A Engorda dos Investimentos Coletivos
A recente Medida Provisória nº 1.637, ao regulamentar a fiscalização e a supervisão dos mercados de investimentos coletivos - a exemplo do que já acontece com a pecuária e originou a providência governamental -, abre amplas possibilidades de novos nichos desse tipo de negócio em variados segmentos da produção, especialmente a agroindústria, alavancando fortemente tais atividades. Além disso, conferindo transparência às parcerias, incentiva, também, o redirecionamento de recursos da especulação financeira para a finalidade legítima de apoio à produção, verdadeiramente. Essa regulamentação atende a sugestão da empresa pioneira nesse tipo de negócio, Fazendas Reunidas Boi Gordo (FRBG) - Tel.: (11) 3159-5199 -, conforme relata, em depoimento exclusivo, seu presidente, o empresário Paulo Roberto de Andrade. Originário da pecuária, há dez anos iniciou o desbravamento desse mercado, convertendo sua idéia pioneira - participação, na pecuária, de pessoas sem know-how ou tempo para administrar pessoalmente o empreendimento - num grande e promissor negócio, transformando 43 parceiros e 310 cabeças de gado iniciais em 13 mil e quase 140 mil bois, atualmente, em 48 fazendas próprias ou arrendadas. A seguir, o seu depoimento.
"FAZENDEIROS DO ASFALTO"
"Em 1988, entendi que somente incorporando os últimos avanços mundiais em zootecnia e administração seria possível aproveitar o enorme potencial brasileiro em agribusiness. O problema era a insuficiência de recursos dos descapitalizados pecuaristas agravada pela inexistência de linhas de crédito oficiais e pelos juros exorbitantes embutidos nos financiamentos bancários. Notei, então, o fascínio que a produção rural despertava nos amigos e conhecidos das grandes cidades, em função das raízes rurais de muitos deles ou porque o campo representasse um antídoto imaginário à atribulada vida urbana. O contingente de 'fazendeiros do asfalto' não parou de crescer ao direcionar esse estado de espírito para uma nova modalidade de parceria, alicerçada na aquisição de bois magros que, durante certo período, são criados em nossas fazendas e, ao final, vendidos e o parceiro tem seu lucro baseado na cotação do dia da arroba (fornecida pelo sindicato da categoria). O contrato garante-lhe uma engorda mínima de 42% sobre arrobas líquidas adquiridas no período, bem como a reposição do animal em caso de morte ou de qualquer problema que impeça a engorda."
GANHO EM ARROBAS
"A proposta da FRBG é de garantia mínima de engorda. O parceiro tem opção de adquirir à vista ou em parcelas de lotes fechados ou abertos de bezerros ou bois magros. A engorda e a comercialização são responsabilidade da empresa. Em contrato parcelado de dezoito meses, por exemplo, o parceiro compra, a preço de mercado do dia, no mínimo um boi magro mensalmente. A partir do 19º mês, ele passa a ter direito a resgates mensais de valor equivalente ao número de arrobas adquiridas somado à engorda. A alternativa é adquirir à vista um lote mínimo de trinta animais (ou 300 arrobas) e também resgatá-lo dezoito meses após com aquele mesmo índice de engorda assegurado em contrato. É óbvio que procuramos orientar o parceiro para que a compra e a venda sejam feitas num bom momento, pois, sendo seu sócio, meu interesse, também, é lucrar. Quando encaminho o boi dele (e meu) ao matadouro, se o preço estiver lá embaixo, não obstante a engorda, há baixa valorização e ambos perdemos."
TECNOLOGIA DE PONTA VIABILIZA OPERAÇÃO
"Não há milagre. O que viabiliza o empreendimento é a adoção de tecnologia de ponta, abrangendo o moderno sistema de confinamento intensivo, que permitiu não só economia de 36% nos custos totais da engorda como também a redução do seu prazo; o emprego de ração especial de fabricação própria, segundo processo desenvolvido no Chile; e o melhoramento genético do rebanho. Hoje, somos recordistas mundial em engorda de bois, com um ganho de 2,6 kg por dia, enquanto a pecuária nacional obtém 1,2 kg. Para salvaguardar o interesse dos parceiros, acabamos de ter atendida solicitação de regulamentação oficial desse mercado e a fiscalização da nossa e das demais empresas que seguiram nossos passos. Para maior transparência, antecipamo-nos à legislação e já estamos trabalhando com auditoria independente, a Trevisan e Associados, para auditar as arrobas já resgatadas que, atualmente, já ultrapassam os 4 milhões de arrobas."
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