permanente das decisões tomadas, dos cenários enfrentados, dos erros cometidos e das soluções encontradas. Esse acervo particular serve como referencial e advertência e mantém Moisés alerta para as armadilhas do mercado. No depoimento a seguir, ele faz um inventário desse processo, no qual recapitular cada gesto significa fazer autocrítica, assumir os erros e, assim, preparar-se direito para o planejamento, a sobrevivência e o crescimento.

CAPITAL, O PRIMEIRO TOMBO
"Fui inspetor de qualidade na Cosipa e forcei minha saída, pois minha finalidade era ter um negócio próprio para aumentar os ganhos. Mas entrei no mercado sem noção, comecei a me afundar e a encontrar um monte de problemas. Queria montar com um colega uma casa de sucos e lanches, mas alguém me ofereceu a fábrica de blocos, que já estava funcionando, só que estava endividada, quase falida. Eu acreditava que a coisa não seria tão difícil, que era só vender, ganhar dinheiro e pronto.
Mas passei por um sufoco danado, pois a coisa não é bem assim. É preciso adaptar-se a todo um processo de administração. A primeira dificuldade foi a financeira. A gente sempre acha que tem capital suficiente, mas, na realidade, não tem. Às vezes, até possui capital, mas, se você não aprende a administrar, ele vai deteriorando-se. O correto é comprar bem para vender bem, negociar direito, não comprar coisa fora de hora, evitar desperdício, não cair na conversa de muito vendedor que trabalha em função dele mesmo e acaba prejudicando. Você empata capital onde não devia e entra em despesas desnecessárias, como taxas para a burocracia em geral.
Há chances de erros também na propaganda: se você investe errado, não há retorno. De repente, você está sem capital e numa situação difícil."

EXPERIÊNCIA SALVA NEGÓCIOS
"O maior problema do empresário é a falta de conhecimento, de preparo para as suas funções. Ele precisa aprender mais e procurar todo o tipo de informação. Na maioria dos negócios fracassados, o empresário não sabe que ele é um administrador. Independente do tamanho da empresa, é preciso estar a par de tudo o que acontece no seu setor, como clientes, vendas, compras, estoque, contabilidade, empregados, impostos, fornecedores, publicidade, concorrentes, estado de espírito seu ou da empresa, mercado financeiro etc.
Sem uma boa matéria-prima, por exemplo, o bloco não saía com qualidade, deixando o cliente insatisfeito. Outro problema é a escolha certa da mão-de-obra. Às vezes, por amizade ou gratidão, colocamos uma pessoa para chefiar a equipe. O correto seria colocar um profissional adequado, capacitado para a função. Isso gerava muitos conflitos.
Fiquei três anos com a fábrica de blocos e atribuo meus problemas à falha administrativa, falta de flexibilidade, de experiência e de conhecimento. Fiz tudo errado na época: compra, venda, produção, produtividade. Hoje, com o que eu sei, a fábrica iria para a frente."

OURO OU MINHOCA?
"Montei uma loja de material de construção no centro da cidade, mas, por apenas três meses, acumulando dívidas, e resolvi ficar apenas com a loja na periferia, que atende a vários bairros aqui da região. Tudo depende do consumidor local, e isso você vai aprendendo aos poucos. Às vezes, você não dispõe do produto mais consumido onde você está estabelecido. É aquele negócio: de repente o cara vende ouro e não ganha dinheiro, o outro vende minhoca e ganha. Às vezes, o melhor negócio do mundo é o que você tem nas mãos, mas não sabe fazer a coisa funcionar.
Fui descobrindo as coisas através de cursos como o de contabilidade financeira, no SEBRAE/SP. Com o tempo, você aprende a conviver com as dificuldades, inclusive as macroeconômicas. Com as anotações que eu faço, fui colocando tudo o que eu enfrentei, e isso me serve até hoje. Teve época em que eu sentia medo quando o dia amanhecia. Hoje, decidi parar de reclamar e estou planejando, colocando tudo sob controle. Quero gerar emprego e desenvolvimento. Neste ano, quero recapitalizar-me e, em 1996, agilizar a publicidade."


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