Aliança para o Crescimento
Atualmente, o termo associativismo vai muito além da antiga idéia de montar cooperativas setoriais capazes apenas de unir esforços para facilitar a comercialização junto aos mercados consumidores ou a aquisição de insumos junto aos fornecedores. Apesar de a concorrência entre negócios do mesmo ramo estar cada vez mais acirrada em razão das exigências da economia globalizada, existe hoje uma relação de troca de informações que traz muitos benefícios às empresas, com a finalidade de nivelar e atualizar todos os segmentos com as mais recentes tendências e tecnologias disponíveis, buscando solucionar os problemas em comum. Um bom exemplo nesse sentido é a pequena indústria moveleira que está recebendo ajuda com a formação de um Arranjo Produtivo Local (APL Metropolitana de Móveis), coordenado pelo Sebrae-SP. Quem fala sobre os benefícios dessa iniciativa é Valtenor Aparecido da Silva, um dos sócios-diretores da SJMD Marcenaria & Decorações - e-mail: [email protected] - Tel.: (11) 5622-1197. Em depoimento exclusivo, ele relata como surgiu a oportunidade de trabalhar nesse setor e de que forma aprendeu a empreender, aproveitando as parcerias que buscam o desenvolvimento sustentável das pequenas empresas.
ESTACA ZERO
"A oportunidade de empreender no segmento de marcenarias surgiu no começo de 1993 por causa do meu sogro, que tinha uma sociedade com dois outros empreendedores do ramo. Eles acabaram se separando e eu recebi um convite para abrirmos uma nova empresa partindo do zero. Na época, eu era gerente de uma pequena rede de mercados, mas aceitei o desafio e comecei a trabalhar na marcenaria. De lá para cá, venho trabalhando nisso e, agora, estou assumindo a administração da empresa por inteiro. Aprendi muito durante todos esses anos, porque, em uma empresa pequena, o dono tem que participar de todo o processo, incluindo a criação e a execução do serviço. Para isso, é preciso conhecer de tudo um pouco, construir, vender e projetar. Tudo fica na mão do dirigente empresarial, o que algumas vezes atrapalha o crescimento do negócio, mas não tem outro jeito. O lado bom é que conhecemos a empresa desde o gerente de recursos humanos até os faxineiros".
PARCERIAS
"No momento, estamos procurando parcerias junto com entidades de classe. Estamos trabalhando agora com a APL Metropolitana de Móveis, que se trata de um arranjo produtivo local, ou seja, uma associação de várias empresas do mesmo ramo que se reúnem e tentam achar soluções para problemas que são comuns entre elas. É quase uma cooperativa, só que procuramos nos ajudar em termos de gestão e atualização. Nós procuramos discutir os problemas do segmento e unificar forças. Estamos participando de cursos de capacitação empresarial, e vamos entrar com consultoria. É uma ótima iniciativa do Sebrae-SP, porque sozinho o empresário pequeno não tem poder e, quem não se unir a outros, vai passar por grandes dificuldades. Nessa segunda fase, estamos com 28 empresas e queremos chegar a atingir 40. O pessoal da APL anterior já conseguiu montar uma linha de produção e foi visitar uma feira na Itália. Hoje, já existe um modelo de linha de produção que futuramente poderemos aproveitar'.
EQUILÍBRIO
"Muitos empresários ainda vêem o concorrente como um inimigo, mas é preciso mudar essa visão. Eu já fui visitar a fábrica de alguns colegas e eles já vieram aqui. Dessa forma, é possível ver os acertos e os erros de cada um e, assim, conseguimos engrenar como segmento. O mercado é grande, é diversificado e dá para todos trabalharem. Por isso, os concorrentes devem ser encarados como aliados e parceiros. À medida que passamos know how para eles, eles também nos repassam o deles. Isso equilibra e dá uma uniformidade ao processo de produção e de comercialização. O interessante do mercado globalizado é o acesso rápido aos produtos e às tendências mundiais por meio da Internet. Com base nessas informações, conseguimos rapidamente verificar essas tendências e focar primeiro em um novo serviço, quer dizer, lançar antes no mercado um diferencial, porque agora estamos todos nivelados por cima, pois a qualidade passou a ser um item normal e comum a todas as empresas".
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