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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 217 (02/06/1996)

Caçador Vê Oportunidade Escondida

Empresário precisa de mercado. Para ser bem sucedido, ele deve ficar atento aos sinais, às oportunidades estocadas, às dicas dos clientes, aos espaços que se abrem e às perspectivas criadas por eventos novos - como avanços tecnológicos, abertura comercial, hábitos de consumo etc. Quem fica confinado a um padrão preestabelecido pode acabar sucumbindo à crise gerada pelo próprio imobilismo.
Essa é uma tarefa para pessoas que estão determinadas a vencer obstáculos, superando os próprios limites, como acontece com José Wagner Caetano da Silva, ex-dono de lanchonete e ex-vendedor de máquinas de escrever que, no início dos anos 80, herdou uma oficina mecânica. Sua primeira providência foi fazer curso do Senai à noite para aprender como funcionava um motor a explosão. A partir desse pequeno patrimônio, ele conseguiu vislumbrar uma série de oportunidades.
Para começar, adquiriu uma empresa especializada em reposição de vidros para automóveis e, junto à sua oficina, fundou a Emílio e Koga Peças e Serviços, conhecida na avenida Lins de Vasconcelos, na Vila Mariana, como "a tradicional Koga Vidros" - Tel.: (011) 571-3982. Especializou-se em serviços como a colocação de vidros elétricos e, num depósito que tinha em frente ao seu estabelecimento, acabou montando uma sorveteria self-service, que é administrada pela sua esposa e sua cunhada. Mas ele quer mais, como conta no depoimento a seguir.

UMA HERANÇA VIÁVEL
"Meu pai morreu em 1983, e ninguém na família quis tocar a oficina. Vim, então, para cá, no comecinho de 1984, pois achei o negócio viável e tinha uma boa freguesia. No começo de 1986, ela virou Emílio e Koga, pois o senhor Shiro Koga era muito amigo do meu pai e incentivou essa compra. Ele me passou o estoque, o know-how, a mão-de-obra e os fregueses. Naquela época, o vidro elétrico estava entrando no mercado. Resolvi desenvolver o que chamam hoje de vidro elétrico alternativo, que é a implantação desse sistema num carro que vem da fábrica com o tradicional vidro movido a manivela.
Muitos fabricantes entraram no mercado, e eu vi que tinha pouca gente consertando. Hoje, essa é a parte de maior faturamento da empresa. Faço serviços para as concessionárias, que mandam seus carros aqui, e também implantamos adaptações para os importados. Para esse trabalho, conto com o apoio de nove colaboradores. Fiz vários cursos do SEBRAE/SP, como gerenciamento, administração, formação de preço, controle de estoque, entre outros.
A troca de vidros desaqueceu-se bastante, depois que diminuíram os furtos de toca-fitas, pois, com a entrada dos importados, os preços desse segmento caíram bastante."

O VÔO DA SORVETERIA
"Faço a seguinte analogia: estou num campo de caça, atiço o meu cachorro toda hora e levanta vôo uma porção de coisas. Eu procuro acertar. Voou lá um funileiro: começo, então, a fazer funilaria e pintura na minha oficina. De repente, o negócio é repor retrovisores, e eu digo: é nessa que eu vou. Tem que ter olhos de caçador, olhos de lince para o mercado e, se alguém fala alguma coisa, é preciso escutar.
Por exemplo: em frente à oficina existe um espaço que eu mantinha como depósito. A parte de tornearia era lá, ela começou a ficar muito cara e eu me decidi desfazer dela e montar um negócio. Pensa, repensa, faz, desfaz. Resolvi fazer uma lojinha, instalar um balcãozinho. Quando o piso estava pronto e um pintor começou a trabalhar, um vizinho imaginou uma sorveteria naquele local. E falou cinco minutos. Foi o suficiente para levantar a caça, que subiu na hora. Tanto é que a sorveteria está lá agora.
Passei tudo para minha mulher, que pegou a irmã dela como sócia e tem o apoio do cunhado. Eu fico aqui com o meu negócio, mas nada me impede que eu também, vamos dizer, fique vislumbrando esse campo daquele lado. O olho está lá para alguma oportunidade. Já andei fazendo algumas pesquisas em praça de alimentação, de feira, da Bienal. Sorvete é um produto fácil de vender, tem boa rentabilidade e é fácil controlar um estoque."

COOPERATIVA NA LINS
"Costumo anunciar em jornal e acho que os empresários desta região da Lins de Vasconcelos deveriam unir-se para fazer promoções conjuntas, identificar esse trecho da avenida com comércio e serviços de qualidade. Pode-se criar um apelo num determinado setor, como fazem na 25 de Março ou na Santa Ifigênia. A gente poderia fazer um clube de lojas, uma cooperativa, anunciando em cada loja os serviços dos outros. Inclusive uma identificação dessas serviria como referencial urbano.
Mas as tentativas não deram muito certo. É como malhar em ferro frio. Até decoração de Natal é difícil de decidir. Acho que estamos precisando de um pouquinho de liderança. Existe muita desconfiança entre os empresários. Essa falta de iniciativa é que acaba gerando crise. É como uma febre: se você se deixa abater, acaba fechando as portas. Se você tem problemas de fluxo de caixa, está com seu contas a pagar estourado, precisa enfrentar o gerente de banco, isso tudo atrapalha a criatividade para vender, que é a finalidade do negócio. Com um trabalho conjunto em publicidade, diminuiria os custos de todo mundo. Acho que vou voltar à carga e propor novamente essa solução para meus colegas desta região."


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