Como Sentar sem Sentir dor na Coluna
Manter
a espinha ereta é o desafio de quem sofre da coluna ou trabalha o tempo
todo sentado. Como as cadeiras comuns já provaram que são fonte
de desconforto e de dor nas costas, numerosas soluções têm
sido tentadas para resolver esse problema. Uma delas é iniciativa de
Henri Yacoub, libanês imigrante que veio de outro ramo, o das confecções,
e que, por motivos pessoais, foi levado a apostar numa nova maneira de sentar,
já testada em outros países. A cadeira ergonômica que ele
desenvolveu em parceria com terapeutas, pesquisadores, empresários e
clientes adapta-se aos ângulos do corpo, em vez de forçá-lo
a assumir posturas artificiais.
A Vertik, como foi batizada, procura manter a postura correta e natural de quando
estamos de pé. Ela tem, no fundo, o mesmo objetivo das crianças
que equilibram a cadeira nas duas pernas da frente ou das pessoas que ficam
horas de cócoras: aliviar a pressão nas costas. Fabricada em estrutura
tubular e assento em tecido pela QC Indústria Metalúrgica Ltda. - e-mail: [email protected] - Tel.: (11) 4028-1140 -, não tem encosto e pode ser utilizada de
duas maneiras: a tradicional, com os pés apoiados no chão, ou
com os pés para trás e os joelhos levemente apoiados num encosto
que fica na frente, num nível abaixo do quadril, que é ligado
ao banco por tubos curvos, de forma a imitar uma cadeira de balanço.
Nessa posição, é possível executar tarefas de escritório
de maneira agradável. Yacoub fala sobre essa idéia no depoimento
a seguir.
UMA SOLUÇÃO ALTERNATIVA
"Sofri um acidente e tive que fazer os tratamentos tradicionais, fisioterapêuticos,
muito conhecidos, até que entrei em contato com a técnica criada
pela americana Ida Rolfing, que é uma massagem que trabalha com os tecidos
profundos. Com a ajuda de um terapeuta dessa linha, pude, então, conhecer
o banquinho e a cadeira que, a princípio, eram muito rústicos,
feitos de madeira, sem a solidez que exibem atualmente. Pela minha necessidade,
por limitações de um acidente, fui conhecendo esses produtos alternativos.
Descobrimos que o banquinho era utilizado em terapia corporal no Chile e no
México e em algumas escolas de ioga, em lugares que oferecem alternativas
fora da medicina normal, em casos considerados sem solução. Pesquisamos
sobre RPG, Reorganização Postural Integrada, uma terapia específica
de sentar corretamente numa cadeira, de como devemos posicionar-nos em relação
a um determinado serviço.
Quando conheci a cadeira ergonômica, percebi que as pessoas não
precisariam mais estar transformando os móveis de suas casas, nem do
escritório, para poder trabalhar com certo conforto. Daí para
a frente começamos, junto com amigos terapeutas, a fabricar a cadeira
num nível artesanal. Ao mesmo tempo, desenvolvemos o produto durante
catorze anos, junto com pesquisadores da USP e da Unicamp e com apoio de quatrocentas
pessoas na linha de fisioterapia, terapia corporal, do-in, shiatsu. Chegamos
a uma cadeira ergonômica fisioterapêutica, que alinha as vértebras
e fortalece a musculatura. É um resultado de várias associações,
de várias parcerias."
l MAIS MERCADO Estamos, agora, desenvolvendo a Vertik 2000, que tem encosto e é
uma cadeira de balanço, sempre em movimento. Esse modelo começou
a ser estudado dois anos atrás, por terapeutas e por leigos, que testam
o produto. Acho que esse modelo vai agradar mais as pessoas. Mas o nosso primeiro
modelo, sem encosto, pode ser encontrado, hoje, a preços que variam entre
R$ 99 e R$ 109 em clínicas, livrarias, entrepostos naturais e lojas especializadas,
como a Casa Fretin, em São Paulo. Estamos produzindo, por enquanto, numa
faixa de 100 a 150 unidades por mês.
Conseguimos sair do nível artesanal para o industrial, graças
à ajuda do SEBRAE/SP, que nos encaminhou para uma parceria com a QC Indústria
Metalúrgica, localizada em Salto, interior de São Paulo. Eles
queriam fazer um produto que não tivesse tanta concorrência, e
nós procurávamos uma indústria. Eu, simplesmente, passei
a filosofia, os conceitos básicos, o que compunha os elementos de conforto
e proteção, e eles puderam acrescentar alguns dados, a nível
de engenharia industrial de tubos e tornar a cadeira mais barata, mais firme
e com uma qualidade realmente incomparável.
Estamos, agora, buscando novamente a ajuda do SEBRAE para conseguir representantes
em todo o Brasil, em lojas normais, que vendam cadeiras. Nossa intenção
é ampliar o mercado, dando opção para quem quiser buscar
uma terapia, enquanto está trabalhando. Temos grandes clientes, como
as editoras Abril, Azul e Globo, o Banco de Boston, entre outros.
NOVOS PRODUTOS "Estamos desenvolvendo outros produtos da mesma linha e também
buscando novas alternativas de custo, pois gostaria que a Vertik custasse mais
barato. Uma pessoa usou o mesmo conceito para desenvolver carteiras escolares.
Acreditamos que essa cadeira tem mercado junto a instituições
federais e estaduais, mas, nessa área escolar, é difícil
alguém querer investir em novas cadeiras. Eles gostam da idéia,
mas não existe apoio financeiro para que isso ocorra.
Se possível, queremos somar conhecimentos e experiências desses
anos todos com outros, para que mais pessoas venham a se beneficiar desses produtos."
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