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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 183 (08/10/1995)

Informática Adoça Gerenciamento

Sobram motivos para desconfiar da informática. Nos anos 80, ela era emergente, rara, desconhecida e com pouca diversidade. Era a época em que as pessoas não distinguiam software de hardware. "Basta jogar os dois no chão", diziam os engenheiros. "O que faz barulho é hardware." Nos anos 90, motivos opostos mantêm a mesma resistência: o excesso de ofertas e a falta de uniformidade de equipamentos e programas ainda afastam muita gente do computador.
A pedagoga Líria Satomi Tamura era uma dessas pessoas. Até o início do ano passado, nem sabia mexer num micro, mas o crescimento da sua Lyrical Cakes - tel.: (011) 289-2385 -, uma confeitaria especializada em doces leves - com pouco açúcar e ingredientes naturais - que ela fundou há quatro anos, pressionou sua má vontade. Não teve outra alternativa senão sentar em frente ao teclado e sair pesquisando programas adequados às suas necessidades.
Líria passou por todas as fases conhecidas pelos microempresários: os duros tempos iniciais, em que a dedicação exclusiva ao negócio ameaça virar paranóia, o vislumbre dos furos existentes no esquema, a busca de fornecedores honestos, a luta por um lugar no mercado e, finalmente, a perspectiva de crescer e desenvolver-se.
No depoimento a seguir, ela fala dessa trajetória, apoiada no seu bem-sucedido esforço de informatização.

MEU NEGÓCIO É FAZER NEGÓCIO

"Sempre fui apaixonada por doces. Quando criança, minha mãe convidava as amigas para tomar um chá em casa e ela ficava encarregada dos salgados. Os docinhos eram comigo. Ela tem um antiquário, mas, como dona-de-casa, sempre estava atrás de livros de receitas para fazer experiências culinárias. Minha vocação vem desse ambiente.
Quando visitei o Japão pela primeira vez, aos 18 anos, fiquei fascinada pelos doces de lá e cheguei a sugerir para meu pai abrir uma confeitaria no Brasil. Depois que me formei em pedagogia e estudei um ano de especialização educacional no Japão, resolvi voltar e montar meu próprio negócio. Cheguei até a vender antiguidades, mas não me entusiasmava por esse ramo. Comecei, então, usando a garagem para fabricar os doces e acabei tomando conta do resto da casa.
Hoje, tenho três pessoas na cozinha, quatro no balcão e mais uma secretária. Trabalhamos com um novo conceito de confeitaria, que vem da cultura japonesa, da minha família, que é produzir doces leves, usando frutas frescas, chocolate de verdade (meio amargo, nunca ao leite), chantilly honesto, evitando todo tipo de imitação ou misturas. Fazemos, também, uma versão mais leve de doces, como o sacher, que é uma torta européia, tradicional, à base de chocolate com damasco. Como tenho preço competitivo e os insumos são mais caros, a margem de lucro acaba sendo menor."

RECEITAS NO MICRO
"A vida do empresário é difícil, mas não é ruim quando você gosta do seu trabalho. Não tenho preconceito de trabalhar no fim de semana. Faço de tudo aqui, desde trabalho de confeiteira até mesmo de balconista ou faxineira. Mas, nos primeiros dois anos de empresa, eu era exagerada, neurótica de tanto trabalhar, e não sabia como administrar o tempo. Minha vida era uma bagunça, pois trabalhava demais e não rendia.
Consegui organizar-me e, hoje, me sinto bem mais saudável. Procurei o SEBRAE/SP para aprender a mexer em microcomputador. É preciso aprender coisas que realmente ajudem. Muitas vezes, fiz cursos que não soube aplicar aqui dentro, que não faziam parte da minha realidade. Para me informatizar, descobri que o curso, também, não correspondia às minhas expectativas, pois eu dividia um equipamento com outro aluno. Então, através do SEBRAE/SP, comecei a receber aulas na minha empresa.
Aprendi a mexer no editor de textos, a fazer planilhas de custos, a etiquetar, fazer fluxo de caixa, relatórios do mês, relatórios de vendas, todas as entradas e saídas etc. Depois de muito pesquisar, encontrei um programa ideal para confeitarias e padarias. Hoje, faço até ranking de produtos - nosso campeão é a salada de frutas -, podemos detectar a perda de cada produto, quanto sobra e precisa repor. No meu fluxo de caixa, eu coloco tudo o que eu gasto em matéria-prima, bebida, embalagem, manutenção pessoal, telefone, aluguel, limpeza. Formatei as receitas e coloco tudo no micro."

UMA LOJA PARA CONFEITARIAS

"Tinha muita resistência à tecnologia. Sinto mais prazer em estar na cozinha, criando um novo produto, trabalhando com o pessoal lá embaixo, do que ficar em frente do computador, tentando resolver as coisas. É preciso disciplina: todas as manhãs devemos ligar o equipamento, pedir para ninguém interromper, atualizar os dados, fechar o caixa. Outro problema são os programas pirateados e os computadores velhos e obsoletos. É melhor comprar um micro novo e programas de última geração.
Para enfrentar a sazonalidade - no verão, as vendas de doces caem -, estamos lançando um rocambole exclusivo, diferente. Até vendo sorvete aqui, mas não sei fazer. Outra medida foi reformar a cozinha, ampliando a capacidade de produção. E também estou partindo para outro negócio, junto com um sócio: A Baker Importação e Exportação, que é uma loja especializada em acessórios para confeitarias."


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