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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 372 (23/05/1999)

O Cliente Nem Sempre Tem Razão

Prestar bom atendimento ao consumidor faz parte da estratégia de marketing de qualquer empresa na disputa de um mercado competitivo. Prestar informações, esclarecer dúvidas, ouvir sugestões e reclamações já se tornaram atividades rotineiras no dia-a-dia empresarial. Porém, é preciso estar atento aos chamados "falsos lesados", ou seja, pessoas que atuam muitas vezes de forma premeditada, com o objetivo de obter vantagens financeiras em cima de situações criadas para incriminar as organizações. As mais atingidas pertencem aos segmentos que lidam com produtos ou serviços diretamente ligados ao corpo, como alimentos, cosméticos e remédios. A idéia preconcebida do consumidor enquanto vítima acaba massificando e desvirtuando o tratamento jurídico dado a esses casos, o que colabora para que crimes de extorsão contra as empresas se tornem cada vez mais comuns. Em depoimento exclusivo, Antônio Sérgio Pitombo - www.moraespitombo.com.br, advogado criminal especialista na área de direitos econômicos, orienta como se deve proceder diante de tentativas de golpes dessa natureza.

PÉSSIMO NEGÓCIO
"Logo em seguida à introdução do Código de Defesa do Consumidor no Brasil, surgiu a imagem do consumidor como um hipossuficiente, ou seja, aquele que está sempre de boa fé perante uma empresa reclamando de um produto ou serviço. Acontece que a experiência no decorrer dos últimos sete anos tem mostrado que essa condição de inocente por diversas vezes não condiz com a realidade dos casos, pois muita gente passou a se apropriar até mesmo de maneira premeditada dessa imagem para dar golpes, alegando uma pretensa reclamação para fazer uma série de exigências ilícitas, uma espécie de chantagem. Isso levou algumas organizações a ceder à extorsão desonesta, em razão principalmente do prejuízo institucional, o que é muito grave, porque, quando abrem esse tipo de precedente, não têm mais paz. Fazer acordos dessa natureza, sem garantia judicial alguma, parece ser uma forma de resolver a questão, mas, na verdade, significa abrir uma porta para novas exigências que certamente virão com o tempo e com as informações que transpassam as fronteiras da empresa."

CONTATO INICIAL
"Quando foram criados os departamentos de atendimento ao consumidor, isso repercutiu de forma simpática para a imagem da empresa. No entanto, esse momento inicial pode conter uma fraude, o que requer muito cuidado na escolha desses profissionais. Quem atende o consumidor tem que ter muita malícia, pois, por trás desse primeiro contato, já se percebe o que vai acontecer. A máxima da administração de que o cliente tem sempre razão é uma bobagem, um absurdo, uma vez que um simples manuseio errado pode danificar o produto. Teorias como essa precisam ser revistas de forma racional. É muito difícil traçar o perfil das pessoas que se estão aproveitando dessa idéia, sendo mais fácil observar o comportamento delas. Quem deseja fazer somente uma reclamação logo se satisfaz com o esclarecimento e com o tratamento dado pela empresa, enquanto outros só criam problemas continuamente, por meio de exigências. O sujeito não quer ver a solução, mas sim uma vantagem econômica de imediato, demonstrando agressividade. Nesses casos, ele deixa de reclamar para exigir, e essa mudança de postura pode dar o indício do problema."

COMO SE DEFENDER
"A vantagem para os golpistas está em atacar os pequenos e médios empresários, que estão menos preparados para enfrentar a questão. Em vez de obter muito dinheiro com uma grande fraude, que exige um grau elevado de sofisticação, aplicar uma seqüência de pequenos golpes é mais fácil, além de chamar menos a atenção. Em primeiro lugar, essas empresas não devem hipervalorizar a reclamação nem tratar o consumidor como um semideus, embora ele deva ser atendido com educação. A recomendação nesse sentido é ouvir objetivamente a queixa e montar uma ficha, pedindo sempre para que a pessoa envie sua reclamação por escrito. Também para evitar a hipervalorização e propiciar certo distanciamento, o problema não deve ser tratado pelo próprio dono da empresa, mas sim por um representante bem orientado sobre o assunto. As relações formais costumam ser muito saudáveis e inibidoras da idéia de obter vantagem. Se houve realmente um erro, o que acontece, o problema tem que ser resolvido, mas todo o processo tem de ser formalizado. Quando se percebe que a situação está tomando outro rumo, é preciso procurar auxílio e, se a configuração de fraude for gritante, até mesmo ir à polícia."


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