O Detalhe Que Conquista
Os especialistas em administração e em gerenciamento não se cansam de indicar a tecnologia e a qualidade como os fatores determinantes do sucesso empresarial na economia globalizada. Sem dúvida nenhuma, fica difícil imaginar uma empresa bem-sucedida nos dias de hoje que não esteja em dia com os avanços tecnológicos ou que não seja capaz de oferecer boas opções aos seus clientes. Porém, o mercado exige muito mais do que isso, dando sempre preferência àqueles que se preocupam em conquistar seu espaço pelo cuidado visual na apresentação de produtos e de ambientes comerciais. Essa é a tônica da mensagem de Roberto Duailibi, diretor da DPZ Propaganda www.dpz.com.br , em depoimento exclusivo.
DESIGN
"A atitude comodista de empresários que se contentam com aquilo que estão ganhando, sem grandes ambições, com medo de investir, de abrir a sociedade, vai deixando-os para trás, o que é uma pena. O comércio é algo muito dinâmico, é preciso estar atento o tempo todo com o objetivo de chamar a atenção, de se tornar conhecido, de saber como chegar com mais intensidade e com maior freqüência aos consumidores. Uma área fundamental que é muito negligenciada nesse sentido é a do design, e foi por onde as organizações estrangeiras começaram a atacar as brasileiras. É impressionante a quantidade de produtos mal projetados industrialmente em nível nacional. No que se refere à identificação visual, muitas vezes as empresas investem na aquisição das melhores máquinas, têm acesso a feiras no exterior, treinam toda uma equipe de vendas, mas se esquecem dessa parte estética, porque não é uma tradição cultural nossa. Viemos de uma cultura em que a floresta era chamada de mato, e de lá vinham todos os perigos, o que tornou os jardins um luxo da aristocracia européia. A preocupação ambiental ainda é uma idéia recente por aqui."
PRECONCEITO
"Muita gente perde-se por não valorizar aquilo que é bonito e agradável esteticamente. Existe até mesmo uma espécie de preconceito no Brasil de que uma loja bonita amedronta o consumidor, o que acabou causando a proliferação de botecos e de pequenos comércios de mau aspecto. Por mais pobres e menos educadas que sejam, as pessoas têm uma apreciação inata pela beleza, é próprio da criatura humana. Quem optou pelo caminho da valorização da aparência, das cores, do nome, da marca, do logotipo, da fachada, certamente se deu bem. Trata-se de um investimento importante e que não custa muito, basta ter bom gosto. Além disso, o empresário deve ter um controle preciso dos seus custos, o que está cada vez mais fácil por causa das planilhas eletrônicas, visando oferecer, com segurança, um bom serviço a um preço competitivo. Esse é outro aspecto a ser explorado, pois as diferenças de preço que observamos de uma loja para outra só são possíveis exatamente pela falta de informação e pelo isolamento provocado pela cultura inflacionária. Uma nação se faz por meio da sua moeda, e, se nós tivermos uma moeda forte o suficiente numa inflação controlada, como já estamos tendo, vamos mudar os hábitos do comércio drasticamente."
DISTRIBUIÇÃO
"As verbas investidas nas atrações dos portais eletrônicos já constituem, somadas, a segunda maior verba brasileira depois do próprio varejo, mas a grande revolução será quando o e-commerce se espalhar por todo o território. Ninguém está prestando muita atenção à área de distribuição, que vai crescer na mesma velocidade, gerando emprego para milhões de pessoas. Nós corremos um sério risco aqui de ter um monopólio nessa área com a aprovação da Lei Postal. Aí sim, vai haver um gargalo terrível, que pode ser um desastre para o futuro do País. Se querem impedir que as empresas estrangeiras dominem o setor, então que tomem medidas específicas para favorecer as organizações brasileiras. Principalmente no caso de economias em desenvolvimento como a nossa, os interesses nacionais têm que ser preservados, mas não à custa de monopólio e muito menos de uma empresa pública, pois esse não é o caminho que imaginamos para o Brasil."
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