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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 172 (23/07/1995)

Europeus chegam para fazer negócio

A integração de mercados extrapola o limitado universo do intercâmbio comercial e abre um vasto horizonte de parcerias internacionais. A nova ordem mundial está sendo amparada por programas de cooperação de amplo espectro, que estabelecem cenários seguros para novos investimentos, transferência de tecnologia, "joint ventures", aumento da produção etc. Independentemente do tamanho da empresa, é possível, hoje, conectar canais que significam sobrevivência, crescimento e saltos de qualidade. Basta ficar atento ao insumo básico dessa mudança radical: a informação.
O senhor Michel Cailloüet, conselheiro para a América Latina junto à Comissão Européia, é uma das pessoas-chave desse processo. Ele participa do trabalho de aproximação empresarial, colocando na mesma mesa interesses comuns de europeus e latino-americanos, com excelentes resultados. Um dos exemplos é sua presença na Europalia'95, um fórum de integração para o setor agroindustrial realizado em junho, em São Paulo, com o apoio do SEBRAE/SP - tel.: (011) 279-6877, ramais 319 e 410.
O potencial dos projetos em andamento exige uma sensibilização imediata dos empresários brasileiros, que, na maioria, ainda não acordaram para o fato de que poderão acessar o mercado da União Européia, formado por 350 milhões de pessoas com elevado nível de vida. E que mercados emergentes, como o nosso, exercem forte atração no Primeiro Mundo.
No depoimento a seguir, ele fala sobre as infinitas possibilidades oferecidas por essa nova realidade.

CAPITAL DE ARRANQUE
"Com a entrada da Áustria, Suécia e Finlândia, a União Européia é formada, hoje, por quinze países e representa 40% do comércio mundial. Calculamos que, entre cinco ou seis anos, poderemos estabelecer um acordo de comércio entre os dois blocos econômicos, União Européia e Mercosul. Nesse contexto, é importante desenvolver relações entre nossas sociedades, especialmente no mundo empresarial, e favorecer os interesses comuns. Para isso, temos instrumentos básicos de aproximação.
Um desses instrumentos possibilita a criação de 'joint ventures', empresas mistas com participação mínima de 10% do sócio europeu, que podem envolver tanto capital quanto tecnologia. Isso funciona através de uma rede de cem bancos e instituições financeiras internacionais, com nosso apoio nas diferentes fases da criação do empreendimento. Já foram criadas mais de setenta 'joint ventures' através desse programa.
Para que ele funcione, é preciso agir com a segurança de que a proposta é viável, corresponde ao mercado e que a tecnologia pode ser transferida, a nível fiscal e de capacitação. Por isso, podemos co-financiar estudos de viabilidade, antes da decisão final. Além de co-financiar a operação-piloto, podemos, também, intervir na cobertura de 50% dos custos, até um teto de US$ 300 mil. A rede de bancos que trabalha conosco pode emprestar um capital de arranque para o projeto decolar, que corresponde a 20% de um máximo de US$ 1,2 milhão."

PROJETOS SELECIONADOS
"Esse é um sistema aberto, adequado às necessidades do setor privado e não se limita a projetos de tecnologia. Atinge todos os setores da vida econômica, como agricultura, indústria, mineração, serviços etc. Para viabilizar esse tipo de mecanismo, precisamos de instituições que façam a seleção dos projetos. Só na União Européia, existem 16 milhões de empresas, e isso impossibilita o acesso direto.
Temos no Brasil organismos institucionais, como o SEBRAE, para identificar as possibilidades. Existe, inclusive, um fundo para a capacitação de engenheiros para o estudo desses projetos. O problema é que temos bancos em toda a Europa e em vários países da América Latina, mas ainda nenhum no Brasil. Espero que isso seja solucionado em breve.
Outra iniciativa importante para acelerar o fluxo dos contatos é o programa AL-Invest, que funciona há um ano. Em primeiro lugar, estamos criando, através de organismos existentes, como câmaras de comércio e federações patronais, uma rede de eurocentros de cooperação empresarial. Já foram criados cinco desses eurocentros, em Porto Alegre, em Curitiba, no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e em São Paulo. A idéia é preparar os empresários para encontrarem um sócio europeu. Em contrapartida, na Europa temos a Coopeco, que é uma rede de cooperação econômica com 180 membros, específica para acompanhar os contatos com a América Latina."

INSTITUIÇÕES FORTES
"Os europeus estão interessados na América Latina, que possui mercados emergentes e onde é mais fácil trabalhar do que na Ásia, por exemplo, pois temos uma cultura comum. É importante agir em sintonia para competir a nível mundial. Os europeus querem, em primeiro lugar, uma associação comercial para poder vender produtos no Brasil e, em segundo, uma forma de transferir tecnologia.
O processo de integração é complexo e mais completo do que o simples intercâmbio. Inclusive já estamos desenvolvendo, há três anos, um programa especial de apoio ao Mercosul, transferindo tecnologia de integração, orientação sobre problemas aduaneiros, normas técnicas etc. Existe um Centro de Formação e Integração Regional em Montevidéu para transferir essa tecnologia de integração. Para isso, contamos com instituições fortes de apoio, como a Comissão Européia e a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI), entre muitas outras."


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