A Lógica do Transporte Sem Fronteiras
Ninguém melhor do que o empresário nacional para conhecer a complexidade da logística brasileira e tirar proveito disso na competição com as empresas estrangeiras. Numa era em que as iniciativas que delimitam fronteiras regionais estão com os dias contados, essa vantagem pode ser o grande diferencial para o crescimento econômico. Quem defende, em depoimento exclusivo, a importância de fortalecer as empresas brasileiras sem impor restrições de nenhuma espécie, é José Carlos Solimeo, diretor-geral da Bax Global do Brasil Ltda. - Tel.: (11) 3044-0099.
RASTREAMENTO ELETRÔNICO
"Com a globalização da economia, o mercado de transportes tem mudado seu posicionamento. Antes, as empresas restringiam-se a entregar cargas a um agente que as repassava para uma companhia aérea. A partir da introdução de conceitos como supply chain management (cadeia de suprimentos), suprimentos just in time, cada vez mais as organizações estão buscando fornecedores integrados, que possam assisti-las desde o planejamento do fluxo do material até a distribuição do produto acabado. Já temos clientes para os quais fazemos o follow up de fornecedores no exterior, a coleta junto do fornecedor, levamos o material para centros operacionais onde reembalamos se necessário, colocamos em navios ou aviões, providenciamos a liberação alfandegária e cuidamos de entregar direto na fábrica ou no armazém. Nosso enfoque básico é resolver a necessidade de movimentação deles, seja no controle da matéria-prima, seja na entrega ao consumidor final, doméstica ou fora do País. Para isso, desenvolvemos um procedimentos de part number, que seria o controle pelo código da peça, e não mais pela remessa, descendo ao nível do detalhe do componente para que o pedido possa ser rastreado a qualquer momento e em qualquer lugar do mundo via Internet."
TERCEIRIZAÇÃO
"O tipo mais freqüente de trabalho que realizamos com pequenas empresas ou filiais de multinacionais consiste em atuar como se fôssemos o departamento de comércio exterior terceirizado. Se o cliente está com dificuldade para seguir a legislação, de entender qual a melhor maneira de ultrapassar todas essas barreiras que, infelizmente, ainda são muitas na burocracia brasileira, nós agimos como uma extensão da empresa para solucionar esses problemas. O cliente de hoje quer reduzir seus estoques, receber os componentes na última hora e colocar rapidamente no mercado aquilo que já está pronto. É a chamada economia de estoque. Muitas empresas conseguem embarcar e providenciar a documentação necessária, mas poucas são capazes de fazer o rastreamento detalhado da porta do fornecedor à porta do consumidor, o que exige um investimento muito grande em tecnologia. O serviço da Bax Global transcende a sua própria frota e caracteriza-se por ser multimodal, pois, quando existe uma solução melhor, nós vamos buscá-la. Estamos presentes em 123 países e atuamos com a filosofia de buscar parcerias fortes com transportadoras locais que literalmente conhecem o caminho das pedras, visando garantir rapidez e eficiência na entrega."
NA CONTRAMÃO
"O empresário brasileiro ainda não se deu conta de que, para competir no mercado internacional, precisa ter tradição, vocação e conhecimento. Ele só parte para o mercado externo quando o mercado interno apresenta problemas, e costuma abandonar o primeiro quando a economia doméstica está fortalecida. Isso prejudica a imagem do Brasil e compromete a continuidade das relações de comércio exterior. O País como um todo precisa definir uma política de exportação e implementá-la de maneira coerente e contínua. A chegada do e-commerce causou uma revolução muito grande nas indústrias de transporte ou de logística, exigindo que esse setor esteja sempre à frente das necessidades do mercado. Nesse sentido, o projeto de lei que pretende centralizar o controle da distribuição no Brasil nas mãos do correio chega a ser preocupante. Temos participado de movimentos para esclarecer o quão nefasta, prejudicial e perigosa essa proposta pode ser para todos nós. Enquanto a tendência mundial caminha para as privatizações, para a iniciativa privada, isso vai na contramão. É preciso valorizar a empresa brasileira, dando todas as condições a ela de competir em nível internacional, diminuindo o custo Brasil e reduzindo os impostos para que o País também possa ter as suas multinacionais."
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