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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 216 (26/05/1996)

Automatização Gera Negócios

Colocar a culpa do fechamento de empresas e do desemprego na tecnologia é um consenso fundado numa fraude. Ao contrário do que o saudosismo e a incompetência costumam invocar, a automatização libera a mão-de-obra para novas tarefas que são engendradas num mercado mutante e cria oportunidades para quem tiver disposição de competir.
Quem garante essa argumentação, na prática, são empresas como a Eletroar Comércio e Montagens Industriais. Com 25 funcionários, ela é uma invenção do eletricista Hernani Pereira Moura, que trabalhou muitos anos como técnico em empresas como Volkswagen e Villares. Em 1988, Hernani decidiu montar seu próprio negócio, fazendo instalações e manutenção na indústria em áreas altamente automatizadas.
Adepto da terceirização, do treinamento permanente da mão-de-obra, dos custos baixos e dos orçamentos adequados a uma economia em processo de estabilização, Hernani expressa as tendências mais significativas de um cenário que mudou, inclusive, a imagem do empresário brasileiro.
No depoimento a seguir, ele fala sobre essas transformações e como soube adaptar-se a elas.

TRABALHANDO COM ROBÔS

"Nossos principais clientes são as montadoras do setor automotivo, como a Volkswagen, a GM e a Ford, mas prestamos, também, serviços para pequenas e médias empresas, pois a automatização, hoje, é geral na indústria brasileira. Existem vários estágios numa determinada linha de montagem que trabalha em sincronia com os robôs. Nós confeccionamos o projeto, mais ou menos conforme a idéia do cliente, fabricamos as peças ou mandamos fazer fora. Fazemos todos os acertos onde vão ficar os robôs e implantamos todas as interligações entre um e outro robô. Instalamos, por exemplo, esteiras transportadoras, automatizamos prensas e fabricamos qualquer tipo de painel, elétricos e eletrônicos, para robotização, movimentação de cargas, instalações. E também cuidamos da manutenção.
Uma grande montadora tem vários fornecedores pequenos, que precisam trabalhar de maneira ágil. É preciso acompanhar as mudanças, senão você fecha as portas. Se um determinado carro começa a vender muito, os fabricantes aumentam a capacidade e podem mudar a linha rapidamente.
Um robô pega um alicate de solda, que pesa uns 60 quilos, e faz o serviço. Quem fazia isso era o operador, que trabalhava determinado tempo e ficava com dor nas costas. O robô não está tirando emprego dessa pessoa, está dando condições para ela se expandir, mudar, pois a pessoa ficava lá o dia inteiro, fazendo as coisas mecanicamente. Era um simples ajudante e ficava ali a vida inteira. Hoje, ele pode especializar-se em mexer com o robô e trabalhar em outras áreas."

ELETRICISTA TORNA-SE ADMINISTRADOR
"Eu me formei eletricista em 1978. Enquanto fazia o curso técnico de eletrônica, trabalhava como funcionário. Mas o pessoal chamava-me para fazer alguns 'free-lancers', e começou desse jeito. Eles pediam um projeto, davam-me uma equipe, eu supervisionava. Em 1988, trabalhando ainda como empregado, eu montei a empresa.
Entrei com a cara e a coragem, pois não tinha capital de giro. Investi a poupança, vendi um carro e precisei administrar isso muito bem, pois meu salário na Volkswagen era razoável. Mas eu sempre quis trabalhar por conta própria. Ganhei muito menos em relação ao tempo em que era funcionário, mas estou feliz e faço o que gosto.
Formei-me, também, em administração de empresas e fiz vários cursos para poder enfrentar as dificuldades que foram surgindo. Tinha que cuidar da parte técnica e da parte administrativa, pois não dispunha de pessoal especializado nessas duas áreas. Hoje, cuido só da supervisão, posso dar as costas que o serviço sai bem feito, pois tenho gente treinada para isso. Costumo contratar um eletricista comum e dar treinamento. Muitas vezes, a gente perde um funcionário apto para as grandes empresas, mas sinto orgulho quando isso acontece."

CONSULTORIA VÊ DETALHES
"Temos uma vantagem de concorrer com empresas maiores, porque o custo administrativo é menor. Nem queremos expandir muito, inchar, porque aí fica mais difícil. Chegamos a ter sessenta funcionários, e era uma dificuldade ganhar uma concorrência. Hoje, temos menos funcionários, que trabalham em melhores condições do que nos anos anteriores.
Nós faturávamos mais, mas gastávamos também muito mais. Essa foi a principal parte em que o pessoal do SEBRAE/SP deu uma assistência para nós. É importante ter consultoria, pois eles vêem detalhes que nos escapam. O importante é que eles nos abrem os olhos para pequenas coisas fundamentais, nas áreas em que estamos cometendo erros. Uma das orientações do SEBRAE/SP foi abrir o leque de clientes - antes, trabalhávamos apenas para a Volkswagen. Outra, foi enxugar o número de funcionários e partir para a terceirização.
Hoje, os orçamentos estão mais em conta. Antigamente, o pessoal queria ganhar muito. Hoje, pagamos pelos antigos empresários. Todo mundo acha que o empresário está numa boa, ganha dinheiro, que num orçamento ele está ganhando 50 ou 60%, o que não é verdade."


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