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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 260 (30/03/1997)

Especialista em Sobrevivência

Já se tornou lugar-comum afirmar que o pequeno empresário não está encontrando uma saída, um caminho para sobreviver. Os jornais especializados estão abarrotados de informações sobre as numerosas micro e pequenas empresas em concordata, falindo ou simplesmente fechando as portas. Contrapondo-se a essa situação dramática, vê-se o outro lado, o das igualmente numerosas empresas que estão sendo abertas pelos empregados saídos das multinacionais e grandes empresas que, cada vez mais, estão automatizando-se e fechando postos de trabalho. Se o governo não abandonar o discurso vazio de que há bilhões de reais (que ninguém sabe onde estão...) supostamente à disposição das pequenas empresas e fizer efetivamente surgir o dinheiro, a juros razoáveis, a existência delas estará condenada. Quem apresenta, em depoimento exclusivo, com exemplo próprio dessa situação difícil e uma estratégia para viabilizar sua empresa, é uma "especialista em sobrevivência", Antoinette Riskallah Kanaan, diretora-geral da Mikropar Indústria e Comércio Ltda. - Tel.: (11) 496-3596 -, indústria paulistana de parafusos especiais.

MUDANÇA DE VOCAÇÃO
"Nossa empresa começou em 13 de fevereiro de 1973 como fabricante de prensas horizontais para a produção de rebites. Alguns anos depois, esse negócio tornou-se inviável, devido às dificuldades típicas de um fabricante de máquinas no Brasil e partimos para a produção de parafusos especiais, um nicho que descobrimos ao pesquisar o mercado, abandonando a fabricação das máquinas. Paradoxalmente, a única concorrência que enfrentamos é de nossos maiores clientes, as multinacionais, que nos ameaçam com a importação do produto diretamente de suas matrizes, a preços geralmente 30% mais baixos. Conseguimos até pouco tempo anular tais pressões, comprovando que a qualidade dos parafusos da Mikropar é superior à de um excelente fornecedor estrangeiro. Importei um lote de tradicional fornecedor alemão, homologado há cinqüenta anos, e encaminhei algumas amostras ao cliente multinacional sem identificar a origem, solicitando alguns testes laboratoriais. Resultado: o produto estrangeiro foi rejeitado, devido a diversas discrepâncias, como dimensão, medida etc."

A "PROTEÇÃO" DO SIMILAR NACIONAL
"Mesmo como diretora do Simpi e servindo de cobaia, demorei quatro meses para obter financiamento do Banco do Brasil para importação de uma máquina que agilizaria a produção elevando a produtividade. Gastei tempo e dinheiro e não obtive da Abimaq/Sindimaq parecer atestando a inexistência de similar nacional, que me isentaria do ICMS. Também não consegui descobrir o tal similar. Tive, então, de recolher R$ 3,5 mil de ICMS, já paguei integralmente a máquina e, apesar de estar no porto de Santos desde o dia 6 de dezembro passado, devido a essas marchas e contramarchas e à excessiva burocracia, ainda não pude desembaraçá-la. Só quando comprovar que a máquina está na fábrica é que serão liberados os R$ 14 mil que ainda tenho presos no Banco do Brasil. Não dispondo, ainda, do equipamento, precisei dispensar os operários das furadeiras, por falta de equipamento, não consegui expandir a produção, o que evitaria que Portugal e Cingapura colocassem seus parafusos especiais aqui e aumentassem o desemprego. De quebra, ainda perdemos uma grande concorrência."

ESTRATÉGIA PARA SOBREVIVER
"Após avaliação das possibilidades do meu ramo, defini, então, uma estratégia numa derradeira tentativa de sobrevivência. Em abril, irei à Europa para dar prosseguimento a contatos já iniciados com multinacionais dispostas a estabelecer parceria com a Mikropar, para promover maior automação e negociar o fornecimento de matérias-primas a preços mais baixos. Além disso, estou considerando como inevitável a importação de parafusos especiais da Itália e da Espanha, que são de precisão, de boa qualidade e muito mais baratos que os nacionais. Não podendo competir com o produto estrangeiro, em vez de fabricar parafusos, vou importá-los e comercializá-los aqui. Infelizmente, serei também forçada a reduzir mais o quadro de pessoal, na tentativa de ganhar mais algum fôlego para não fechar as portas."


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