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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 394 (24/10/1999)

Sem Tempo para Reinventar

Enquanto entidades de apoio às micro e pequenas empresas reúnem-se para descobrir novas formas de repensar o incentivo a esses negócios, a realidade mostra que os nossos empresários já não suportam mais a situação em que se encontra a economia brasileira. Pela primeira vez, em outubro deste ano, foi comemorado o dia da pequena empresa no Brasil, com divulgação ampla pela imprensa. A lembrança é merecida e bastante oportuna, uma vez que depende dessas organizações a geração de empregos e, conseqüentemente, a retomada do desenvolvimento do País. O problema é que não basta homenagear diante do momento crítico que estamos atravessando. Resta saber quantas empresas ainda estarão vivas para comemorar o segundo ano dessa homenagem. Muitas já não possuem mais tempo hábil para esperar soluções que ainda estão sendo reinventadas. Em depoimento exclusivo, Antonio Lima, proprietário da Madeireira Jovino de Melo - Tel.: (13) 222-7724, com três lojas em Santos/SP, faz um relato comovente da luta diária pela sobrevivência imposta a milhares de empresários como ele.

NA CORDA BAMBA
"Vai longe o tempo de ganhar dinheiro. Hoje, as coisas estão tão difíceis que é tudo na base do vendendo no almoço para comprar o jantar, o que desvia a atenção do negócio e acaba gerando nervosismo e pressão para todos. Como o serviço de marcenaria ficou muito caro para o mercado, minha clientela divide-se entre 30% de marceneiros e 70% de curiosos que se dispõem a fazer o serviço sozinhos. Eles compram as peças e a ferragem em geral, e nós cortamos as peças na medida certa da necessidade desse consumidor, fornecendo atendimento e opiniões profissionais em caso de dúvidas, pois sou um profissional de marcenaria. Quando implantei essa idéia de vender peças sob medida por aqui, as outras lojas do segmento foram atrás. Estou esforçando-me para sobreviver por meio da criatividade, ou seja, modificando e oferecendo serviços originais que vêm da observação atenta àquilo que ainda não está disponível na praça."

COMUNICAÇÃO
"Só nessa região já fecharam quatro estabelecimentos que trabalhavam com produtos e serviços de marcenaria. Creio que o diferencial que está garantindo a minha permanência está em ficar à disposição do cliente o tempo todo, para ajudá-lo a encontrar a melhor solução. Esse diálogo é muito importante, porque hoje em dia o negócio é ser comunicativo. Alguns empresários fecham-se nos seus escritórios, criam barreiras e esquecem-se de que existe uma empresa. O cliente quer sempre ser atendido pelo dono e sente-se mais seguro e confiante para fechar o negócio quando trata diretamente com ele. Bater nas costas, tomar um café e conversar para chegar a um acordo fazem parte do comércio atualmente, assim como proteger-se da inadimplência. Para isso, utilizo o serviço da Serasa, pois não dá mais para trabalhar sem consulta do jeito que está o mercado. Outra preocupação é com a falta de competência dos empregados. As leis trabalhistas estão muito favoráveis a eles. Enquanto não acabar essa proteção, não vamos desenvolver-nos, e o desemprego, que está tão alto, não é tanto pela falta de serviço. O empregador hoje pensa duas vezes antes de contratar um funcionário para a sua empresa."

PARALISAÇÃO
"Os meses de agosto e setembro foram os piores dos últimos cinco anos, e não há como prever o que vai acontecer até o final do ano. Creio que chegou a hora de todo mundo parar para ver como fica, pequenos, médios e grandes empresários. Seria uma reunião geral, de todos os setores, porque aumentam o combustível, a luz, os salários, ou seja, os custos fixos, e nada de a gente crescer. O governo só vê a parte dele, e nós não podemos repassar os custos para o cliente, porque ele não está podendo comprar nem assim, não tem mais negócio. Não adianta aumentar os preços, pois já estamos vendendo material mais barato para ver se a situação melhora. Mesmo com estrutura bem montada, estoques diversificados e clientela cativa há anos, dá vontade de vender tudo e mudar para uma região mais próspera. O mercado da construção civil, que é o primeiro estimulador de trabalho, envolvendo madeira, ferro, tintas e uma série de outros produtos e serviços, está sendo muito prejudicado pela crise atual."


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